Antes do abraço pesado da mãe-terra.
Antes da invasão dos vermes da argila.
A glória de meus versos eu reparto e verto
Para o conhecer imortal da alma viva.
Não, não fiques triste. Aceite a verdade:
Um dia esta minha face nunca mais verás.
Só na amplidão do papel far-se-á alarde
Do imortal que fico no negro dos sinais.
Da cabeça onde tirei os pensamentos
Só irão restar ossos finos e orifícios.
Mortos estarão os meus tormentos.
Vivos ficarão meus sonhos fictícios.
Por isso, venha a mim agora. Bebamos
A cerveja e fumemos o cigarro, necessários.
Sintamos as mulheres e juntos façamos
O ritual maciço aos novos itinerários.
E por que não? Tenhamos alguma serventia.
A vida é um sopro. A morte é eternidade.
O tempo de viver é só um curto dia.
O tempo de partir não vai marcar idade.
Bebamos! A vida é bela enquanto é bebida!
Chorar e rir! Beijar e ganhar abraços.
Escrever o poema é imortalizar a vida.
Fazer um verso é gerar um novo espaço.
Festeje a morte com a vida nesta rima
Pois ao partires nada irá restar daqui.
Uma outra gente poderá ser-te prima.
Jovens e velhos ler-te-ão e vão sorrir.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 24 de junho de 2010.
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