Da vida trago braços de espumas salgadas
Do mar e dos eflúvios doces dos rios
De meus sonhos de infância colhi pedras
Nada ficou de meus anseios de homem
A vida permanece úmida e fria
Sob os raios desse estranho sol permanente.
Na minha estrada colhi poeira
Marquei com meus pés a lama
Tantos pisaram comigo os caminhos
Nem mais lembro os rostos e as bocas
Sobraram no finito da caminhada
Nas profundezas de suas dimensões.
Minhas areias humanas fazem praias
E ancoradouro para os atuais amigos
E margens de grandes rios às mulheres
Essas loucas a me trazer vida noturna
Nos lençóis e nos quentes travesseiros
Umidificadas pelas gotas de suas chuvas.
O tempo está a erguer estátuas de pedra
Marcando momentos das elegias finais
Há um ancoradouro em horizonte novo
Vazio de barcos e ainda sem albor de sol.
O tempo está a causar medo a minha carne.
O tempo está a escrever tantos epitáfios.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 29 de junho de 2010.
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