terça-feira, 1 de abril de 2008

UMA MENTIRA NADA ENGRAÇADA


Depois da democratização do Brasil, os livros de história entram nas salas de aula falando de uma época negra sem definir claramente o significado daquele tempo. Os estudantes de hoje, dos cursos médio e fundamental, não chegam a colocar em suas mentes a real verdade da mentira mais sem graça que aconteceu em nossa pátria em 1º de abril de 1964 e que durou mais de vinte anos. Na realidade, a expressão Governo Militar devia ser um termo para se tornar maldito imediatamente. Ainda que conhecer a fundo esse período seja essencial para que tal fato não se repita outra vez, tanto em termos de gente fardada, como em termos de civis que só pretendem enriquecer utilizando meios escusos. E esses existem! E os que apoiaram aquele governo das trevas ainda estão por aí e prontos para cair outra vez em cima da ordem democrática constituída, famélicos como são.

E agora? O que vem a ser Governo Militar? Será que poderíamos dizer que o governo de Lula é Governo Metalúrgico? Se o presidente eleito fosse Pelé seria o Governo Futebolístico? No tempo de FHC era Governo Sociológico? Mas assim esses termos se tornam chulos o suficiente para se notar que não se vive em um país real, mas em uma república avacalhada. O conceito de governo militar existe. Esse tipo de governo está ligado a tempos de guerra, quando tropas de ocupação tomam conta de territórios inimigos. Os EUA logo após a sua famosa Guerra de Secessão estiveram sob um governo militar, até a normalidade política ser restaurada. Mas é bastante diferente do que aconteceu no Brasil a partir de 1º de abril de 1964.

As Forças Armadas não restauraram coisa nenhuma. Apenas tomaram o poder para benefício dos seus títeres. E para prejuízo do povo brasileiro. Quando as coisas começaram a ficar péssimas para eles, depois de muita ruindade para a nação, os milicos foram saindo de fininho, entregando o poder aos civis, e buscando um cantinho calmo de tal forma que não pagassem pelos seus pecados, assassinatos e torturas, realidades cruéis. Saíram do governo com as mãos tintas de sangue, mas sem pedir desculpas.

Não houve nenhum Governo Militar no Brasil. Houve sim, uma ditadura de homens fardados, que usavam as estrelas postas nos ombros para fazê-las brilhar diante do colonialismo ianque e para aterrorizar o povo brasileiro que naquele tempo, como também ainda hoje, luta bravamente para melhorar suas condições de vida, de saúde, de educação, de segurança. Como ainda hoje, época que se diz democratizada, vemos falta de segurança pública, saúde sucateada, educação sem futuro. Mas os civis que estão no poder possuem todo tipo de assistência de saúde da mais alta categoria, seus filhos estudam em escolas de primeira linha porque eles têm alto poder aquisitivo, e no tocante à segurança não faltam guarda-costas devidamente paramentados para tomar conta da liturgia da vida deles.

Mas voltando ao antes, a partir de 1964 até 1985 foram apenas títeres que governaram o Brasil naquela época negra, e eles nem sequer deviam ser lembrados nos livros de história. As ações aberrantes que trouxeram à luz fizeram apenas atrasar ainda mais o desenvolvimento do país em termos quantitativos e qualitativos.

O outro termo, pior ainda, a que se refere muitos livros é o de Revolução de 1964. Essa é a maior piada da história brasileira. Pelo que sei revolução é feita pelo povo e para que os bens do país sejam entregues ao povo e não às forças castrenses. Assim como ocorreu na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Rússia, foi o povo que derrubou os governos tirânicos e se dispôs a governar por bem ou por mal suas terras. Na América Latina, são poucos os exemplos de revolução verdadeira. Governo militar pelo que entendo é uma coisa nefasta para qualquer país. Revolução Militar para ajudar ao povo só existe na mente de homens ambiciosos que ainda vivem por essa pátria afora apoiados por civis inconseqüentes e admiradores de mentiras que nada têm de engraçadas para o sofredor povo brasileiro.

O Brasil depois de 1º de abril de 1964 em vez de progredir, regrediu ao estado de uma republiqueta latino-americana. O pior de tudo é ler hoje notícias da época em editoriais jornalísticos e observar como seus autores se deixavam levar pela mentira do dia anterior e gritavam a altos brados tal como fez a Tribuna da Imprensa em seu editorial do dia 2 de abril daquele ano:
(...) além de canalhas, covardes. E além de covardes, cínicos. E além de cínicos, pusilânimes. E além de pusilânimes, desonestos. Bravatearam, fingiram-se machões, disseram que fariam isto e aquilo, mas aos primeiros tiros saíram correndo espavoridos e ainda estão correndo até agora. Alguns, como Aragão, Assis Brasil, Crisanto de Figueiredo, Arraes, Cunha Melo, como todo o rebotalho comunista, não serão encontrados tão cedo. (...)

No entanto, esses homens que aí estão, em particular Miguel Arraes entraram na história brasileira idolatrados pelo povo. Arraes voltou a ser governo pela mão do povo. E não foi condenado pelo povo, e não era covarde como um jornal desse tipo apregoou em seu editorial. Covardes foram os que tomaram o poder sem pedir licença à população, sob a justificativa bisonha e piadista de que estavam salvando o país do perigo comunista. O maior perigo, a maior covardia, porém, vinha dos quartéis e das loucas ações dos títeres Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Augusto Rademaker, Márcio de Sousa e Melo, Aurélio de Lira Tavares, Ernesto Geisel, João Baptista de Oliveira Figueiredo, Amaury Kruel e muitos civis aproveitadores e mentirosos de primeira linha do horrendo 1º de abril de 1964. Esses nomes deviam sair dos livros de história, deviam ser citados como tiranos e traidores da democracia e não salvadores dela, pois foi esse o rebotalho da pátria. Que nunca mais tal fato ocorra.

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