domingo, 18 de setembro de 2011

LOUCA OBSESSÃO

Pensando no teu corpo eu canto um velho fado
Levo o meu sangue a escorrer a teu lado
Invisível e esperando ameigar a paixão.
A saudade obriga a carne a elevar um brado
Ainda que me chamem de velho safado
Pretendo degustar os sabores de tua amplidão.

Mulher a habitar meus sonhos mais inteiros
Suaves espaços de suor, de pelos e de cheiros
Estás viva nos meus versos em louca obsessão.
Mulher da flor cativa odorosa aos canteiros
Dos seios, das axilas, das coxas e ligeiros
Desejos de sexo insano a criar louco tesão.

Pensando em tua boca carnuda eu derramo
A teu anseio maluco de querer saber se eu amo
Ou se apenas estou a plantar uma ilusão.
Mulher a fazer delirar tudo que eu chamo.
Dá-me o bramido retumbante que reclamo:
- Vinde a mim saciar essa fome de paixão!

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@Copyright by Rafael Rocha Neto - Recife, 17 de setembro de 2011

REPULSÃO

Tenho repulsão às vozes dos poetas incoerentes
Orando desvairados ao pé de cruzes e de imagens
No mundo e neste agora eles vivem tão-somente
Às fantasias de cristos, espíritos santos e miragens.
Não buscam ver a realidade milenar do mundo
E cantam nas entrelinhas as odes mais sacrossantas
Imenso é o medo de morrer e mergulhar no fundo
Do ódio do deus que rege seus versos de pilantras.

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@Copyright by Rafael Rocha Neto - Recife, 17 de setembro de 2011

AINDA

Ainda que tarde eu acorde o mundo espera.
Ainda que eu não saiba aonde me leva a vida.
Ainda que as traças da morte vivam à espreita
Não sei o quanto do acordar virá de mim.

Ainda que o sol bata na janela e mostre a luz.
Ainda que o calor da manhã queira despertar-me.
Ainda que a preguiça domine os átomos corporais
Não sei quanto o viver de mim é assinalado.

Os chinelos esperam meus pés ao pé do leito
Numa pergunta muda: aonde hoje vais me levar?
Gosto de estradas planas e de terras molhadas
Para proteger dedos e artelhos no teu caminhar.

Ainda que o dia esteja à espera do meu corpo.
Ainda que a pele respire o mais intenso ar.
Ainda que a solidão esteja cruel, viva e presente.
Os versos não pretendem nada mais do que voar.

Ainda que o tempo traga frêmitos equivocados.
Ainda que o amor dê-se a tornar-se um ludibrio.
Ainda que precise retomar velhos pensamentos.
Não sei o quanto de mim está aqui aprisionado.

Molho o corpo nas águas mornas do chuveiro
Numa pergunta líquida: onde posso mergulhar?
Gosto da vida e de suas etapas descontroladas
Gosto de ser eu mesmo. Gosto de me amar.

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@Copyright by Rafael Rocha Neto - Recife, 17 de setembro de 2011