quarta-feira, 30 de março de 2011

A MENTIRA VESTIU FARDA EM 1º DE ABRIL DE 1964

O Dia da Mentira surgiu na França em razão da mudança na data da festa de Ano Novo, que antes era comemorada no dia 25 de março e, tendo a duração de uma semana, terminava no dia 1º de abril. Após a implantação do calendário gregoriano, o rei Carlos IX escolheu o dia 1º de janeiro para ser o início do ano. Porém, muitas pessoas não gostaram da mudança e continuaram fazendo suas festas na data antiga. Naquela época, as notícias demoravam muito para chegar às pessoas, fato que atrapalhou demais a mudança. Portanto, elas passaram a fazer brincadeiras e gozações com aquelas consideradas conservadoras, enviando-lhes presentes estranhos ou convites para festas que não ocorreriam.

Assim, a data passou a ser duvidosa, pois os resistentes nunca sabiam se tais convites eram verdadeiros ou não. Duzentos anos mais tarde essas brincadeiras se espalharam por todo o mundo, ficando a data mais conhecida como o Dia da Mentira. Na França seu nome é
"poisson d'avril" e na Itália esse dia é conhecido como "pesce d'aprile", ambos significando peixe de abril. Pernambuco foi o primeiro Estado do Brasil a adotar a brincadeira, quando da circulação de um jornal chamado "A Mentira", em 1º de abril de 1848, tendo como notícia o falecimento de D. Pedro II. A notícia, como se sabe, foi desmentida no dia seguinte.

É assim que vemos o quanto a mentira é uma coisa bastante velha na política nacional. No fim de tudo, ela foi definitivamente incorporada ao nosso calendário, não devido à brincadeira feita pelo jornal
"A Mentira" em 1848, mas em época muito mais recente. O Dia da Mentira sempre foi seguido no país como algo para se brincar uns com outros tal e qual se fazia em todas as partes do mundo, até que no dia 1º de abril de 1964 homens fardados unidos a determinados setores civis e a corporações capitalistas estrangeiras institucionalizaram a data.

E é este dia que pretendemos lembrar aqui. A data negra da história brasileira forjada nos quartéis e por civis locupletados com o capitalismo internacional e com o imperialismo ianque. Esta é uma data que jamais deve ser esquecida. É uma data verdadeira onde aconteceu algo horrendamente verdadeiro, criado por pessoas verdadeiras que levaram a nação brasileira durante mais de 20 anos a ver seus patriotas, jovens e velhos, homens e mulheres, serem perseguidos, assassinados, torturados e vigiados pelos usurpadores do poder democrático. A mentira era o que eles pregavam. Mentiam quando diziam defender os ideais democráticos. Falsearam até a data do golpe, repuxando-a para o 31 de Março no intuito de iludir a população.

O Primeiro de Abril de 1964 não pode ser lembrado como uma data para ser devidamente esquecida. Os problemas que estamos a sofrer na pele, hoje, tais como a violência, saúde sucateada, educação estrangulada e outros, têm ligação direta com o golpe militar que extinguiu a nossa engatinhante democracia da época, e com os 21 anos da ditadura dos homens fardados que prenderam, arrebentaram, mataram e torturaram. E enquanto torturavam e assassinavam os idealistas, apenas porque estes sonhavam com um país democrático, os títeres civis e os castrenses buscavam agradar às corporações estrangeiras, estas sim as grandes beneficiadas com o golpe.

A sociedade brasileira foi enganada durante anos pelos militares e civis golpistas. Eles falseavam tudo, fingiam e divulgavam que nada estava acontecendo de ruim no país e para isso tiveram a mídia como cúmplice. Tal mídia, quando não se calava por conta própria ou ficava ao lado dos títeres, era calada pela censura. Se hoje vivemos em um país mais democrático, o mérito todo é daqueles que lutaram pela legalidade, muitos sendo assassinados, torturados e perseguidos nos anos de chumbo iniciados em 1º de abril de 1964. Portanto, essa história nunca deve ser esquecida. Temos de repassá-la para nossos filhos e estes para nossos netos. Eles devem saber de tudo para que tal fato não mais se repita e para que possamos construir nossa história futura conhecendo bem o nosso passado.

Não custa nada, para finalizar, citar aqui a frase dita por Hannah Arendt:
"Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a dizer o que acontece..."

segunda-feira, 28 de março de 2011

ZOMBARIA

Um deus ameaçador e assassino
Cria um destino para a criatura:
Se a raça humana tiver o desatino
De nele descrer é uma raça impura.

Ele diz: “Sou uno, sou o verdadeiro!
Dos mil deuses do mundo sou o real”.
Mata o filho na cruz como o primeiro
Torturado à verdade de seu mal.

Para o homem cria paraíso e inferno
Diz: “As ruindades da vida são tua culpa!”
Tal grande deus sempre tem desculpa.

Mata inocentes! Proclama sua bondade!
Cria castigos e decreta a insanidade
E ri e zomba! Este é nosso pai eterno!

segunda-feira, 21 de março de 2011

IMPERIALISMO ENTRA EM AÇÃO NA LÍBIA

Transparente como água os últimos acontecimentos do Oriente Médio. Não há necessidade de ficarmos estupefatos. O monstro do imperialismo continua a agir. Os media faltam com a verdade. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas atua como era de se esperar, com a defesa máxima do império ianque e de seus apaniguados. Ao aprovar a criação de uma zona de exclusão aérea e medidas outras de força, a ONU mostra sua verdadeira cara. Ela apóia o ataque dos imperialistas para derrotar a revolução dos povos árabes. Simplesmente isso!

Jamais, em tempo algum, a ONU foi um exemplo de organismo neutro. Jamais, em tempo algum, a ONU defendeu os direitos humanos no mundo. A ONU, na realidade, representa os interesses imperialistas dos ianques e da Europa. Para mexer com as nossas lembranças não custa nada que recordemos as intervenções ocorridas no Afeganistão, no Iraque, no Haiti, na Iugoslávia etc.

A bola da vez agora é a Líbia. Exatamente quando a revolução popular dos povos árabes entra em erupção, os imperialistas ianques e europeus entram em ação para enterrá-la de uma vez por todas. Tudo com a desculpa de que o povo líbio deve ser protegido do massacre que o ditador Muammar Khadafi pretende realizar. Tudo mentira. Sim, mentira, porque Khadafi era até há pouco tempo aliado do imperialismo, bem como outros ditadores do mundo árabe. Que tal incluir nesse compêndio os da Arábia Saudita, Bahrein ou Emirados Árabes Unidos, sem esquecer os recentemente derrubados Mubarak, do Egito, e Ben Ali, da Tunísia?

O interesse do imperialismo na Líbia não é difícil de descobrir. Ora, a Líbia é somente o terceiro maior produtor de petróleo da África, dirão os especialistas em História. Mas eles esquecem que a Líbia possui as maiores reservas do continente em matéria de petróleo. Assinalemos: 44,3 bilhões de barris. A Líbia é um país com potencial para dar enormes lucros às gigantescas companhias petrolíferas. É assim que os imperialistas encaram este país. É o petróleo que está por trás da apregoada preocupação com os direitos democráticos do povo líbio.

Os barões do petróleo - ligado aos ianques - não pretendem obter concessões de Khadafi. Isso é pouco para eles. Eles querem apenas e apenas e apenas um governo sob a dominação total deles. O baronato do petróleo jamais esqueceu que Khadafi derrubou a monarquia e nacionalizou o petróleo líbio. Vale lembrar, também, a reflexão do camarada Fidel, quando salientou em sua coluna
Reflexõeso apetite do imperialismo por petróleo e advertiu que os ianques estavam a lançar as bases para a intervenção militar na Líbia.

A revolução árabe é uma coisa. A intervenção imperialista é outra. Antes da data de hoje os métodos policiais utilizados pelos regimes ditatoriais do Oriente Médio, entre os quais o chefiado por Khadafi, nunca despertaram qualquer reparo por parte dos governos imperialistas. Pelo contrário, eram úteis no sentido de defenderem os seus interesses na região. Esta é a mesma lógica que permite ao imperialismo ianque apoiar o estado fascista de Israel, inclusive o bombardeamento de Gaza em 2009, quando morreram centenas de civis.

Os humanistas e os progressistas têm simpatia com a revolução árabe. Todos desejam que os povos árabes alcancem suas liberdades e enterrem para sempre as ditaduras em que viveram, junto com seus títeres. Mas rejeitam a intervenção imperialista, seja qual for a forma que ela assuma. A intervenção imperialista na Líbia é inaceitável. O povo da Líbia e o povo árabe é quem deve decidir seus futuros.