quinta-feira, 29 de maio de 2008

VENCEDOR AMADO, IDOLATRADO: É O SPORT, IMORTAL! IMORTAL!

Tem coisas que só o Sport faz. Tem coisas que só a nação Sport consegue. Tem coisas que só quem torce pelo Leão da Ilha sente. Orgulho nas vitórias e, às vezes, mais orgulho ainda nas derrotas, porque o Sport, quando raramente adia uma vitória, o faz com soberania e dignidade. Orgulho de sempre vestir o manto sagrado vermelho e negro e provar efusivamente e constantemente que é o maior e mais amado clube do Norte e Nordeste deste Brasil. Orgulho de ser chato, orgulho de ser o mais vitorioso, de ser o maior e o mais querido entre os demais. Orgulho de ser o Papai da Cidade e o maior entre os grandes. Nas alegrias e nas tristezas, na primeira ou na segunda, o coração do adorador do Leão da Ilha do Retiro não tem divisão. E plagiando Vinicius de Morais, me perdoem os que têm apenas títulos, mas o torcedor do Sport tem muito mais que isso: Tem paixão, tem encravado na alma um escudo perpétuo, a alma leonina do Sport Club do Recife.


ESTAMOS NA FINAL DA COPA DO BRASIL!
VAMOS LUTAR PELO TÍTULO!
AVANTE MEU GLORIOSO LEÃO DA ILHA!

Continuem a torcer contra a gente, ó pequenos e alienados PERNAMBUCANOS E NORDESTINOS pobres de espírito! Isso nos ajuda cada vez mais!


quarta-feira, 28 de maio de 2008

UM POUCO DO RECIFE- PONTE GIRATÓRIA

A Ponte Giratória ligava o bairro do Recife ao bairro de São José. Foi inaugurada no dia 5 de dezembro de 1923, servindo à cidade do Recife até a década de 1970. A Ponte Giratória foi construída na bacia defronte da antiga “Barreta”. A “Barreta” era a passagem natural das barcaças e outras embarcações do mesmo porte, único meio de transporte que se destinava aos cais interiores ou fluviais do Recife, como o da Alfândega, José Mariano e o do Colégio. Foi desativada em 1971, depois da construção ao lado, da ponte 12 de setembro, e, posteriormente demolida.
(Fonte: Fundação Joaquim Nabuco)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

OUTRA AVANT-PREMIÉRE DO GRANDE ENCONTRO

No sábado, 24 de maio, eu e meu amigo Valdeci Ferraz continuamos a buscar convergências para explicar nosso estar no mundo. Na cidade de Caruaru, onde ele reside, na noite amena de Caruaru lembramos momentos de alegrias e de tristezas, de conquistas e decepções, e colocamos em dia assuntos intelectuais que estavam pendentes. Valdeci é meu concunhado e, ao contrário dos outros amigos do curso de Jornalismo da Unicap, não deixou de estar sempre em contato comigo. Entre tantos companheiros da Universidade ele foi um dos que não terminaram o curso, preferindo seguir a carreira de advogado. Hoje, além de sua amizade eu cultivo seus conhecimentos jurídicos. Muita coisa eu poderia contar acerca do que nós aprontamos na vida desde que nos conhecemos. Exímio no violão, Valdeci surpreende as pessoas que não o conhecem, cantando e tocando sempre que pode. Isso aconteceu neste fim de semana que passei em Caruaru. Antes, ele participava de nossas farras, tomando as necessárias louras geladas, mas a vida lhe ensinou que seu metabolismo não comportava o álcool e assim ele preferiu curtir a vida na coca-cola, água de coco gelada e refrigerantes. Mas isso não quer dizer que irá deixar de participar do Grande Encontro, com os nossos mais diletos amigos da Unicap. Ele garantiu que estará presente, porque pretende ver e abraçar todos aqueles que um dia também lhe deram sua contribuição de vida, amizade e conhecimentos.

sábado, 24 de maio de 2008

UM POUCO DO RECIFE - MERCADO DO DERBY


O Mercado do Derby, criação de Delmiro Gouveia, funcionou onde hoje fica o quartel-general da Polícia Militar. Foi inaugurado em 1898. Era uma espécie de precursor dos atuais shoppings. Um imponente prédio onde se vendia de tudo, de carne, artigos importados, verduras, gelo e jornais. E com uma grande atração: luz elétrica, que proporcionou aos comerciantes estenderem o horário comercial de suas lojas até às 8h da noite. Na frente do mercado, foi criada uma área de lazer, com a realização, à noite, de festas para crianças e adultos, que atraíam multidões. Era o ponto mais concorrido do Recife na época. O Mercado do Derby, ou Mercado Modelo Coelho Cintra, seu nome oficial, foi destruído por um incêndio, na madrugada de 1º de janeiro de 1900. Dizem que o incêndio foi criminoso e seus autores foram os inimigos políticos de Delmiro Gouveia, na época chefiados pelo vice-presidente da República, o Conselheiro Rosa e Silva. O prédio ficou abandonado até 1909, quando foi recuperado e passou a abrigar a Escola de Aprendizes de Artífices. Em frente ao prédio, no espaço denominado Campina do Derby, em 22 de junho de 1905, aconteceu o primeiro jogo de futebol em Pernambuco, entre o Sport Club do Recife e o English Eleven. Tempos mais tarde, o edifício do velho mercado virou o quartel-general da Polícia Militar, que ainda hoje existe no local.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O BONDE ELÉTRICO NO RECIFE

O serviço de bondes elétricos foi inaugurado oficialmente no dia 13 de maio de 1914, em cerimônia festiva, com a presença do então governador do Estado de Pernambuco, o general Emydio Dantas Barreto e outras autoridades. O povo foi às ruas do centro da cidade para ver o novo e moderno meio de transporte, administrado pela companhia inglesa Tramways. A história do bonde elétrico no Recife está intimamente vinculada à história política e social da cidade. Afinal, foram praticamente quarenta anos de circulação desse veículo pelas ruas do Recife. O bonde acompanhou o progresso, as mudanças socioeconômicas, a moda, as ascensões e quedas de governos.

O bonde elétrico era um veículo urbano de tração elétrica que circulava sobre trilhos e se destinava ao transporte coletivo de passageiros e/ou de cargas. O nome bonde deriva-se do termo inglês bond(bônus). Na Inglaterra, quando da criação dessa modalidade de transporte coletivo, foi lançada uma campanha pública de bônus(bond) visando angariar fundos para instalação do serviço. Daí surgiu o nome brasileiro bonde. Os bondes eram altos, mas possuíam estribos para facilitar a subida dos passageiros. Mediam três metros de largura,tinham bancos largos de madeira que davam para acomodar cinco ou seis pessoas,em cada um. Nos bondes maiores, de dois truques (conjunto de dois eixos de rodas sobre o qual se assentam as extremidades do chassi dos vagões, para lhes permitir entrar em curvas), as cadeiras podiam virar para um e outro lado. As linhas de ida e volta, com dois carros cruzando um com o outro, tomavam praticamente toda a largura das ruas que, em geral, mediam, no máximo, oito metros.

As viagens morosas para os bairros distantes do centro da cidade, com as pessoas sentadas bem juntas umas das outras, em ambiente arejado, favoreciam as conversas, as leituras de jornais,livros e revistas, as amizades e os namoros. Era proibido fumar nos três primeiros bancos, no salão dos carros de primeira classe. O cumprimento rigoroso dos horários dos bondes era uma exigência da companhia, prevalecendo as normas de pontualidade britânicas. Além das tabelas de horários, entregues aos motorneiros, havia os relógios registradores, nos quais os motorneiros eram obrigados a registrar as viagens de ida e volta.

Logo às primeiras horas do dia,começava o ruído das rodas de ferro do bonde sobre os trilhos. Era o único meio de transporte coletivo disponível para ricos e pobres, já que o automóvel era artigo de luxo, importado dos Estados Unidos e só pouquíssimas pessoas o possuíam. Todos usavam o bonde. A partir da meia-noite, começavam a deixar as oficinas (estações) da companhia os chamados bondes de empregados, que eram usados também pelas pessoas que trabalhavam à noite, os gráficos, os policiais, o pessoal das docas do Porto, e também os boêmios. A partir das três horas da manhã, os bondes começavam a funcionar cumprindo a tabela normal de horário das linhas da Várzea, Dois Irmãos, Tejipió, Casa Amarela, Beberibe, Peixinhos, Boa Viagem, Olinda. Mais tarde, quando o dia já estava claro, saíam os bondes das outras linhas: Água Fria, Campo Grande, Ponte D'Uchoa, Iputinga, Areias, Casa Forte, Zumbi, Derby, Largo da Paz, Pina e Jiquiá.

Atrelados aos carros de primeira classe, desciam dos subúrbios da zona oeste da cidade, principalmente Várzea e Dois Irmãos, os reboques de segunda classe, cheios de fardos de verduras, de cestos e balaios de frutas, e trouxas de todo tipo de mercadoria, destinados aos mercados e comércio em geral. Havia também bondes fechados. O bonde Zeppelin, por exemplo, era o mais bonito coletivo sobre os trilhos, que trafegava somente na linha de Olinda, conduzindo um carro-reboque, com as mesmas características e de igual tamanho do carro-motor. Das oito horas em diante, os bondes circulavam com sua plena capacidade, para acompanhar a movimentação do comércio,dos bancos, das agências de navegação e repartições públicas. À meia-noite, os bondes eram recolhidos às estações de Santo Amaro, Fernandes Vieira e João Alfredo.


Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

domingo, 18 de maio de 2008

O GRANDE ZECA GURAN


O sábado, 17 de maio, foi o dia de reencontrar José Carlos. O famoso Zeca. Também cognominado de Charles. Ou, ainda, Guran, como Marcus Antônio, outro que ainda vai ter seu dia de ser reencontrado, o chamava (Guran, para quem não sabe, é aquele pigmeu da história em quadrinhos do Fantasma e o apelido caiu como uma luva no grande Zeca).

Na realidade foi mais uma avant-premiére do encontro principal que ainda vai acontecer. Estou fazendo diversos ensaios e matando a saudade de todo mundo. De migalha em migalha. O bom realmente será quando juntarmos três ou quatro mesas em algum bar deste Recife e começarmos a algazarra. O tempo vai parar ou deixar de existir.

Esses ensaios estão trazendo muito saudosismo. Lembranças são colocadas ao alcance de minhas mãos e das dos amigos. Coisas de há muito esquecidas na lixeira do cérebro voltam à tona. Tal como o Zeca lembrou neste sábado: aquele meu tempo de dores de amor perdido, e minha loucura de subir e caminhar sobre a amurada da ponte Duarte Coelho numa noite antiga como antigo era o Rio Capibaribe a correr célere logo abaixo. Ainda bem que nada aconteceu e eu estou aqui para recordar a história quase esquecida.

Meu caro Zeca, a tarde foi ótima. As cervejas que bebemos juntos trouxeram sabores de juventude. Até o cheiro das salas de aula da Unicap vieram se juntar às recordações. Até os olhares que davas para os lados e para frente traziam piscares de todos os outros companheiros e companheiras que pretendo ver juntos dentro em breve.

O que posso dizer mais, amigo Zeca? Apenas que sua presença de velho, permanente e amado amigo trouxe uma alegria e um conforto como há muito não me aparecia. E espero que possamos manter um contato mais direto e constante no tempo que virá a seguir, com outras avant-premiéres para ensaiar o tema do Grande Encontro. E parodiando Vinicius de Morais tomo a liberdade de dizer que foi bom sentar novamente ao teu lado, vendo teus olhos a dardejar o meigo olhar antigo.


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SONETO DO AMIGO

Vinicius de Morais

Enfim, depois de tanto erro passado / Tantas retaliações, tanto perigo / Eis que ressurge noutro o velho amigo / Nunca perdido, sempre reencontrado. /// É bom sentá-lo novamente ao lado / Com olhos que contêm o olhar antigo / Sempre comigo um pouco atribulado / E como sempre singular comigo. /// Um bicho igual a mim, simples e humano / Sabendo se mover e comover / E a disfarçar com o meu próprio engano. /// O amigo: um ser que a vida não explica / Que só se vai ao ver outro nascer / E o espelho de minha alma multiplica...

terça-feira, 13 de maio de 2008

SOB O SIGNO DA VITÓRIA

No ano em que eu nasci a bandeira vermelha e negra do Sport Club do Recife tremulou vitoriosa nos céus da cidade do Recife, pela 13ª vez. O Glorioso já era um grande vencedor em todo o estado de Pernambuco. Já enchia de inveja aos seus adversários, os quais, como ainda hoje, buscavam nas falcatruas e nas manobras de bastidores formas de impedir a ascensão vitoriosa do Leão da Ilha do Retiro. Sem sucesso!

Em 1949, ano em que nasci, o Papai da Cidade já possuía um incontável número de fiéis torcedores. E o título desse ano longínquo foi apenas a continuidade do título do ano anterior, um bicampeonato. Portanto, quando as mãos de meus pais entraram em contato pela primeira vez com meu corpo, o Sport Club do Recife conquistava seu 13º título de campeão pernambucano. E seus heróis foram Manuelzinho, Chicão e Luiz; Vavá, Alheiros e Amaro China; Zildo, Arquimedes, Varejão, Dega e Paulo Ramos. Eu nasci glorificado com o título de bicampeão pernambucano de futebol.

Era um 13 de novembro de 1949 e a vítima foi o Santa Cruz que baqueou frente a esses heróis rubro-negros pelo placar de 2 x 0. E, hoje, neste 13 de maio de 2008, quando o meu Glorioso Sport completa 103 anos de vida, meus olhos resolveram se voltar para o passado. Observei nossa grandiosidade histórica. Observei nosso imenso patrimônio. Olhei tudo que foi construído durante todo esse tempo por tantos rubro-negros abnegados e o orgulho envolveu minha consciência e meus pensamentos. E descobri que todo rubro-negro do Sport olha apenas para a frente. Nosso passado habita o presente e constrói em nosso cotidiano glórias a serem saboreadas agora e no futuro.

Não vivemos dos louros das vitórias de outros tempos como alguns rivais vivem. O presente rubro-negro de hoje é o futuro dinâmico do amanhã. Neste ano de 2008 conquistamos mais um tricampeonato e completamos o número recorde de 37 títulos no futebol de Pernambuco. Clube nenhum deste Estado chega perto dessa caminhada vitoriosa, e alguns só podem se vangloriar de velhas conquistas, como se fossem fatos recentes. O Sport não! O Sport Club do Recife vive e caminha sob os louros de vitórias atualíssimas. Possui um passado vitorioso, mas não vive dentro de uma memória dinossáurica, pois o seu presente de vitórias vai construir ainda mais o futuro desta nação de vencedores.

Portanto, meus amigos rubro-negros, hoje, 13 de maio de 2008, vamos dar nossas glórias presentes e milhões de glórias futuras ao Leão da Ilha do Retiro. O pavilhão rubro-negro vai tremular no mais alto mastro da cidade do Recife. O signo da vitória é nosso, pois não existe derrota que derrote quem vive para vencer.

Cazá, cazá, cazá! / A turma é mesmo boa! / É mesmo da fuzarca! / Sport! Sport! Sport!

sábado, 10 de maio de 2008

PRIMEIRA AVANT-PREMIÉRE


Quantas vezes já nos disseram que o tempo é uma abstração parada no espaço? As pessoas que contaram o tempo perderam segundos, minutos, horas, dias e vida. Por tal motivo eu nunca contei o tempo. E por não contar o tempo e por saber que esse idiota é um universo irreal além do meu entendimento, consegui encontrar pessoas que estão dentro de minha existência e que sumiram por motivos que não eram do tempo, mas delas mesmas. Neste 10 de maio de 2008, um encontro marcado, sem ser propriamente encontro, mas um simples evento de amigos de outras épocas, uma avant-premiére de quando os sonhos eram mais formidáveis, de quando a gente pensava que nossas idéias podiam transformar o mundo. Não compareceram todos, mas as idéias de amizade ficaram mais vividas e mais reais do que as idéias de transformações. E as lembranças dos que faltaram vieram em formas de histórias das participações deles em nossas histórias. E os abraços e os apertos de mão e os olhares e as discussões neste 10 de maio de 2008, vinte e sete anos depois, continuaram iguais aos de tempos de antanho. E como estavam iguais, ora porra! Nós ainda continuamos com a mesma vontade de transformar o mundo, mesmo sabendo que este mundo não tem mais conserto, e que ele nos transforma a cada segundo, a cada minuto, a cada hora. E que estamos ficando velhos, apesar de cá dentro de nós a chama da juventude eterna clamar eterna. Gilson, Sebastião, Chico e eu, uma beleza estarmos reunidos e esperando com fé intensa o comparecimento das outras celebridades.

UM POUCO DO RECIFE - O FLUTUANTE


Havia no Recife da metade do século 20, sobre as águas do Rio Capibaribe, um restaurante flutuante. Construído sobre um lastro de madeira, assentado em tambores metálicos de duzentos litros, o restaurante era na verdade uma balsa onde existia um salão de madeira, rodeado de janelas e com uma passarela, também flutuante, que dava acesso à avenida Martins de Barros. No piso superior do restaurante, tinha um terraço que servia como mirante aos freqüentadores, que além de serem servidos ao ar livre, podiam contemplar o “... Recife prateado nos céus e nas águas do rio...” Existia ainda um espaço para os clientes dançarem ao som de uma orquestra ou do piano tocado por Baltazar. O restaurante com suas cores em vermelho e branco e decorado com propaganda de bebidas, foi por algum tempo uma atração a mais e um ponto de encontro e lazer nas noites recifenses. Com o passar do tempo o restaurante foi perdendo sua habitual clientela, o que resultou no encerramento de suas atividades. Com isso os nativos e os visitantes ficaram privados dessa opção de lazer tão característica de uma cidade cortada por rios e pontes.


Fonte - ARLEGO,
Edvaldo. Recife de ontem e de hoje. [ S. L.: s. n. 19...? ] p.8

sexta-feira, 9 de maio de 2008

UM POUCO DO RECIFE-PRAIA DE BOA VIAGEM



Até o início do século passado, Boa Viagem era praticamente desabitada, a ponto de se praticar a caça de raposas e de outros animais silvestres. A povoação da Boa Viagem tem seu início no século XVII, devido à existência de algumas vendas que serviam de local de descanso dos viajantes que por ali transitavam vindos do caminho do sul da Capitania de Pernambuco. Uma dessas vendas era de propriedade de Manuel Fernandes Setúbal, nome atualmente relembrado na denominação do trecho hoje denominado de Setúbal. A povoação de Boa Viagem vem ganhar novo impulso em 1858, quando foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Recife-São Francisco, cujas composições com destino à Vila do Cabo faziam parada na estação situada no final da atual Rua Barão de Souza Leão. Inicialmente um trole e depois um bonde de burros fez a ligação da praça à estação ferroviária, motivando "a freqüência de muitas famílias pelo verão para passar a festa do Natal". O bairro cresceu mais e tomou jeito de nobreza com o impulso dado pelo bonde elétrico da Pernambuco Tramways, que inicialmente trafegou até o Pina, antiga ilha do Nogueira, chegando depois até a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, onde fazia o circular, retornando para a cidade. Foi, porém, a abertura da Avenida Boa Viagem que a integrou na vida do recifense, a partir de 1924, no governo de Sérgio Lorêto.
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

UM POUCO DO RECIFE-AVENIDA GUARARAPES


A Avenida Guararapes foi o cartão postal do Recife entre as décadas de 40 e 70. A artéria tinha sido pensada para resolver questões urbanísticas, a partir do final da década de 1920, incluindo nisso o trânsito e a organização comercial do Centro da capital pernambucana. As obras da Guararapes foram concluídas em 1937, ano em que o presidente Getúlio Vargas deu um golpe e implantou a ditadura do Estado Novo, sendo então chamada de Avenida 10 de Novembro. No início dos trabalhos de construção da avenida o prefeito do Recife era João Pereira Borges, que fez as desapropriações e o planejamento urbanístico a ser respeitado pela iniciativa privada, responsável pelas obras dos edifícios. A avenida Guararapes, criada em 1934 pelo arquiteto Nestor de Figueiredo, é uma Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural dos bairros de Santo Antônio e de São José. Sua construção obrigou a Prefeitura do Recife a demolir ruas e quarteirões inteiros, iniciando a chamada reforma do bairro de Santo Antônio. Grande quantidade de prédios veio abaixo, entre eles, os da Rua Sigismundo Gonçalves, que desapareceu do mapa, Rua das Florentinas e Largo do Paraíso, de onde sumiram a Igreja de Nossa Senhora do Paraíso, a Santa Casa de Misericórdia e o quartel do Regimento de Artilharia, onde eclodiu a Revolução de 1817.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

LADROAGEM HISTÓRICA

Nos livros escolares que falam da História do Brasil muitos fatos deixam de ser relatados para o conhecimento dos nossos atuais estudantes, ou então são encobertos de tal forma para que as elites dominantes possam continuar a fazer a lavagem cerebral dos jovens. Na realidade, a História do Brasil é uma história escrita pelos poderosos de plantão e jamais será a verdadeira história-pátria. Nessa história apresentada nas escolas os autores não mostram a corrupção, os nomes dos escroques e a ladroagem que dominava e domina todo o espaço de vida brasileiro.

Por que será que livros como AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA, de Eduardo Galeano, não entram no currículo da História do Brasil? Exatamente porque eles falam a verdade que as elites governantes escondem do povo e dos jovens nas salas de aula. É uma pena que esses jovens sofram uma lavagem cerebral tão profunda e nunca, mas nunca mesmo, tentem buscar em outro livros a realidade crua e dura da vida íntima de nossa nação.

Vejamos um exemplo contido no livro AS VEIAS ABERTAS:

"Em 1952, um acordo militar assinado com os Estados Unidos da América do Norte proibia o Brasil de vender as suas matérias-primas de valor estratégico - como o ferro - aos países socialistas. Esta foi uma das causas da trágica queda do presidente Getúlio Vargas, que desobedeceu a essa imposição, vendendo ferro à Polônia e à Tchecoslováquia, em 1953 e 1954, a preços muito mais altos do que os que pagavam os EUA. Em 1957, a Hanna Minning Co. comprou, por US$ 6 milhões, a maioria das ações de uma empresa britânica, a Saint John Mining Co., que se dedicava à exploração do ouro de Minas Gerais desde os longínquos tempos do Império. A Saint John operava no vale do Paraopeba, onde há a maior concentração de ferro do mundo inteiro (...). A empresa inglesa não estava legalmente habilitada para explorar esta riqueza fabulosa, nem estaria a Hanna, de acordo com disposições claras constitucionais e legais que Osni Duarte Pereira enumera em sua obra (Ferro e Independência, Um Desafio à Dignidade Nacional, Rio de Janeiro, 1967) sobre o tema. Porém este foi, segundo se soube logo, o negócio do século.

George Humphrey, diretor-presidente da Hanna, era então membro proeminente do governo dos Estados Unidos, como secretário do Tesouro e como diretor do Eximbank, o banco oficial para o financiamento das operações de comércio exterior. A Saint John tinha solicitado um empréstimo ao Eximbank: não teve sorte até que a Hanna se apoderou da empresa. Desencadearam-se, a partir de então, as mais furiosas pressões sobre os sucessivos governos do Brasil. Os diretores, advogados ou assessores da Hanna - Lucas Lopes, José Luiz Bulhões Pedreira, Roberto Campos, Mário da Silva Pinto, Octávio Gouveia de Bulhões - eram também membros, ao nível mais alto, do Governo do Brasil, e continuaram ocupando cargos de ministros, embaixadores ou diretores de serviços nos ciclos seguintes. A Hanna não tinha escolhido mal seu estado-maior. O bombardeio se fez cada mais intenso, para que se reconhecesse à Hanna o direito de explorar o ferro, que pertencia, a rigor, ao Estado brasileiro. No dia 21 de agosto de 1961, o presidente Jânio Quadros assinou uma resolução que anulava as ilegais autorizações dadas de favor à Hanna e restituía as jazidas de ferro de Minas Gerais à reserva nacional. Quatro dias depois, os ministros militares obrigaram Jânio Quadros a renunciar.
O texto da renúncia dizia: "Forças ocultas terríveis se levantaram contra mim..."

O levante popular encabeçado por Leonel Brizola, em Porto Alegre, frustrou o golpe dos militares (apoiados pelos EUA e pela Hanna) e colocou no poder o vice-presidente João Goulart. Quando em julho de 1962 um ministro quis pôr em prática o decreto fatal contra a Hanna - que tinha sido mutilado no DIARIO OFICIAL -, o embaixador dos EUA, Lincoln Gordon, enviou a Goulart um telegrama protestando com viva indignação pelo atentado que o governo brasileiro ameaçava cometer contra os interesses de uma empresa norte-americana. (...) Goulart vacilava em validar a resolução (nacionalista) de Jânio Quadros.

A espada de Dâmocles da resolução de Jânio permanecia em suspenso sobre a cabeça da Hanna. Por fim, o golpe militar explodiu no último dia de março de 1964, em Minas Gerais, que casualmente era o cenário das jazidas de ferro em disputa. "Para a Hanna - escreveu a revista Fortune -, a revolta que derrubou Goulart na primavera passada chegou como um desses resgates de último minuto pelo Primeiro da Cavalaria". Depois, homens da Hanna passaram a ocupar a vice-presidência do Brasil e três dos ministérios. (...)

(...) Depois que se cansaram de lançar na fogueira ou no fundo da Baía da Guanabara os livros de autores tais como Dostoievski, Tolstoi ou Gorki, e após terem condenado ao exílio, à prisão ou à morte uma quantidade incontável de brasileiros, o recém-instalado regime militar de Humberto de Alencar Castelo Branco pôs mãos à obra: entregou o ferro e todo o resto. A Hanna recebeu seu decreto no dia 24 de dezembro de 1964. Este presente de Natal não só lhe outorgava todas as seguranças para explorar em paz as jazidas de Paraopeba, mas, além disso, apoiava os planos da empresa ianque para ampliar um porto próprio a 66 quilômetros do Rio de Janeiro, e para construir uma ferrovia destinada ao transporte do ferro”.
(Tudo pago com o dinheiro dos brasileiros).

A pressão para derrubar um governante passou antes pela ação dos ianques que se viram prejudicados com a nacionalização da matéria-prima brasileira. E a ladroagem avança até nos mais altos escalões da República, continuando viva até hoje. Para tudo existe uma explicação plausível. Para todo efeito há uma causa.