A moça do tempo disse ontem na TV: chuva forte em todo o Recife neste final de semana. Porém, bastou ela dizer isso para que o sol resolvesse dar o ar de sua graça. E o fim de semana terminou sendo radioso e quente. Como eu digo aos meus cinco leitores: o tempo é instável como a sorte. Ninguém adivinha como ele vai ser no outro dia. Chuva mesmo só lá para as nove da noite quando o corpo já começava a pedir descanso, mesmo que a rua ainda chamasse convidativa para uma curtição diferente.
Na realidade começo a ficar cansado de me sentar numa das poltronas cá de casa para ver e assistir as imbecilidades que a TV brasileira coloca no ar. Parece que os donos das emissoras televisivas acham que todo brasileiro é um asno em potencial, principalmente aos sábados e domingos. Mas isso vem do tempo de quando cachorro falava. A única coisa que me prende à TV é um jogo de futebol que não tenha vitória planejada pelo juiz para um time carioca, paulista ou gaúcho como sempre é comum acontecer.
Muitas vezes sinto saudade do tempo em que a televisão não existia. Havia mais humanidade nas pessoas e nos jovens. Pegava um livro para ler e deixava a imaginação criar as imagens dos personagens. Navegava nas letras como quem navega em um barco em busca de aventuras. Hoje, além da TV, existe a internet e ninguém sabe mais o que é a aventura de sair viajando por lugares ignorados lendo um livro.
Mas também existiam os cinemas. O Recife possuía muitos cinemas. Na falta de outra diversão melhor no fim de semana, íamos ao cinema. E eu lembro que, nas noites dos domingos, todo mundo saía correndo para alcançar uma das duas sessões de cinema no meu bairro. Pai, mãe, filhos desde que o filme fosse com a censura livre. E muitas vezes as filas eram quilométricas nas bilheterias.
Ocorria então uma espécie de congraçamento entre as pessoas. A violência nas ruas nem de longe era igual à de hoje. Na realidade, sem contar os poucos ladrões de galinhas e os batedores de carteira daquela época, nunca vi violência alguma na minha frente. E o silêncio... Sim, agora quero falar da existência do silêncio. Hoje quando paro para recordar... Olhem bem caros cinco leitores, existia um silêncio silencioso antigamente. Não fiquem pasmos. Era realmente um silêncio silencioso. Nos dias atuais já aprendi a conviver com os milhares de ruídos do silêncio. Como meus ouvidos não são lá essas coisas eu até que estou salvo da barafunda. Mas antigamente... Antigamente a gente escutava o silêncio. Não só eu, mas a grande maioria das pessoas também escutava.
Não vim aqui para dizer como é esse tipo de silêncio. Que os mais jovens perguntem aos seus pais, tios, avós etc, pois eles lembram muito bem dele. E não acreditem muito nas lindas moças do tempo que aparecem na TV. Elas buscam programar nossa vida para um pensamento único: amanhã vai fazer sol e vai fazer sol mesmo, dirão. Quem achar o contrário será preso.
Fiquemos livre dessa comédia!
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