domingo, 16 de maio de 2010

VERSOS DESTILADOS

Deste meu lugar destilo os versos de minhas fibras
Aos braços das mulheres ansiosas por meu canto.

Não só tão ansiosas, mas ainda repletas de desejos
E loucuras de carne e beijos e repetidas carícias.

Tenho a mulher como um espaço poético maciço
Loura, negra, branca... Todas têm segredos fixos...

E do jeito que as quero nos meus sonhos da vida
Quero-as no real de mim presas em minha caminhada.

Corpo de mulher! Que desvario para minhas noites!
Cheiros, maciezas, umidades de pelos e de lábios.

Assim como as margens de um rio recebem ondas
Meu corpo recebe as mesmas carícias dos desejos.

Deste meu lugar escrevo os versos concretos de mim
Para os olhos das belas ninfas ansiosas pelo canto.

Não apenas ansiosas elas são. São todas ansiadas.
Seus beijos e seus anelos. Seus ventres e suas almas.

Corpo feminino a se mostrar aberto aos meus anseios.
Deglutirei o sabor dos seios e o sal de tuas vísceras.

Corpo feminino a espelhar risos e outros encantos
Mergulharei rijo para conhecer teu interior secreto.

Deste meu lugar o corpo anseia por gestos obscenos
Numa cama e entre as macias pernas da fêmea agitada.

Deste lugar um oceano recebe ventos de tormenta
E naufragam meus navios nas procelosas vagas.

Quando ficas calma, corpo de mulher, és terra macia.
Onde o náufrago desliza na busca da sobrevivência.

Antes pensar em sobreviver morrendo dentro em ti.
Antes pensar em morrer sobrevivendo em teu plano.

Ainda que o poeta deva acreditar no plano próprio.
Homem que sabe ver a tua miragem no oceano.

E por mais poeta a definir ventos tempestuosos
Seja o homem o espelho e a transmutação do canto.

Canto venéreo. Canto sexual. Canto livre e sem árbitro.
Sejas tu, mulher, o destino. Sejas, tu, o último parto

Onde eu possa mergulhar em cheiros e umidades novas
E repartir contigo estes versos lúcidos e suados.

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