Como se vindos do nada meus pensamentos voaram sobre o Recife nas noites de solidão e de farra. Trouxeram lembranças de velhos amigos, cheiros de mangues, luzes amarrotadas das avenidas, olhares de mulheres e crianças tristes, e o grito de guerra do meu Sport. O Recife se fez gente. Trouxe até mim as mulheres, amigos de bebedeira, poesia e tudo que pudesse apaziguar a mente que não se cansa de pensar. Assim nasceu a palavra vinda de minha rocha.
terça-feira, 21 de julho de 2009
NOSFERATU EM CINCO
Busco o segredo desenhado sob o solo
De fantástico desejo recorrente
Asas negras escurecem o sol do pólo
Terremotos nas terras do Ocidente
Fera negra meu corpo anda a voejar
No olho de furacões desabridos
Ser notívago de costume tumular
Espaços frios e ainda não sabidos.
Sou anti-herói desse ar medonho
Onde a dor é mais que simples sonho
Onde moram os vampiros e zumbis
E durmo louco no escuro sarcófago
A mastigar um verso antropófago
Querendo sangue como jamais eu quis.
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E pela parca amplidão da noite escura
Nas velhas esquinas sujas da província
Uma carne feminina faz-se pura
E seu cheiro me enlaça em serpentina
Veias azuis a pedir os meus caninos
A enterrarem-se no macio pescoço
Desatinadas animam meu destino
Acordo de minha tumba em alvoroço
O manto negro se abre em longas asas
E vôo célere adejando sobre as casas
Sôfrega sede a pelejar como um tormento
Até descobri-la nua e esplêndida e bela
Oferecendo-me no parapeito da janela
O sangue rubro pra aplacar meu sofrimento.
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E faço-a minha! A minha vamp eternizada!
Guardo-a bela na tumba e no negrume
Levo-a em vôos noturnos transformada
Em Nosferatu companheira do meu lume
Nas vielas busco sangue para sua fome
Apartar e tê-la sempre minha escrava
Sussurrando aos seus ouvidos o meu nome
E sugando em todo dia a sua veia cava
Em vôos noturnos somos negras feras
Escondidas pelas deusas das quimeras
E ninguém sabe nosso lugar medonho
E os humanos são alimentos finos
Sangue puro a escorrer pelos caninos
E a nos trazer paixão a outro sonho.
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Sangue é a vida para a nossa eternidade
Fonte deliciosa nosso vício a alimentar
Sangue é o vinho a embebedar a liberdade
E a sede e o suplício da morte assassinar.
Voa pela cidade, amada de vida noturna!
Suga dos corpos puros este anseio de razão
Retorna para mim antes do vir a luz diurna
E dá-me a conta-gotas o líquido da paixão.
Depois, cubro sua carne com o negro manto
E no sibilar de rasgar a epiderme eu canto
Melodias funéreas a ressoar na pele imortal
E na lúgubre laje do nosso tumular sarcófago
Eu e você faremos nosso amor xifópago
A usufruir de cada um o sangue seminal.
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E se tivermos de reinar na imortalidade escura
No deserto fúnebre das trevas e das fossas
Não esqueça que poderei aglutinar a loucura
Ser vampiro e amante mesmo que não possas
Fugir do destino de ser toda sangue e medo
E serpente a deslizar nas alfombras de mim
Cuidado com a cruz daquele homem tredo
Cantor da morte extrema como salvação e fim.
Estaremos unidos em nossa eterna juventude
E imortais seremos em afago e atitude
E de nossa negridão espalharemos esse amor.
Sugando o sangue das almas interesseiras
Reviveremos as transilvânias guerreiras
E reinaremos apesar do medo e do pavor.
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© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife
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Um comentário:
Viajei, bela poesia muita informação,
sem contar que temos coisas em comum.
filmes musicas pesias.Quando quiser faça-me uma visista janefreitas.blogspot.com
SENTIMENTALIDADES. serás muito bem vindo não é informativo como seu mais eu ouso escrever poemas.Abraços até lá..
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