sexta-feira, 3 de setembro de 2010

HOMEM E MENINO

Em espaços de terras verdes o homem é menino
E nele os pensamentos de grandeza voam.
Eu movo meus sons de homem como uma criança
Sugando o que me passa à frente.
Tenho medo de dormir quando a noite é fria.
Penso que a morte poderá tocar meus sonhos.
Não que possa morrer e deixar de estar aqui
Mas que meus sonhos morram antes de serem reais.

O menino que há em mim tenta ser homem adulto
Mas se regozija com uma música e com um jogo de paixão.
E escreve dentro de si um pedaço de saudade
Para o seu próprio futuro que já se tornou passado.
Ele olha o mundo como se fosse um enigma
A desvendar dentro de breves dias e não anos
E pensa o amor ainda como nos contos de fada.
E pensa a vida como uma eternidade sem morte.

Natural que eu pense e tenha medo de deitar na cama.
Dormir com o meu tempo e sangrar o amor no sonho.
Subir nas árvores velhas e conversar o maduro das frutas.
Sendo homem vou até a cama e beijo o corpo da mulher.
Sendo menino enrosco-me nela como se fosse mãe.
E amplamente afigura-se-me a vida como um barbante
Que a qualquer momento irá partir-se.
Que a qualquer momento cairei no abismo.



@ Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 3 de setembro de 2010

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