domingo, 24 de julho de 2011

DE ANTES DAS PRISCAS ERAS

Do tempo de onde não havia estrelas
Nem sóis nem luas nem planetas
Tempo de onde gases de venenos
Agarravam bactérias ainda não florais
A ideia flutuava.

Do momento de onde não havia voz
Nem bocas nem tímpanos nem olhos
Momento de onde convergia silêncio
Viviam vírus dos futuros tão gerais.
A ideia começava.

Do instante de onde o tempo alçava voo
Nas alfombras sem luz e sem ecos
Instante de onde cruzaram-se poeiras térmicas
Em busca de alimentos estratosféricos
A ideia bailava.

Um dia...
Tudo envelheceu juntando faces enrugadas
Em fogo e relâmpagos e trovões e águas
Em neve e no caldeirão dos buracos negros
Explodiu a ideia.

Uma noite...
Colisão furtiva de milhões de térmicas
Deu-se à luz ao turbilhão dos sons de pedras
Águas e trovoadas e neve e frio e calor
Enrijeceu-se a ideia.

Sol. Estrelas. Cometas. Meteoros. Luas.
Logaritmos fugazes de linhas planejadas
A trouxeram.
E o verme começou a dançar nos vácuos
Uma ilha de fogo abriu alas às galáxias.

No tempo de onde vácuos ergueram-se
Como espaços maiores e infinitos
Tempo de onde gases vivificados
Ameigaram as bactérias de seres vivos
Nasceu o logos.

Do momento assim de onde veio um som
Uma música fina aos ouvidos surdos
Momento de onde convergiu o eco
Do vírus em trâmite de ligações termais
O logos começava.

Do instante de onde pariu-se o mundo
Nas violências e nos choques de ondas
Crescentes tempestades magnéticas
Na busca de habitats consistentes
O logos dançava.

Um dia...
Tudo anoiteceu em faces infantis e jovens
Em luz e em verde e em azul e em neon
Enormes bolas astrais iniciaram voos
O logo explodia.

Uma noite...
A colisão de água e fogo e terra e gás
Deu-se à luz poeira de estrelas
E algo assim de ar e calor e frio
Enrijeceu o logos.

Ardeu então nas profundezas coisas de asas
E pedras e céus desmoronados e quadrúpedes
E árvores e chuva e rios e mares e cavernas
E corpos errantes e a dor de nada se saber:
De onde o logos?

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@ Copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 30 de junho de 2011.

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