segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

RECIFE PLANTADO

O Recife se planta nas águas
Nos olhos dos homens
Nas mãos de crianças maduras
No seio da fome
O Recife se planta nas ruas
De raízes sedentas
Em mulheres famintas de sonhos
Regados a luzes mortiças

Ruas paralelas à morte
E desiguais à vida
A cidade dorme e acorda
Faminta de ilusão
Águas, areais, mangues
Do alto da Sé de Olinda
Vicejam catacumbas

O Recife nascemos nas noites
Mais cruéis que os dias
Nascemos o Recife nas entranhas
Do buraco no mar
O Recife vivemos nos ares
Sombrios feiticeiros
Dos velhos fidalgos
Nassovianos ou portucales

Os homens fazem fria a cidade
Quente a fazem as mulheres
Mornas as mãos infantis
Dão a fé e a esperança

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