quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

LITERATURA, LIVROS, FILOSOFIA, IDEIAS

Agora, depois das festas carnavalescas em todo o mundo é que o ano 2012 começa de verdade. O que tratar neste início de novo tempo humano? Sobre qual assunto agradável ou polêmico para escrever aqui neste espaço? Que tal falarmos naquela transfiguração do real, ou seja, o que o artista cria por meio de seu espírito e imaginação, transmitindo através da língua para os gêneros?

Através da literatura, dos personagens dos livros e da filosofia, passamos a viver numa outra dimensão, muito além da nossa própria realidade. A realidade primitiva se perde quando o escritor e o filósofo põem no papel suas ideias e nasce outra realidade de acordo com a imaginação de quem a escreveu. Na verdade, o escritor, o poeta, o artista plástico dedicam suas vidas ao que não é real, mas que reside dentro deles, dentro de suas diversidades humanas. Assim, a busca pelo conhecimento é insana. Porque conhecimento é poder.

Quando se busca o conhecimento os homens são capazes de fazer magia. Tal como escrever um livro e liberar personagens. O livro é um ser libertário e seu conteúdo nos remete a diversos rumos dentro de nossas mentes e cria também muitas fantasias. Por tais motivos, ele foi perseguido duramente por todos que pretendiam incutir no homem o pensamento único. Ditaduras do pensamento colocaram no fogo muitos livros, querendo incutir na mente humana uma só ideia, mas felizmente não conseguiram ter sucesso nessa empreitada, pois, o homem, o leitor na busca da magia do conhecimento, busca sempre a diversidade.

Que tal diversificarmos nossa viagem e mergulharmos na leitura de Fahrenheit 451, livro escrito por Ray Bradbury? Em Fahrenheit 451, as pessoas viviam num tempo em que as casas eram todas iguais e ligadas a um sistema de televisão. Os cidadãos não tinham o direito de ler. Todos os livros eram queimados e os seus donos sentenciados à morte. O livro apresenta o mundo como um lugar distópico, seguindo a linha de outras obras também nossas conhecidas - 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.

Na realidade, tratando-se de literatura sabemos quanto o livro luta contra a ditadura do pensamento. Ele não pode ser único e contar uma só história para simplesmente “lavar” as mentes humanas, visando um determinado fim catequético. Sim, porque a ditadura deseja não somente controlar o corpo das pessoas, mas se apossar da mente e da consciência delas. Em Fahrenheit 451, com a proibição da leitura, as pessoas ficavam à mercê da propaganda do Estado. Mas um grupo de pessoas começa a resistir, decorando livros inteiros, para passá-los às outras. Tornam-se assim bibliotecas vivas. E é isso que os manipuladores da mente humana detestam, entre eles, o Estado Autoritário e as religiões. Esses desejam apenas acabar com o direito humano de pensar.

Abonados somos todos nós que temos o prazer de possuir livros e mais livros em suas todas diversidades dentro dos espaços de nossas casas. Abonados somos nós que podemos sair de uma Ilha do Tesouro, de Stevenson, e mergulhar em Anos de Tormenta, de A. J. Cronin, depois de uma passagem pela Utopia, de Tomás Morus, ou de um mergulho nas Vinte Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne. Abonados ainda mais são aqueles que adormecem tendo ao lado o libertador de suas fantasias mais excitantes: o livro.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O CARNAVAL ESTÁ NAS RUAS

Mais um Carnaval! A festa mais esperada do ano está de volta. As chaves das principais cidades brasileiras estão agora nas mãos do Rei Momo. Em Pernambuco, o povo solta-se ao ritmo do frevo e ao batuque do maracatu. No Rio de Janeiro, as lágrimas derramadas em 2011, e mais recentemente, serão enxugadas no Sambódromo, ao ritmo do samba. Em Salvador, esperemos que todos os santos da terra negra acordem e que os irmãos baianos saiam mais uma vez correndo felizes atrás dos trios elétricos.
 

Desde que 2011 chegou ao fim que as mentes de homens e mulheres do Brasil estão voltadas para a folia de Momo. O sangue dionisíaco e libertino corre nas veias dos habitantes da terra brasílica. Parece até que nossas vidas dependem dessa algazarra que começa oficialmente no sábado, 18 de fevereiro. No Recife, a apoteose do Galo da Madrugada – o maior bloco carnavalesco do mundo – abre alas para a criatividade e a alegria humana nesse dia.

Carnaval no Brasil serve como uma válvula de escape para os problemas do cotidiano. Carnaval no Brasil é um tempo para o povo liberar a adrenalina e reinar soberano sobre seus governantes. Carnaval no Brasil é tempo de paixão. Amor e sexo misturam-se. São fugazes e passageiros, claro, mas é no Carnaval que seus prazeres são mais constantes e libertos dos preconceitos e discriminações.

Os catastrofistas lembram que falta pouco tempo e este será o último carnaval do planeta antes do fim do mundo, de acordo com a profecia maia. Então, meus camaradas, se o mundo que conhecemos vai acabar de fato, o que estamos a fazer aqui parados? Vamos nos esbaldar em nossas paixões! Vamos cair no samba! Vamos rebolar e saracotear ao ritmo do maracatu! Vamos frevar, ferver! Nada mais nos restará? Restará, sim. Restará a certeza de que não perdemos tempo e curtimos até o fim a vida.

O Carnaval de Pernambuco, particularmente o do Recife, tem história cultural vinda de tempos muito longínquos. A burguesia tentou sempre fazer com que o Carnaval recifense ficasse restrito às elites. Os seus clubes Cavalheiros da Época, Cavalheiros de Satanás, Nove e Meia do Arraial, Conspiradores Infernais, Fantoches do Recife abrilhantavam o reinado momesco pelas ruas da capital pernambucana com cortejos de carros alegóricos. Com o passar dos tempos a cultura carnavalesca do Recife ganhou novos rumos para felicidade geral da população pernambucana.

Os chamados clubes do povão nascidos no Recife, inspirados no decano Caiadores (1886), adotaram por nomenclatura termos evocativos do trabalho com o qual estavam acostumados a lidar: Vassourinhas (1889), Pás (1890), Lenhadores (1897), Vasculhadores, Espanadores, Abanadores, Empalhadores, Ciscadores, Carpinteiros, Marceneiros, Sapateiros, Funileiros, Pescadores, Charuteiros, Talhadores, Suineiros da Matinha, Engomadeiras, Quitandeiras de São José, Chaleiras de São José, Parteiras de São José, Costureiras de Saco, Caixeiras, Cigarreiras do Recife, Cigarreiras Revoltosas, Talhadores em Greve, Malhadores em Greve, Mocidade Operária, Lavadeiras e outros. Muitos já se extinguiram. Vassourinhas, Pás, Lenhadores, Lavadeiras de Areias continuam vivos.

De repente, eis Sua Majestade, o frevo. O ritmo veio da troca espontânea entre os despretensiosos e ágeis foliões e as orquestras de metal, geralmente formadas por bandas marciais. Aos poucos foram sendo criadas as marchas carnavalescas. Sempre na rua, sob o delirar dos corpos suados, seguindo-se os dobrados de inspiração militar, polcas, maxixes, quadrilhas e modinhas. Todos esses ritmos foram nascendo entre os anos de 1905 e 1915, ganhando novas formas e combinações e deles saiu o frevo pernambucano, embora a música ainda não fosse assim chamada. Num crescendo, o Carnaval do Recife alcançou os tempos de hoje. São tempos modernos, mas a Sua Majestade, o frevo, continua a reinar. O alucinante ritmo, nascido da alma do povo, já é totalmente consagrado como símbolo da identidade cultural pernambucana. Para sempre!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

RABISCOS PARA UMA EXPLICAÇÃO DE AMOR


Tudo que conquisto eu mereço
E do amor que ofereço
Trago o brinde do começo
Sem esperar seu fim.
Sonho iluminado que atravessa
Todos os caminhos da promessa
E que nunca cessa
De brilhar dentro de mim.

Não sei se verás como ele vem.
Será que verás o seu também?
Mas não obrigarei ninguém
A sentir igual a mim.
Por isso eu quero agora
Ter você a toda hora
Sem esperar a aurora
Pois eu não penso em partir.



Portanto estarei presente
No seu abraço quente
Ou num beijo diferente
A dizer como sonhar.
Você sentirá minha alma pura
Cancelando qualquer velha amargura
Ouvindo com emoção a minha jura:
É tão maravilhoso amar!

Você terá de aceitar essa verdade.
Irei fazer o maior alarde
Pois não quero chegar tarde
A lhe envolver no anseio meu.
Eu sei o quanto ele vale a pena
Como agora nesta canção pequena
Rabiscada naquela noite amena
Quando sua ternura me envolveu.

Pode acreditar: serei a sua planta
Mesmo a seca no Nordeste sendo tanta
E os falsos líderes digam: Não adianta
Tentar sequer plantar.
Serei seu caso de nordestinado
Mandacaru alado
Solo esturricado
Para você irrigar.

E pássaro num voo libertino
Vou ao encontro do seu destino
Escrevo pelos poros nosso hino
E rabisco de amor a explicação:
Mulher Nordeste, viva nos meus braços.
Mulher Recife, vem voar nos meus espaços.
Você envolta em coloridos laços
Para fazer feliz meu coração.

............................
Uma raridade minha - escrita no Recife, no ano de 1986.
@Copyright by Rafael Rocha

sábado, 4 de fevereiro de 2012

CORAÇÃO NA MÃO


O amor nada ofertou
Na paralisação do mundo
Ainda existe embargo ao redor
De mim

Um tempo existe perdido
No campo sem cor da saudade
Nesse estranho e profundo precipício
Da vida

Continuo a abrir os braços
Mendicante eterno de um sonhar
Vivo o presente nesse espaço
De fim

Voa, alma cega, voa ave humana!
Leva na mão o coração partido
E canta a ilusão a desandar
No peito

Um pária só em meu desterro
Sem pátria e sem amores
Deixo as lágrimas a deslizar
No rosto.

Saber realista o dia agora
Fumar um cigarro, beber um vinho
Sou apenas um poeta sem história
Escrita

E coração partido na tua mão
Engaiolo a vida dentro da vida
Ainda busco o calor do abraço
De algum mundo

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@Copyright by Rafael Rocha - Recife, 4 de fevereiro de 2012

ODE DO TEMPO

Há um tempo preciso
Para desprezar outro tempo
Para escrever outros versos
Quase iguais aos momentos
Da velha solidão

Há um tempo necessário
Para nos tornarmos vários
Para amar um grão de areia
E dançar sob a força dos ventos
Da antiga solidão



Há um tempo comovido
Para chorarmos o que fomos
Para o sonho a se esvair
E a sumir no tempo como névoa
Na mais grave solidão

Há um tempo sem tempo
Para ser o mais novo tempo
Para adormecer com nossa carne
Antes dela sumir e ser terra
Na eterna solidão

Há um tempo impreciso
Para nascer em outro tempo
De outros versos sem motivos
Para definir os tormentos
Da minha solidão.
....................................
@ Copyright by Rafael Rocha – Recife 4 de fevereiro de 2012-02-04

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

ANSEIOS


 Se eu tiver anseios de voar à lua
Terei de criar um míssil de estrelas
Alçando voo tenho de sabê-las
Para a rima não sair tão crua
Dentro da paisagem noturnal.

Sem a rima farei uma viagem
No farrapo de um velho cometa
Centelhando em busca de uma meta
Do tesouro sem ouro ou miragem
Qualquer coisa natural.

A lua poderá ser o corpo leve
Da mulher que um dia acondicionou
Meu nome, meu sexo e meu amor
Abrindo alas à chuva e à neve
Para a paixão outonal.

De Ícaro ganharei asas modernas
A esta sede de voar na emoção
De uma nova e límpida canção
O tempo novo e as almas hodiernas
Marcam o caminho do final.

Tendo anseios de voar à noite
Com asas macias e mais leves
Da poesia dessas coisas breves
Homem estarei sempre em pernoite
No teu corpo, minha amada casual.

Canta em mim o vício da paixão
E a máxima de quando é se entregar
Na vertigem do prazer de amar
Gosto de perder a razão
E ser eterno, único e total.
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@Copyright by Rafael Rocha – Recife, 03 de fevereiro de 2012