quinta-feira, 10 de abril de 2008

DURANTE

Solitário... / Na amurada da ponte vendo o rio / Fazendo ondas. No sozinho / De um sentimento ordinário / Na surdez dos meus tímpanos / Nos olhos sobre os líquidos / Vejo-me extraordinário / Vejo-me submerso / Nas águas das mágoas dos momentos / Nascidos de algum velho desvario.

Carrego na solidão outra fome / – Algo assim sem nome – / Tão vulgar como uma sombra / A envolver de escuridão o corpo / E uma angústia nessa solidão / É tão ressentida/pressentida / Vista no reflexo do rio / Vista na crise da vida / Nas águas das mágoas dos momentos / De algum velho desvario nascidas.

Lembro dos teus olhos azuis / Dispersos na amplidão do teu verbo / Agora quando existe a essência / Da falta intensa do corpo / Quando a estrutura do tempo / Impermeabiliza a saudade / Impermeabiliza a vontade / Impermeabiliza todo o culto / Das águas/lágrimas dos momentos / De desvarios errantes na cidade.

Ainda não sei se por acaso lembras / Aquele amor quase construído / Que absorveu ventos e noturnos / Encontros sob a luz das estrelas. / Solitário... / Nas águas que buscam aquela foz / Vejo-me disperso / Vejo-me deserto / Vejo-me assim quase sem voz / Um discurso de sexo líquido / de algum durante perto do infinito.

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