Do tempo de onde não havia estrelas
Nem sóis nem luas nem planetas
Tempo de onde gases de venenos
Agarravam bactérias ainda não florais
A ideia flutuava.
Do momento de onde não havia voz
Nem bocas nem tímpanos nem olhos
Momento de onde convergia silêncio
Viviam vírus dos futuros tão gerais.
A ideia começava.
Do instante de onde o tempo alçava voo
Nas alfombras sem luz e sem ecos
Instante de onde cruzaram-se poeiras térmicas
Em busca de alimentos estratosféricos
A ideia bailava.
Um dia...
Tudo envelheceu juntando faces enrugadas
Em fogo e relâmpagos e trovões e águas
Em neve e no caldeirão dos buracos negros
Explodiu a ideia.
Uma noite...
Colisão furtiva de milhões de térmicas
Deu-se à luz ao turbilhão dos sons de pedras
Águas e trovoadas e neve e frio e calor
Enrijeceu-se a ideia.
Sol. Estrelas. Cometas. Meteoros. Luas.
Logaritmos fugazes de linhas planejadas
A trouxeram.
E o verme começou a dançar nos vácuos
Uma ilha de fogo abriu alas às galáxias.
No tempo de onde vácuos ergueram-se
Como espaços maiores e infinitos
Tempo de onde gases vivificados
Ameigaram as bactérias de seres vivos
Nasceu o logos.
Do momento assim de onde veio um som
Uma música fina aos ouvidos surdos
Momento de onde convergiu o eco
Do vírus em trâmite de ligações termais
O logos começava.
Do instante de onde pariu-se o mundo
Nas violências e nos choques de ondas
Crescentes tempestades magnéticas
Na busca de habitats consistentes
O logos dançava.
Um dia...
Tudo anoiteceu em faces infantis e jovens
Em luz e em verde e em azul e em neon
Enormes bolas astrais iniciaram voos
O logo explodia.
Uma noite...
A colisão de água e fogo e terra e gás
Deu-se à luz poeira de estrelas
E algo assim de ar e calor e frio
Enrijeceu o logos.
Ardeu então nas profundezas coisas de asas
E pedras e céus desmoronados e quadrúpedes
E árvores e chuva e rios e mares e cavernas
E corpos errantes e a dor de nada se saber:
De onde o logos?
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@ Copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 30 de junho de 2011.
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