sexta-feira, 16 de julho de 2010

CAMINHADA

Posso ao teu lado caminhar nas ruas da cidade
Pelos estreitos becos sujos e nas largas avenidas
Posso ao teu lado espairecer em todos os bares
Posso ao teu lado lembrar coisas de nossas vidas
Coisas nascidas e vividas em lugares mais remotos
Como nos jardins, nas praças escuras e nas camas
Posso ao teu lado lembrar versos ainda ignotos
Quando eu dizia: Te amo! E inquirias: Tu me amas?

Tanto mesmo eu deseje não mais posso retornar
Aos becos sujos da cidade e aos bares vazios
Tanto eu deseje não posso ver o gosto de amar
Coisas tidas juntos. Sonhos mais que fugidios
E marcados nos lugares mais estranhos da terra
E vividos nos caminhos mais dilacerantes
Tanto eu deseje não posso mais partir à guerra
Daquele amor ao qual nos fizemos tão constantes.

Porém, meus versos vêm e vão e trazem a nostalgia
Como a louca dor imensa a crescer dentro do peito
Nada mais posso ao teu lado. Nem mesmo alegria
Vem de longe ou de perto refazer o imperfeito
Destino de amor tido em conjunto neste mundo
Onde só agora a morte pode colocar ponto final
Espargindo minha dor cantante de poeta vagabundo
Em teus braços, amada, em um derradeiro ritual.



© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 16 de julho de 2010

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