quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

VENUS CITADINA – Um conto moderno

E ela chegou ao terminal rodoviário. Desceu do ônibus. Cidade nova. Estranha. Lugar novo. Caras novas. Pegou a mala pela alça e saiu caminhando em direção ao hall principal. Homens, mulheres, adolescentes a esperar amigos ou familiares. O clima estava exaltado. Alegre mesmo. O carnaval às portas era a prova disso. O odor de suor e perfume e tempo passado dentro do ônibus misturavam-se ao cheiro da nova terra que a recebia.

Buscou com os olhos. Navegou o olhar ao redor. Onde ele estava? Disse que estaria ali para recebê-la. Onde? De repente, ele atravessou a multidão e acenou. Sorria. E chamava o nome dela. Ela sorriu e gritou o nome dele. Saiu quase a correr até sentir o corpo seguro por mãos poderosas, fortes. O cheiro do macho penetrou em suas narinas. Ela aspirou fundo. Gostou.

“Pensei que não vinhas”. “O ônibus atrasou meia hora”. “Sei. Avisaram aqui. Eu estava a estranhar e perguntei”. “Puxa! Que cheiro gostoso você tem!” Ele riu. Apertou ela nos braços. Colou-se a ela. Ela sentiu a rigidez do membro de encontro ao ventre. O corpo arrepiou-se todo. Ele notou. Segurou ambas as faces dela com ambas as mãos. Ficou a olhá-la. “Maravilhosa!”, disse. Ela ficou meio sem jeito, mas não afastou o corpo. Estava gostando do contato do macho contra si mesma.

Olhos com olhos. Ela notou que desejava. Ele também notou a ardência. A boca a salivar o forte desejo. Ela entreabriu os lábios. Ofereceu a boca para a dele. Coladas uma na outra ela ofereceu a língua enfiando-a na boca dele. Ele sugou a língua molhada e macia e saboreou a saliva dela e também ofereceu a dele e ela a tomou para si, sugando-a com um carinho e um desejo incontido.

Após o beijo, os olhos continuaram nos olhos. O mundo ao redor não existia. Ele a enlaçou pela cintura. “Vamos?” “Vamos, sim. Preciso tomar um banho. Estou suja e suada e de garganta seca” Foram até um dos bares do terminal rodoviário. Uma cerveja gelada encheu dois copos. Ele notou que os bicos dos seios dela estavam endurecidos. Os pelos das coxas mostravam um arrepio constante. Ela seguia o olhar fascinado do macho.

De repente, pousou a mão na virilha dele e sentiu a pulsação do membro como se fosse um coração. Sempre a olhar para ele, apertou suavemente por cima da calça jeans. Ofereceu de novo a boca. Sentiu a mão áspera e quente dele a acariciar sua coxa direita, indo e vindo. O beijo agora foi mais demorado. Mais sutil. Mais daquele mais de saboreamento de homem para mulher e de mulher para homem. Apertou mais o membro rígido e sentiu a mão dele deslizar para o centro de suas coxas e por sobre o short acariciá-la destemidamente por baixo da mesa do bar.

Salivou como louca. Estava úmida lá por baixo. Sentia a calcinha colando-se na pele vaginal devido à caricia que ele fazia com a mão por sobre o diminuto short. Parou de beijá-lo. Ele tomou um gole de cerveja. Ela fez o mesmo. Voltaram a se olhar. “Estou louco por você!” “Você está me deixando louca!” “Isso é bom! Com tanto tempo que a gente se conhece e só agora eu consigo pegar em teu corpo” “Antes era virtual – disse ela – Agora é real”. “Sim, real e excitante. Quando te via no monitor do computador ficava com um tesão danado. Agora...” “Agora?” “Você nem imagina. Que palavras escolho para definir isso?” Ela riu. Um riso cristalino. Os lábios carnudos tremeram durante o riso. “Quero ser toda tua! Quero!” “Vamos resolver essa questão logo, logo”, disse ele.

Saíram de mãos dadas do bar. Pegaram um táxi. No rumo ao centro da cidade, os beijos se multiplicaram. Ainda que sentissem sobre eles os olhos do motorista, não ligaram para isso. Chegaram ao hotel do centro da cidade. Uma hospedaria simples. No balcão foram atendidos por uma recepcionista sorridente. Primeiro andar. Quarto 1002. Receberam a chave e subiram abraçados. Já no quarto jogaram-se nos braços um do outro e voltaram aos beijos e carícias afoitas. Em pouco tempo ela estava apenas com a calcinha rendada e minúscula e ele de cueca, colados ambos sobre a cama, rolando e se acariciando. Os pequenos seios eram sugados por ele de tal forma que os gemidos dela batiam de parede em parede e voltavam a se alojar na própria garganta. A mão dela agora segurava o pênis rijo e endurecido e acariciava destemida, sentindo o pulsar, sentindo as veias grossas, sentindo o liquido a escorrer pelo orifício uretral.

“Ahhh! Espera, querido! Espera!” – pediu, quando ele começou a beijar e a lamber cada pedaço de sua carne, deslizando pelas axilas, pelo pescoço, no centro dos seios e descendo, descendo... “Aiii! Espera! Preciso tomar um banho! Estou suada! Não estou toda limpa. Aiiii! Que gostoso! Vaiii! Vaii, amor! Vaiii!” E ele ia e vinha e descia com a língua adentrando pelo ventre, deslizando pelo lábios vaginais, cheirando e lambendo e saboreando os líquidos a escorrer da carnuda boceta, mordendo suavemente os lados das coxas negras. Ela o agarrava pelos cabelos. E ainda que pedisse um paradeiro aquilo para ir ao banho, também pedia mais e mais os mergulhos daquela língua, as mordidelas daqueles dentes de macho entre as coxas, na carnudez da boceta...

Gritou! O forte orgasmo fez deslizar os líquidos interiores para a boca e a língua dele. Gritou e buscou abafar o grito com um dos travesseiros da cama. Ele estava a chupar de forma frenética e compenetrada o clitóris e este excitado ao extremo ficou na parecença de um botão a tentar fugir de dentro dela, a tentar fazer-se flor. Ele sugava. Ele lambia. Ela chorava. Ela gemia e dizia não e dizia sim e tentava fechar as pernas e era impedida pelos braços fortes dele. De repente, a noite fez-se dia e relampejos de estrelas e cometas e meteoros um mergulho aos piscares de luzes coloridas e frio intenso e sol intenso e quase uma subida em voo direto a maior das galáxias universal. Ao retornar do mergulho desse prazer, ele estava a olhar para ela, deitado de lado, acariciando suavemente o corpo nu dela.

“Pensei que estava morrendo e indo pro céu!”, disse ela. “Mas estou viva!”. “Foi bom? Diga se foi bom”. Ela riu. O riso cristalino e feliz encheu o quarto, bateu em todas as paredes. Fez voar os lençóis da cama. E voltou de novo para ela e novamente repetiu-se até que ele a calou com um enlaçar o corpo e um colar boca a boca de mais de minutos. Ao estacionarem o beijo no tempo e no espaço, ela viu o quanto tinha sido possuída pela boca e pela língua e pelos dedos do homem e ainda estava suada e suja da longa viagem. “Você é tão louco! Preciso tomar um banho! Quero ficar cheirosa pra você. Quero ser mais toda tua” “Você é toda cheirosa lavada ou não lavada. Mas vá ficar mais cheirosa ainda porque teremos tempo para tudo”. “Sim. Sim. Sim. Teremos tempo! Muito tempo!”

Pela janela do quarto zuniu o vento. Enquanto saía da cama nua e negra e bela encaminhando-se para a ducha ela observava os olhos do homem a percorrer cada pedaço de sua carne. Sentiu-se poderosa e dona dos milhões de artifícios postos pela deusa Citérea nas mãos de todas as mulheres. Ele amava. Ela amava. O que será que acontecerá mais em nosso breve tempo?
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@ Copyright by Rafael Rocha - Recife, 5 de janeiro de 2012

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