domingo, 4 de julho de 2010

DESAMPARO

Lembro o dia em que galguei a montanha da vida
Tentando esculturar a paixão adormecida em mim.
Rostos e corpos desfaziam-se em plena poesia
E meu grito de raiva ecoava de tal modo maciço
Trazendo a dor de ser humano sem alegria
Eu estava sem guarida...

Meus ouvidos surdos escutaram vozes invisíveis
E adormeci nas ruas de meu exílio particular.
Mulheres e homens zombaram daquilo que eu era
E resolvi tornar mais surda minha vida.
Mas não derramei lágrimas em vão no mundo
Busquei renascer nas profundezas de mim.

Escrevi versos como quem parte para sempre
E ressuscitei meus anseios de criança travessa.
Nos braços da mulher amada fugi do exílio
E achei amigos nos quais nunca pensava muito.
Esculturei a paixão mais que embevecida
E consegui da alegria um sorriso fortuito.

Hoje ainda continuo exilado no país dos versos.
Mas ao menos tenho quem apare os meus gritos
Ainda que exilado mantenha o corpo vivo
E dores de amor permaneçam a voejar em mim.
Escrevo e crio palavras sempre definitivas
Eu ainda estou meio sem guarida....


© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 4 de julho de 2010.

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