Pelo meu agora instante intranquilo
De onde os versos nem sabem aonde vão
Meu dormir parece mais o de um felino
Tentando espantar a solidão.
O quarto escuro se enche de miragens
A tentar falar comigo ideias vãs
Nesta idade para que novas paisagens
Se já não tenho mais almas irmãs?
Meu olhar vadeia o teto insondável
E põe a viajar por ele o coração
E o corpo seminu peleja insaciável
Contra a febre e contra a paixão.
Eis, aparecendo velhos pesadelos
Para encher de terror meus pensamentos
Abre-se o solo sobre meus joelhos
E meu grito rouco saltita seus tormentos.
Maldita! O que desejas de mim agora?
Já não basta ser fantasma pela noite?
Maldita solidão! E até mesmo na aurora?
Por que tenho de viver sob teu açoite?
As horas passam e o sono impedido
De ser sono abre alas à insônia crua.
E de repente o dia nasce entristecido
E a dor ataca o peito totalmente nua.
Ah, desde quando eu me sei a vida é essa:
Trevosa e cheia de pedras e de abismos
Até agora consentidos à minha pressa
De viver sempre a fugir de tantos sismos.
Assim, sigo a vida triste enquanto fico velho.
Coração solitário neste inquieto mundo.
Morro aos poucos à luz de meu espelho
E despeço-me assim, profundo, profundo...
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@ Copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 12 de julho de 2011.
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