sábado, 24 de agosto de 2013

MÁSCARAS



Da opressão de velhos tempos
Sai às ruas o homem inseguro.
Os covardes põem máscaras
E afagam as vozes dos tiranos.
Da opressão de velhos tempos
A lição não foi aprendida.
Os oprimidos escondem-se dos instantes.
Não é deles a letra da vingança.

Os covardes escondem a cara ao mundo
Dizendo-se seres anárquicos sem ser o que dizem.
Fazem planos debaixo das cores do dólar
Criando guerrilhas nas mãos dos ingênuos.
Nós precisamos recordar!
Nós temos cicatrizes!

Saiam da sombra os reais humanos da verdade!
Saiam da escuridão os verdadeiros oprimidos!
Gritemos o nunca seremos vencidos!
Não podemos entregar a liberdade aos loucos!

Máscaras para quê?
A covardia dos tiranos faz a festa.
E os idiotas saem às ruas
Sem saber o verdadeiro combate.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 23 de agosto de 2013

ESQUECER


Meu amigo...
Minha amiga...
Não respondam à carta escrita em anos mortos.
Não a respondam nunca!
Fiz perguntas sem sentido
Na busca de ser feliz.
Eu não sabia
Meu amigo...
Minha amiga...
Ambos também buscavam as respostas
Às perguntas absurdas da vida
Iguais àquelas que eu fiz.

Amigos...
Vivemos e percorremos tempos
Ganhamos paz e a perdemos
Ao desejar a vida o tanto e quanto
Aquilo que soubemos
Do amor habitado e inesquecível
Dentro de nossos pensamentos
Amigos...
Nem notamos o tempo passando
O tempo jamais e nunca duradouro
Das nossas essências.

Meu amigo...
Minha amiga...
Esqueçam as palavras e as perguntas!
Deixemo-las voando ao vento!
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 23 de agosto de 2013

VOO LIVRE



Cresço...
Ao lado do meu amigo de mesa de bar.
Cresço...
Ao lado do bêbado a dormir na calçada.
Cresço...
Ao lado da puta a oferecer o corpo.
Cresço
Ao lado de todos os meus segredos.

Sim! Ainda continuo a povoar a vida
Voando ao lado do pássaro livre no céu.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 23 de agosto de 2013

EXISTÊNCIA


Existem braços para abraços.
Existem bocas para beijos.
Existem pés para os caminhos
Das andanças contumazes
No buscar o abrigo inesperado.
Existem palavras a beijar.
Existem corpos nus a criar
Lugares de esperança.

A mulher existe. É inesperada.
É canção. É flor. É poesia.
Existe no caminho dos sonhos.
A criança existe. É ansiada.
É a vivacidade do perfume
O verso do homem envelhecido
Sentindo as rugas em nascimento
E sendo apenas um novo menino.

Existem letras para o papel.
Para o mármore funéreo.
Existem vozes e palavras
A transportar ideias e sons.
Ao silêncio da última estrofe
O poeta traz sua revelação:
Existe a dor dentro da canção!
Existe ilusão dentro do verso!
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 23 de agosto de 2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

CISCO



Vendo a fumaça fazer suas espirais
Enchendo o copo com cerveja à borda
O poeta sente a imbecilidade da horda
Dos hipócritas vazios e débeis mentais.
Inexpressivas gentes! Pessoas ocas!
Ratos esperando abandonar o navio!
Dizem-se saudáveis e são todas loucas!
Pedras musguentas às margens do rio!

Ai de mim! Ai de todos os pensadores!
Ai daqueles a conviver com tais senhores
Amantes da mentira e de um deus adoradores.
Ai de mim! Adoraria ser agora um corisco
Para afastar do corpo com apenas um risco
Tanta gente oca! Tirar do olhar o cisco!
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 23 de agosto de 2013

ANÚNCIO




Aqui
Ponho meus traços
Meu lirismo de aprendiz
Meus anseios detalhados
Buscando novos abraços
E coisas que nunca fiz
Trago os versos desatados
Em meneios de quadris
De uma bela morena
Com olhos tão infantis
Toda de alma serena.

Aqui
Retrato a ternura
Do ser da terra do mangue
Versículos descontrolados
Na fuga da amargura
Viagem do meu velho sangue
À terra dos naufragados
E de um poema exangue
Ao corpo da linda mulher
Na espera que se estanque
A dor que não mais se quer

Aqui
Nem sei donde venho
Para onde vou eu não sei
Levo a vida tatuada
Às estranhas que as tenho
Na terra onde enterrei
O verso da desvairada
Escrito como um desenho
(Outro tanto eu arruinei)
Não sei mais se obtenho
O sonho! E eu o procurei!

Aqui
Declino o ultimato
Abrindo de vez os braços
Deglutindo esse veneno
Antes do último ato
Sei tanto desses espaços
Quanto me sei de pequeno
Vão só se apagar as luzes
Eu findarei mais sereno
Pois sei o quanto seduzes
Com esse teu amor pequeno.

Aqui ponho
Aqui fico
Aqui sonho...
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 23 de agosto de 2013

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

IMAGINAÇÃO



Poderia dizer eu te amo
E escrever uma canção para tal amor.

Porém,
És o mistério ameigado em mim
Sonho ao qual não posso dar fim.

Somente
Meu pensamento poderá viver o sonho
E mergulhar em teus precipícios

Esse amor aparece assim tardiamente
Cresce assim avassaladoramente
O que mais posso escrever?
Nem sei concatenar a ideia comum:

Sentir o teu olhar dentro do meu olhar
Saber que também tens o desejo
De sentir-me homem a viajar dentro de ti.
De sentir-se mulher dentro de mim.

Não posso ir mais além dessa vereda
E nada podes saber e desejar

Sim,
Poderia dizer eu te amo
Imaginando-me no caminho de tuas mãos.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 21 de junho de 2013

GUARDIÃO



No coração existe um espaço escondido
Para guardar lembranças de amor
Até mesmo o sonho incompreendido.

No coração existe outra dimensão
Onde se pode arquivar alguma dor
E as causas maiores da ilusão

Saber onde se acha esse espaço
Só quem possui a chave da paixão:
Prazer envolto em beijos e abraços

Tenho um sonho arquivado em coração
Onde em grande silêncio satisfaço
Teu beijo anônimo na minha escuridão.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 21 de agosto de 2013

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

VELHO FADO

Eis a noite no seu escuro imperfeito
De braços dados às cores da paixão
O rebate do sentimento acha o peito
De quem navega por outra dimensão

Tal como eu e a poesia destemida
Nua! Poderosa! Em complexa dor!
A dar-se em timidez desconhecida
À noite vária sem pejo ou temor.

Assim faça o meu poema a ciência
Do ser noturno vampiresco alado
Em seu valor e em sua eloquência

E possa enfim escrever o amor calado
Sem omitir nenhuma experiência
Da tristeza ao cantar um velho fado.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 5 de agosto de 2013

PARCELA

Jamais pensei, ó amada
Perder teu beijo na boca
Sentir o quanto eras louca
Para ser minha mulher
E se fazer de safada
Desvario insano gemer
Como se a vida fosse pouca
E ainda por conhecer

O prazer está bem guardado
No teu ventre onde miro
Meu anseio alucinado
De onde meu sonho tiro
E em meus delírios lamento
O coito já malogrado
Por ter sentido o tormento
De apenas ser teu passado  

Mas nesse vai vem e volta
Não mais posso viver triste
Nem criar uma revolta
Por algo que não existe
Fostes sonho passageiro
De uma reviravolta
Em um sono trambiqueiro
Onde a saudade persiste

Pois jamais pensei, ó amada
Em saber que estavas louca
Querendo beijo na boca
Para sentir-se mulher
E eu o poeta sem arte
A escrever coisa pouca
Faço só pequena parte
Daquilo que você quer
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 5 de agosto de 2013

SEGREDOS

Não fiz da vida o bem melhor a “amigos”.
Fiz o segredo viver mais do que o real.
Fingi amar para tornar-me natural
À hipocrisia dos meus velhos inimigos.

Não fiz da minha vida um romance
Escrito em noites assim passageiras.
Fingi viver em terras estrangeiras
Para a paixão oferecer alguma chance.

Hoje as pessoas estão surpreendidas
De eu ter fingido no mundo tantas lidas
Com mil segredos errantes e encantados.

E se mostraram totalmente arrependidas
De terem dado a conhecer a mim as vidas
E os segredos dos seus dias passados.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 3 de agosto de 2013

DIA SOLAR

Dia de sol na imensidão do tempo
O torvelinho da vida gira em tumulto.
Estou sozinho!
Ando por este sol
E penso em você...

Meus cabelos estão esbranquiçados
Como a cor cinzenta de uma tarde.
Mas o sol cria neles brilhos novos
Como cores de lágrimas em prata
Feitas do arco-íris do passado.

O dia de sol é presente como o calor
Parecendo querer recordar
Coisas velhas já mortas.
Ando por este sol
E penso em você...

Minhas mãos estão ficando enrugadas
Como papel amassado pelos dedos
Mas o sol cria nelas gotas brilhantes
Parecidas com as estrelas
Piscando anseios de velhas paixões.

O sol embala as nuvens em suplício
E traz o torvelinho da saudade
Tropeçando em si mesma.
Ando por este sol
E penso em você...

E o calor da luz escreve uma mensagem
Na minha pele de sessenta anos:
A gente vive morrendo devagar
Flor levada pela fonte ao mar.
E eu penso agora em mim...
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 3 de agosto de 2013

SENDO HOJE

Esqueci de guardar comigo de jeito
O poema mais perfeito
Vivente na minha vida incerta
A fornecer sonho e dor.
Porém não vou ficar triste ou descontente
Eu sei como é o tempo presente. Sei viver.

Perdi o medo de viver um sonho.
Perdi o medo de gritar um desejo.
Hoje não leio romances vulgares
Mas visito novos e velhos lugares.
A minha casa continua a mesma
A mulher espera sem temor de me perder.

Não penso mais em futuro. Vivo o presente.
Cansei de esconder minha vida do mundo.
Bebo minhas cervejas e me faço de surdo
Ao escutar as reclamações dos vagabundos.
Fui o que fui. Sou o que sou. Nada mais.
Só pretendo viver o restante da vida em paz.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 3 de agosto de 2013

ASAS LIBERTAS


As aves do caminho de agora são negras
Tais como o silêncio espacial ao redor
Onde o último ser humano adormeceu
Na esperança insone da incapacidade de amar.

Homem: De joelhos elevou a voz ao céu
Bradou ao deus esperado no seu tempo
E nada caiu do céu desse deus: apenas o nada
Tornou-se real no caminho da sua visão

E o homem:

Bastou perguntar o que era o nada visto
Para descobrir o tudo dentro de si mesmo
E viver e recomeçar em cada paisagem
Como pó de areia incriado no espaço.

E as aves do caminho
Melhores que os homens
Voam e voam e voam
Asas libertas do nada.
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© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 13 de junho de 2013

DOR DA SAUDADE

Tão simples dizer: eu te amo coração
E ficar hoje distante da canção de ontem...

Eu não sei o que você vai falar de mim
E de toda essa história que terminou sem fim...

Restou:
Uma saudade louca e preparada
Por você e nascida e viva para mim.

Meu coração sempre foi um coração.
Cresceu imenso por causa de você.
O que posso dizer hoje?
Será? Nada mais temos em comum?

Não sei se os teus antigos beijos eram verdadeiros.
Nem se o teu grito antigo de amor era o maior.
Mas sinto sim... eu sinto saudade de você
E tento matar essa saudade no caminho...

Mas você não sabe de nada sobre isso.
Não sabe nem o quanto
Eu vou e continuo
Caminhando
Sozinho.

E olhando o lugar
Os lugares antigos
Onde fizemos ninhos
E onde nossos corpos
Fizeram-se iguais...

Antiga amada:
Restou uma dor chamada saudade.
Simplesmente...
Uma enorme palavra de amor ausente...
A fazer doer o coração...
E a chamar você de volta!
...........
© Copyright by Rafael Rocha - Recife, 13 de junho de 2013

A GRANDEZA DO HOMEM CONTRA O FASCISMO

Camaradas:

Ainda que muita gente desacredite, estamos vendo hoje o renascimento da doutrina fascista. Quem tem olhos e sente a realidade começa a temer as novas atitudes encaminhadas às ruas por grupos setoriais bem governados por gente que adora viver no anonimato. O ambiente volta a ganhar contornos de sombra.

O escritor José Saramago, quando vivo, alertou para o fato de que o fascismo estava crescendo na Europa. Ele disse que nos próximos anos deste século XXI o fascismo "atacará com força" e que "temos de nos preparar para enfrentar o ódio e a sede de vingança que os fascistas estão alimentando". Salientou que a Grande Mídia será o pivô dentro dessa política internacional.
Aqui mesmo no Brasil, a Grande Mídia não coopera defendendo os interesses do povo. Apenas reproduz automaticamente o que é ditado por fora. Defende os interesses da burguesia. Mostra os vândalos destruindo o patrimônio. Mostra os baderneiros ameaçando gente inocente. Mostra a polícia em ação de forma inconveniente. Enfim, faz a população sentir medo de ir às ruas e lutar pela verdade e não pela mentira.

Fora a essência de terror criada pela Grande Mídia podemos assinalar também o comentário do escritor Gilberto Maringoni, quando disse que a história dos meios de comunicação de massas na América Latina é a história do acúmulo de capital. Portanto, isso torna bastante natural e verossímil as críticas midiáticas contra governantes que não foram forjados por ela, como é o caso de Evo Morales, Rafael Correa, Dilma Rousseff, Cristina Kirchner, Maduro, Lula etc. É o fascismo dominando, e aqueles que se empenham na luta contra o fascismo têm de abrir o quanto antes os olhos. Controlando a mídia, os fascistas anulam a voz da oposição e fazem com que esta passe a ser mal vista. Eles colocam o impulso das massas em adoração ao líder ou líderes, e nada pode questioná-los.

Já os fundamentalistas religiosos representados por crentes, católicos e afins, possuem comprometedoras coincidências com relação ao modo de pensar fascista. Três pilares específicos alicerçam a ideologia deles: 1) a posse de uma verdade suprema, à qual todos devem se submeter, mesmo os descrentes nesta suposta verdade; 2) a iminência de um destino messiânico e glorioso para os escolhidos; 3) e o grande inimigo onipresente. A ideologia totalitária do nazismo de Hitler era alicerçada sob esses mesmos pilares.

Vejamos o quanto é gêmea a lógica existente nos atos dos fiéis fundamentalistas e dos fascistas. Ambos os lados dividem a humanidade entre eleitos e excluídos; invocam o inferno como destino dos excluídos; e chamam a isto de justiça. Tanto fascistas como fiéis fundamentalistas se unem uns a outros quando definem a única justificativa necessária para condenar alguém ao fogo, seja o do crematório, seja o que nunca se apaga: NÃO COMPARTILHAR DA MESMA OPINIÃO DELES.

Sabemos que o homem livre é senhor do próprio destino. O homem livre e dono de si mesmo é um perigo para fundamentalistas e fascistas. Para estes só o Estado salva e para aqueles não há esperança fora de uma lenda denominada Jesus. Para ambas as doutrinas, o destino do homem livre é a perdição. Transmutam o ideal de liberdade bem como o de justiça quando pregam aos quatro cantos do mundo que só obedecendo cegamente a seu deus invisível ou aos seus líderes, o homem ganhará sua condição de livre.

Esmagando a individualidade, esmagando o ideal do homem livre e senhor de si mesmo e transformando o destino do homem sob a ideia preconcebida de um mito, o fascismo e o fundamentalismo religioso buscam derrotar a grandeza humana. É contra tal tipo de ação que nos posicionamos. A grandeza do homem é muito maior do que a grandeza de qualquer mito religioso.

BARBÁRIE MODERNA


Camaradas:

Lamentável que estejamos retornando à barbárie da consciência. Que a velha luta do homem por um mundo melhor esteja dando em nada. Os guerreiros humanistas estão no campo de batalha e muitos deles saem frustrados e repletos de angústia.

Este momento em que vivemos é o retrato da sociedade mercantilizada. Muitas coisas se tornaram banais e essas banalidades se transformaram em regras de vida. Um exemplo é a violência que grassa pelo mundo, principalmente em nossa pátria, com os assassinatos gratuitos, jovens drogados, autoridades corruptas. Transgredir as leis tornou-se regra. Deixar que se matem uns a outros tornou-se lei.

Tudo agora é repleto de fragmentos e os guerreiros humanistas ficam estupefatos com as novas formas de viver e pensar. Os jovens de hoje se entregam à alquimia do agora e esquecem que devem lutar para tornar seu espaço de mundo um lugar onde se possa celebrar a liberdade.
A cultura hoje está googlitizada. As relações humanas celularizadas. Não mais existe uma Idade da Razão. Agora é a Idade do Cinismo, sobrevoando e habitando as consciências humanas, adentrando os cérebros em linguagens irracionais. O consumismo desenfreado é a palavra de ordem e o que conhecemos como filosofia tornou-se um conjunto de perguntas sem respostas. Tudo o que importa para o homem de hoje é a novidade do momento, o prazer do agora. Cada um pretende ser mais esperto que o outro para sobressair em um determinado espaço. O que mais se salienta na obra de arte para os críticos e estudiosos de hoje é a moldura e não o conteúdo do quadro.

Pensamento crítico? Nem pensar! Isso dá muito trabalho! O homem atual, em particular os jovens, prefere apenas observar, jamais ir para o campo de batalha. Poucos desejam ser protagonistas de mudanças. Muitos poucos pensam no futuro da raça. O shopping-center é mais importante que isso.

Os jovens homens e mulheres estão indiferentes à enorme dimensão social de suas existências. Estão se desconstruindo externa e interiormente. Aplaudem os big-brothers. Veneram autores de auto-ajuda. Trocam as bolas e fazem de um tal Paulo Coelho algo como Leon Tolstoi. Cantores jovens iludem as mocinhas com canções repletas de imbecilidade e pornografia. As igrejas fundamentalistas criam a ideia de um poderoso deus monetário e abrem as portas para abrigar a todos desde que paguem seus dízimos. Pastores dessas seitas compram enorme espaço na Grande Mídia televisiva para incrementar ao vivo e a cores a lavagem cerebral em seus crentes.
Esse perigoso retorno à caverna de Platão coloca o homem novamente em contato com as sombras, que ganham mais importância que nós mesmos e mais do que a realidade do mundo. Ninguém quer olhar de frente essa realidade. Hoje é difícil achar a paixão pela perpetuação humanística da vida.

Os verdadeiros humanistas, porém, estão formando seus exércitos ao redor do mundo. Vamos à luta para tentar retirar o homem da barbárie em que está mergulhando, vitimado pelo preciosismo do conhecimento sem sabedoria e pelos interesses grupais do capital internacional, do fundamentalismo religioso e do poder político.

CAMINHO PERIGOSO


Camaradas:

Racismo, homofobia, discriminação aos diferentes seres da sociedade são coisas que de há muito deviam ter sido banidas do ambiente social. Muitos seres humanos, porém, vivem presos a ideias arcaicas e ainda abraçam causas retrógadas influenciados por líderes religiosos e políticos.
Preconceito é uma atitude discriminatória que tenta levar a outros a inverdade e a intolerância. Filósofos e pensadores de diferentes épocas tentaram e tentam acabar com tal comportamento, mas este permanece enraizado como se fosse um chip errático no cérebro humano.

Lamentável que neste terceiro milênio ainda existam pessoas julgando as outras pela cor ou pela condição financeira, e que tratem de forma inferior seres portadores de deficiências mentais, físicas, visuais e auditivas. E mais: os preconceitos religiosos contra os seguidores de outros credos e contra os ateus estão aumentando a cada dia, bem como a discriminação contra os homossexuais.

No que toca à orientação sexual de cada um, estamos a ver no Brasil um caminho retrógado. A homofobia está se tornando algo comum até dentro das paredes do Congresso Nacional e a nossa Justiça e o nosso Executivo fazem olhos e ouvidos moucos a isso. Os crimes por homofobia se multiplicam a olhos vistos e líderes políticos que se dizem cristãos são os primeiros a lançar lenha na fogueira, posicionando-se a favor do preconceito e da intolerância, aviltando os direitos humanos mais elementares.

Na realidade, se não for tomada uma posição séria no âmbito judicial e político, veremos o país se tornar uma intolerante teocracia fundamentalista, com as mais ridículas discriminações enraizando-se nos meios formais e informais da sociedade. Racismo e homofobia estão em alta nos dias de hoje, com o apoio de vários senadores e deputados, enquanto seus outros pares fazem vista grossa, sem tomar uma atitude enérgica contra isso.

Não sabemos para qual caminho estamos indo, mas pelo andar da carruagem e pelo silêncio criminoso de quem tem responsabilidade de mudar a situação e nada faz, esse caminho está a cada dia mais perigoso. A liberdade de escolha é algo intrínseco à democracia. Todos têm liberdade de criar e de expor seu pensamento, desde que não entre em radicalismos imbecis e crie intolerância contra os diferentes habitantes do cosmos social.

Dizer que africanos descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé é algo estapafúrdio vindo da boca de um parlamentar. Dizer que a Aids é um câncer gay é algo próprio de um imbecil despreparado. Dizer que o poder de um deus mandou assassinar John Lennon e o grupo musical Mamonas Assassinas é algo descabido e típico de um idiota e aquele que alardeia isso apresenta imensa desonestidade intelectual e comportamento psicopata.

Nosso país, que desde 2003 vem mudando, transformando e criando novos rumos para seu povo, tem de ser respeitado. Não estamos mais no tempo da Inquisição para acatar tamanho descalabro contra os direitos da pessoa humana. Urge uma tomada de posição antes que o fascismo mascarado em cristianismo crie novo e perigoso monstro. O ovo da serpente tem de ser destruído imediatamente.

CAPAS DO JORNAL HUMANITAS DE AGOSTO/2012 A AGOSTO/2013















terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ARREPENDER

Dor a perpassar em vida o sacrificio
De existir assim amor desencantado
Ódio indomado do eu inimigo
A comungar ira com seu sabor amargo

Na viagem feita em mim perpasso
Erros sombrios e vários desatinos
E maculo o solo sem o ter sagrado
E proclamo tal dor como um vício

Arrependido este poeta se contrita
Dentro dele deixa cair a lágrima
Do erro dessa história inconclusa

E tenta sob o sol abrir as asas
Mas a cera de Ícaro despetala
A dor maior de sua triste musa.

SAUNA NOTURNA

Camarada...
A noite de ontem estava quente
Como se um sol estivesse presente
A nos fazer perder a distração
Das loucuras taciturnas
De nossas inocências pueris.

Camarada
Vários copos de cerveja nos distraem
Mas o poemar relampeja mais
E na penúria da solidão
E dos últimos goles alcoólicos
Sabemo-nos em paz

Camarada
Poderemos criar uma ternura
Antes de nossa sepultura
Criar ervas daninhas
E o mundo vadio esquecer
Nosso estilo de vida atual.

Camarada
Não tenho ideais maliciosos
A vontade de viver é maior
Que os estilos de vida
Gosto de criar sonhos superiores
Às nossas almas distraídas.

Camarada
Vou sorver mais um gole de cerveja
E pensar nas coisas incorretas
Em um poema errante
Filho de um sonho distante
Antes de ter outras certezas.

Camarada
A noite de ontem estava quente
Éramos dois sóis presentes
A iluminar estrelas frias
Na voz das reminiscências
De nossas ciências

Camarada
Ainda que não o saibas
Sinto a tua ausência devagar
Antes do mais antigo sol nascer
Camarada
Tentaremos dormir.

O POETA OBSERVADOR DENTRO DA NOITE

Uma noite...
E em nossa solidão de homens
As cabeças rodando
Quantas coisas para se pensar?
Nenhum tédio, meu amigo!
Uma cerveja!
Outras cervejas!
Mais e mais e mais!
Nem precisamos de bares!
No sentimento de nossa solidão
Existem os postos de gasolina
Onde se vendem as bebidas de outra geração.

Ora, meu amigo!
O sangue a correr nas nossas veias
Está repleto do álcool da vida
Desse mais puro combustível
Tanto e mais amplificado
E em nossas cabeças
Quando tentamos preenchê-las
Com as poesias...
Com as mulheres dos momentos...
Discussões políticas
E apolíticas
... Restam ideias.
Novas e velhas ideias.
A construir e reconstruir
E
Quando cai e quebra-se uma garrafa
Cheia
Parte-se uma íntima solidão.

(DE CADA UM DE NÓS DOIS)

Noite...
Ah, noite!
Todas as noites, meu amigo, são iguais.
E diferentes também.
São gêmeas duplas ou trigêmeas
Ou quadrigêmeas
Ou quíntuplas.
E sempre devemos preenchê-las com a cerveja.
Com algum álcool simples ou difuso
E...
Não diga que não sabe!
Nós sabemos
O quanto nos faz falta
Uma boceta
Uma boca de mulher
Uns peitinhos pedindo beijos
E mordiscações.

Todas as noites, meu amigo, são eras do ontem
A pretender juntar os cacos de algum instante
Vazio, sem bebida e sem alimentos
De sonhos
E nós, vivos, sempre devemos ter a vontade
De escrever versos loucos
E habitar com os semáforos
Dentro de um táxi
No caminho de casa

E, meu amigo, você sabe:

(SEMPRE VOU SOZINHO!)

Nada custa, meu amigo de cada noite,
Sentir-se ligado às cervejas das madrugadas
E fazê-las como chuva e como água
Em nosso caminho filosófico
Ainda que tenhamos de despencar no abismo
De nossas loucuras
Ao saber: viver é um nada
O interessante é sentir
E observar a vida.
Preparando o morrer.

SEDUTÓRIA

Assim...
Ela disse assim
Desejo uma carícia devagar
Na pele macia pétala
Assim...
Sentir meus lábios
A deslizar na nuca
Sentir
As mãos nas costas nuas
Assim...
Ela alçou os braços
Como quem fosse voar
E as axilas lisas
E os seios erguidos
Pediam outros tipos
De voos além da noite

Assim...
Ela pediu calma e variedades
De carinhos desconhecidos
Meus lábios em suas coxas
Meus lábios em seus seios
Mamilos eriçados
Assim...
Assim...
Faz-me ficar louca!
Assim...
Assim...
A noite é pequena
Preciso de mais horas
Ela pediu horas ao tempo
E dissertou um poema
No beijo
Roubado na mesa do bar

Assim...
Ela disse não ser qualquer uma
Ela disse ser mais viva que morta
Ela disse para mim
Assim...
Como quem pede o impossível
Não irei para tão longe
Nem farei promessas difíceis de cumprir
Assim...
Acariciou meu rosto
Assim...
Disse a dificuldade de ser minha
Assim...
Encaminhou meu corpo à rua
Onde eu pudesse espairecer
E pensar melhor.

Assim...
Saí do bar e fui até o meio da rua
Sentir o vento frio da noite
Sentir o vento amainar
A fogueira de meus desejos
E sempre a via nas outras
Seios em riste
Axilas lisas
Boca estupenda de beijar
Assim...
Ficava a receber o vento da lua
Tentando descobrir o segredo
De como conquistar uma estrela distante
Assim...
Ela veio encontrar meu corpo
Parado em pensamentos errantes
Assim...
Ela disse o quanto era preciso
Eu e ela
Ela e eu
Amar e seduzir

Assim...

MARCAS DA ESCRAVIDÃO NEGRA



As marcas da escravidão negreira continuam presentes no Brasil. Apesar de existir uma lei denominada Áurea, assinada no dia 13 de maio de 1888 por uma princesa brasileira, abolindo oficialmente a escravidão. Na realidade a abolição ficou entre aspas. Cento e vinte e quatro anos se passaram e os negros ainda lutam por igualdade. A princesa regente Isabel assinou a lei, mas não reparou os 350 anos de escravidão. Hoje a discriminação contra os negros ainda vigora no Brasil, bem como a exploração e a opressão da classe trabalhadora, cuja maioria é negra.
Tais marcas dessa época colonial e escravista estão presentes no Índice do Desenvolvimento Humano (IDH), que mede os níveis de educação, saúde e renda familiar da população. O índice comprova o atraso histórico dos trabalhadores negros em relação aos brancos em nosso país. No último Censo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), realizado em 2009, os brancos ficaram na 67ª, enquanto os negros na 99ª. Existe uma diferença enorme no acesso aos direitos básicos entre brancos e negros.
Agora, em novembro, no dia 20, comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra. Aqui lembramos que a repressão violenta dos senhores de escravos foi substituída hoje pelo arrocho salarial, perda de direitos sociais e ação bruta das milícias, que exterminam os jovens negros nas periferias. Negros de Pernambuco, da Bahia, do Rio de Janeiro e de muitos outros estados do Brasil sofrem perseguição extremada.
Uma pena que alguns historiadores e cientistas sociais defendam e digam ter sido uma vitória o fim da escravidão no distante ano de 1888. Esqueceram que isso não é a consagração da verdadeira liberdade. Não se pode ser livre sem emancipação econômica plena. Não se pode ser livre sem inserção social e política. Não se pode ser livre sem acesso aos bens culturais e econômicos. Não se pode ser livre se não se usufrui dessa liberdade em todas as instâncias.
O racismo tem de ser superado através da luta. Que se mantenha vivo na consciência brasileira o espírito de Zumbi, rei dos Palmares. É preciso superar o racismo no mercado de trabalho, garantir igualdade salarial entre negros e brancos, permitir que os negros tenham acesso a empregos de qualidade, à mobilidade e ascensão no mercado de trabalho. É preciso garantir a presença de negros nos espaços acadêmicos e de produção de ciência. É preciso enfrentar de peito aberto o racismo. Se tivermos de ser radicais, sejamos. Precisamos de políticas que proporcionem para toda a população oportunidades iguais, com reparações e ações afirmativas na educação e na saúde.
A lei Áurea não passou de um falso consenso das elites. Consenso que servia para “libertar”, mas não em reparar todos os erros contra os construtores da nação brasileira. Um engodo elitista que o ensino oficial empurra na mente da população. O dia 20 de novembro é que deve ser a verdadeira data de afirmação para o povo negro. É a data da lembrança do seu líder maior. Aquele que lutou pela liberdade total: Zumbi.  As elites o mataram e esqueceram que ele iria se tornar a razão de luta de todos os negros. Cortaram-lhe a cabeça, salgaram-na e a expuseram em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
De nada adiantou isso, ainda que o governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, tenha dito em carta ao rei dom Pedro II de Portugal, no dia 14 de março de 1696: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares".
Retificando: Zumbi dos Palmares é imortal! Zumbi é eterno! Zumbi é o Rei da Consciência Negra do Brasil!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

PRAZER

Amar a vida e o prazer é meu eterno vício.
É no calor desse sentir onde nasce o drama
Da busca de melhor gozo faço meu ofício
Trazer uma vida e um corpo para a minha cama

Com a pele de ninfa onde louco eu amarro
A sensibilidade poética de quem ama
Beijando a boca como quem fuma um cigarro
Sugando o ventre para aumentar a chama

Paixão acesa! A ninfa geme em doideira
E incorpora em si as explosões do prazer
Geme e pede mais e mais outro desvario.

Pronta a despencar feito uma cachoeira
Oferta a boca e entrega o ventre e vai viver
Nas forças das correntezas de meu rio.
..................
@copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 26/10/2012

BOÊMIO

Fala na mesa do bar o copo mais vazio
Num estridular sonoro como se a sofrer
A dor permeia na cabeça tanto desvario
Buscando intimamente desvendar o saber

O que se passa na história deste ser
Agora enchendo o copo em um gesto frio?
Olhando em volta como se tentando ver
A bacante de sua vida no meio do estio?

E a noite passa e a bebida se incorpora
Dentro do sangue e a sua alma chora
Feitos criados nas alfombras da incerteza.

E as garrafas se esvaziam de hora em hora
E ao nascer o primeiro brilho da aurora
Escreve versos em transtornos de tristeza.
...........
@copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 26/10/2012

TATUAGEM

Amigo, saiba como tenho plasmado
Sonetos fracos sob a luz da lua
Tentando dissertar o meu passado
De caminheiro pela estrada nua

Na solidão do verso condensado
A ser sozinho no asfalto desta rua
Amigo: veja o eu tão fracassado
Pondo o sonho na rima que tatua

A esperança de viver uma melodia
Onde a paixão se encaixe prazerosa
Sem tiritar dentro da noite fria.

Mas, amigo, a tristeza é poderosa
Traz a dor e transfere a alegria
À solidão mais febril e criminosa.
...................
@ copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 26/10/2012 

INSÔNIA


No dentro da madrugada o eu aceso
Encontra formas errantes e sombrias
Sentindo-se totalmente indefeso
Pede o vir do sono das horas tardias.

E nessa petição vai carregando o peso
Das lembranças de muitos outros dias
Repercutindo em si mesmo o desprezo
Do insone reclamar nas noites frias.

Repete seu clamor à noite traiçoeira
Mendigo ressentido chamando pelo sono
Como se a noite ainda fosse a primeira

D'outras onde viu-se entregue ao abandono
Antes que a flecha de Morfeu mais que certeira
Trouxesse o sonho que nunca teve dono.
….....
@copyright by Rafael Rocha – Recife, 26/10/2012

sábado, 20 de outubro de 2012

ÂNSIA


Bêbado de sonhos e ansiando por quimeras
Envolvo minha pele na pele de teus braços.
Mulher da vida inteira. Plano de uma era.
Amada a meu lado vivendo passo a passo.

Beijo teu corpo e possuo todas as esferas
Da carne onde convivi vitórias e fracassos
E os germes de meus filhos ainda na espera
De clamar futuros em gritos mais devassos.

E lembro quanto fizemos no caminho da vida.
E lembro quanto morremos no viver o triste
Momento da passagem da próxima despedida.

E beijamo-nos ainda com nada mais em riste.
E eu fico buliçoso em tua boca envelhecida
Escrevendo o soneto de quem nunca desiste.
.........
@copyright Rafael Rocha – Recife, 20/10/2010