quinta-feira, 22 de março de 2012

A DITADURA DO POLITICAMENTE CORRETO

O politicamente correto é uma tremenda burrice porque condiciona todo mundo a pensar e a agir de uma forma só. A forma é e será aquela que os defensores dessa burrice consideram correta, como se eles (os defensores) fossem os donos da verdade. Pelo pensamento politicamente correto mata-se a crítica e torna a oposição a algo ou a alguém como algo abominável. Burrice que enche saco e planta raízes. Seus defensores querem que todo mundo faça parte de um consenso (o deles) e que imponha a si mesmo votos de silêncio. Este é um novo tipo de condicionamento ditatorial.

Assim, o futuro da liberdade de pensamento do homem está em jogo. A imposição de um ponto de vista particular para tornar-se única verdade universal é uma estupidez das grandes. E obrigar todo mundo a compartilhar essa estupidez fere a liberdade de pensamento. Resumindo, viver seguindo o politicamente correto é viver de rabo preso a uma ideia única e não possuir ideias próprias e voz própria. Tem algo chamado de patrulhamento. Antes era patrulhamento ideológico. Hoje mudou muito pouco sua pompa. É a patrulha do politicamente correto. É o  AI-5 dos dias atuais. Por essa cartilha todo mundo tem de falar como manda o manual.

Uma grande merda! E não venham reclamar de mim por escrever assim! Repito: é uma grande MERDA! Pois ninguém tem o direito de policiar as ideias de ninguém. Abaixo a ditadura do pensamento! E abaixo o "politicamente correto" também! Vejam no diálogo abaixo, como um patrulhador do politicamente correto se comporta:

- Boa tarde, senhor! Por favor, preencha esta ficha!

- Não vai dar! Você me chamou de senhor! Você me prejulgou. Você me chamou de idoso. E mostrou nas entrelinhas que eu sou uma pessoa com status social superior ao seu! Assim não dá!

- Peço desculpas! Quis apenas ser respeitoso!

- Rapaz, eu estou aqui para fazer uma compra. Não estou aqui procurando respeito. Quem gosta desse tipo de tratamento é burguês metido a nobre.

- Então como devo chamá-lo?

- De cidadão, de camarada, de companheiro, qualquer coisa assim! E, olhe, aqui nesta sua ficha esta incorreção que eu tenho de preencher. No item “qual o seu sexo” constam apenas duas alternativas.

- E existe outra alternativa, cidadão?

- Muitas! Aqui devia ter apenas "qual a sua orientação sexual" com um espaço em branco para ser preenchido.

- Ai, ai ai, a coisa está ficando preta!

- Cuidado, rapaz, você não deve usar essa expressão. Essa expressão define um quadro confuso, pois alude aos negros. Perdão, agora eles são afrodescendentes. Essa expressão "a coisa está ficando preta” é uma expressão racista.

- Ai, ai, ai, meu Deus!

- Fique calmo! O que você acabou de exclamar agora também é politicamente incorreto. Tem muita gente no mundo que acredita em outro deus. Como outros que cultuam vários deuses e também os que não acreditam em deus nenhum. Por outro lado, por que o seu deus atenderia particularmente ao seu chamado?

- Com licença, cidadão. Mas não posso ficar aqui conversando. Tenho de trabalhar.

- O que você quis dizer com isso? Que eu não tenho trabalho? Só porque estou vestido como uma pessoa mais jovem, como um estudante?

O mundo está hipócrita mesmo. E hipócrita demais. E intolerante! O politicamente correto é simplesmente uma merda foda inventada por homens e mulheres almofadinhas hipócritas. E quem segue o politicamente correto são homens e mulheres almofadinhas hipócritas também. Podem me chamar de politicamente incorreto. Será até um elogio que me fazem. Antes de tudo eu sou livre! E não tolero os intolerantes e consensos hipócritas. Dentro desses consensos criaram uma cartilhinha com aproximadamente 96 palavras consideradas pejorativas, entre elas: beata, comunista, funcionário público, preto, anão, bicha, viado. Delírio totalitário! Estão querendo reinventar o idioma português expurgando termos consagrados e dificultando o trabalho dos escritores no uso de metáforas. Será que vão processar Chico Buarque porque na música “Meu Caro Amigo” ele diz a um exilado que aqui “a coisa está preta”?

Pelo visto, chamar um político de ladrão é politicamente incorreto, pois ladrão é o indivíduo pobre que rouba. Político deve ser chamado de corrupto; Maconheiro é um termo ofensivo a quem é usuário de maconha, ou para quem defende a legalização da mesma; Palhaço é um termo que ofende a dignidade do profissional que trabalha no circo, até que faz sentido, se comparado com os outros casos citados; Barbeiro é ofensivo ao profissional da barbearia. Aliás, por que será que o motorista ruim é chamado de barbeiro? Sapatão é um termo depreciativo às mulheres homossexuais, o termo correto a se usar deve ser lésbica; Viado é um termo que ofende os animais chamados veados. O termo correto deve ser gay.

Pelo que vejo e conheço neste mundo atual regido pelo patrulhamento do politicamente correto é uma troca de palavras simples e curtas por expressões longas e até mesmo complicadas para pronunciar. Portanto, a palavra negro, tão simples e de apenas duas sílabas, é substituída por afro-descendente com seis sílabas e a palavra deficiente é trocada por portador de necessidades especiais. Claro que defendo a existência de razões corretas para não usar palavras carregadas de preconceito, mas... Considero que a solução definitiva é deixar de enxergar preconceito nas palavras. Por que não chamar de negro alguém que tem a pele negra? Por que não chamar de deficiente alguém com deficiência visual, auditiva etc? O preconceito não está na palavra, mas na cabeça de quem escuta a palavra.

Sinceramente, esse negócio de politicamente correto é algo utilizado pelas oligarquias que dominam o planeta com a intenção de desorganizar os países. Obrigando por lei e por cartilhas a que a população siga um pensamento único essas oligarquias corroem as bases conceituais tradicionais dos países menos poderosos, os periféricos (e são esses que possuem grandes riquezas naturais) para, esfacelá-los cultural, ideológica, política, social e moralmente. Dessa forma, as oligarquias conseguem desenvolver o chamado “novo colonialismo”, mantendo consigo o poder econômico e cultural do mundo.

Portanto, como bem salientou o jornalista português Henrique Raposo, no jornal Expresso de Lisboa (23/04/2010),O politicamente correto não é uma ideologia coletiva. É, isso sim, uma crença privada. Mas, atenção, é uma crença privada partilhada, em silêncio, por milhões. É um manual de comportamento e de policiamento do pensamento e do vocabulário”.

3 comentários:

Genésio Linhares disse...

Grande poeta! Você tem meu apoio. Todo e qualquer tipo de censura são formas de querer manipular e domesticar as pessoas. Essa onda do "politicamente correto" é ideológico sim. Querem criar robôs, cordeirinhos que repetem passivamente o que mandam dizer. Quando você fala que países ricos estão impondo o pensamento único, eu digo o contrário. Manipular as massas para este caminho significa não ter pensamento nenhum. Só há pensamento quando as diferenças afloram, pois cada ser humano é um mundo e tem sua visão própria das coisas. É profundamente paradoxal e triste saber que o sistema capitalista, em tese, defende a democracia, mas é intolerante com a diversidade e multiplicidade de culturas, de pensamentos autóctones. Essa onda do politicamente correto é um cabresto. É mais uma forma tirânica de silenciar e intimidar as mentes pensantes. Agora mesmo, para poder compartilhar a Palavra Rocha sobre A Ditadura do Politicamente Correto sofri, pela primeira vez, censura. Mostraram aquelas palavras para escrever para poder liberar o compartilhamento. Resultado, botaram letras bem apagas e difíceis de ler. Não consgui três vezes, só na quarta é que acertei. Vamos fazer um movimento contra essas baboseiras. Sou contra preconceitos, mas não caio em nóias verborréicas falaciosas, tendenciosas e castradoras. Defendo a pluralidade e a liberdade das ideias.
Genésio Linhares
Recife, 23/03/12.

Samer Lopes disse...

Você simplsmente expressou todos os meus pensamentos a respeito do assunto. O politicamente correto se tornou uma ditadura abusiva, onde não há o direito de livre expressão, inclusive estão matando até o humor, onde tudo deve ser dito com palavras bonitinhas e fofas, para não ofender o coleguinha que sofre de inferioridade histórica. Muito bom seu texto. Apenas uma observação, esses dias resolvi usar a rede social para expressar que eu gostava de ser magro e eis que vieram um batalhão de "militantes" me chamando de gordofóbico. A coisa ta preta! Não, deixa eu corrigir: a coisa ta demasiadamente com um tom mais sombrio.

Deboro Melo disse...

Estamos na era da idiótima . Esclarecimendo : é um vocábulo que eu inventei do termo quanto mais idiota melhor...vivemos num sistema social em que tudo tem que seguir um patrão estabelecido. Enfim existe regra pra tudo, ninguém pode ser diferente e tudo mundo tem que ser igual e pensar igual. É uma grande merda ideológica ..