segunda-feira, 29 de novembro de 2010

INSTANTES

Marco em mim 61 anos. Estou vivo.
Não sinto cansaço agora.
Mesmo que todos os instantes dos outros
Estejam a me parecer cansativos
Nas suas intermitências e repetições.
Sempre vejo sentido para tudo que faço.
E mais para os algos que não posso fazer.
Acho interessante ver os tantos da mesma idade
A olhar só o passado, como se vendo
Coisas antigas ainda para construir.

Eu pretendo coisas novas.
Não estou resignado a nada.
Olho meu corpo e sinto necessidades
Dessas de partilhamento com a vida
Mas também olho para os lados
E vejo as mentiras destiladas do cotidiano
Vejo terras de mulheres e homens odiosos
Não todos, claro, mas uma massa
A insultar meu tempo progressista e tolerante.

Quando converso com o amigo na mesa do bar
Saio saltitante a falar de minhas proezas
E a escutar as proezas que ele conta.
Ambição desregrada essa de dois poetas:
Cheios de certezas absolutas.
Cheios de incertezas reais.
Nós ambos, sabemos que resta muito pouco.
Mas nada tememos disso.
Ainda...

Marco meus 61 anos na certeza
Do quanto estou vivo e completo em mim.

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