quarta-feira, 15 de setembro de 2010

RABISCOS

De repente pus nas pontas dos dedos o coração.
Rabisquei no guardanapo cem versos de amor.
Da letra A até a Z nasceram mil palavras
Criando os versos nunca escritos do adeus.

Amante...
Prostituta...
Símbolo sexual...
Mulher...
O meu mistério de buscar-te desabrigava-se
Em Drummond a tentar catar migalhas esparsas
Pondo de Vinicus o amor total nas avenidas.
No beco solitário abraçando Bandeira.
E tudo ficou igual ao menino do Neruda
Sem paz alguma com minha consciência.

Aos espaços infinitos do meu canto novo
Falei do corpo da mulher mais bela do mundo
Com sonhos que nunca mais terei aqui
Rabiscados no guardanapo de papel da mesa do bar.

Amante...
Bêbado...
Fumante...
Homem...
Era eu a buscar veleidades de ilusões esparsas
Nos caminhos onde abriguei cantos infinitos
Versos tristes de Neruda nas escrivaninhas.
A ausência de Vinicius nas noites vazias.
Na consoada de Bandeira mesa e casa prontas
Vivendo em luta com meu estar e ser.

Nunca estará terminado o verso do adeus.
Ainda que a mulher mais bela esteja longe.
Meu destino ficará posto como migalhas
Espalhadas na mesa do bar onde rabisquei o amor.


@ Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 15 de setembro de 2010

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