Como se vindos do nada meus pensamentos voaram sobre o Recife nas noites de solidão e de farra. Trouxeram lembranças de velhos amigos, cheiros de mangues, luzes amarrotadas das avenidas, olhares de mulheres e crianças tristes, e o grito de guerra do meu Sport. O Recife se fez gente. Trouxe até mim as mulheres, amigos de bebedeira, poesia e tudo que pudesse apaziguar a mente que não se cansa de pensar. Assim nasceu a palavra vinda de minha rocha.
terça-feira, 21 de julho de 2009
NOVOS RUMOS
Tempo de chumbo e quartelada
Homens encapuzados de vigia.
Mestres ensinando a lição errada:
“Fardados são a nossa salvação”.
Passei gritando todo esse tempo
E eles permanecem roubando
Ainda hoje todo o possível futuro.
As fardas ainda fazem procissão
E profissão de fé nos morticínios.
Passei raspando e por um triz...
Mãe, quase morro! E perdi o trem!
Na estação dos anos de chumbo
Permanecem resquícios fumarentos
Das fardas torturantes e esquivas
A matar os verões e as primaveras.
O trem ligeiro passou na estação.
Eles se esconderam em sobretudos
De inocentes e salvadores da pátria.
Agora estão rindo em dosséis de ouro.
Eles que me fizeram ser o que sou hoje.
Eles que fizeram o trem correr demais.
E nem dizem os nomes dos mortos
Pela minha glória e salvação terrena.
E nem pedem os perdões precisos
Às viúvas e aos filhos chorosos das vidas
E de tantos trens perdidos
Pelas estações de nosso antanho.
Ah, meu pai! Espero por outro trem
Sem fumaça e sem ter os fardados.
Ah, minha mãe! Espero outro trem
Para visitar tua terra de flores
E dizer aos nossos pobres mortos
Como existem vivos lutando a vida.
Vivos a buscar a essência deles todos.
Vivos, meu pai! Vivos, minha mãe!
Prontos para novos rumos, novas lutas.
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© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife
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