Sou aquele a iludir o reino das palavras no meu tédio.
De olhar os ponteiros do relógio no deslize vagaroso.
Trago em mim o pretexto de dizer versos amargos
E semear poentes e albores como sendo poderoso.
Estou preso aos selvagens espinhos de minha carne
Prenhe de anseios tal um pedinte de porta em porta.
E vôo como um pássaro: asas abertas em incógnitas
E canto quase sem querer minha natureza morta.
Minhas rugas mostram o tempo meio assim mutável
Onde passei anos e anos a semear palavras vãs.
Meu corpo adentra na corrosão do novo tempo
Na tentativa louca de alcançar carnes irmãs.
Sou o poeta a iludir o oceano e o navio da vida
Erodido pelo tempo e a olhar para todos os relógios.
Esfarela-se minha pedra em poeira nos caminhos
E não paro de fazer comigo estes estranhos colóquios.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 8 de julho de 2010.
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