sábado, 15 de outubro de 2011

OUTUBRO 2011

Outubro! Tempo houve em que sonhos perturbavam
À vista de mim! À vista de todos! Tempo em que sonhava
E nem vi o tempo passando com tanta inexorabilidade
E os sonhos perturbadores tornando-se fantasmas.
Outubro! Tempo de minha espreita a sorrisos vários
De amigos, dos irmãos, pais, tios e tias e mais pessoas.
Meu tempo suprimia a saudade e vivia célere nas ruas.
Nem o vi transformando-se em um nevoeiro de passado.

A vida criou reinações nos quintais e nas ruas da cidade.
Rolou e pintou e bordou minha história para todo lado.
Não deu tempo para o corpo satisfazer a vontade feliz
De estar moço e são e vivo e vivendo longe da desembocadura.
A vida fez-se um rio depois dos quarenta anos e mostrou
Um caminho alongado cheio de pedras, cantares e enigmas.
E de repente agora estou vendo a aproximação do oceano
E a foz para onde as águas caminham precipitadas.

Outubro de 2011! Não mais sonhos perturbam o pensar
À vista de mim! Muitos deixaram de pensar e partiram
Dentro da inexorabilidade do tempo de cada um deles.
Tornaram-se mais do que fantasmas. Deixaram de ser.
Outubro de 2011! São tristes os sorrisos dos que aqui estão.
Os rios que sobraram e que ainda não viram sua foz.
E eu mesmo não mais posso suprimir as saudades do antes.
Hoje elas habitam em mim como fantasmas do passado.

Um dia (quiçá num outubro) estarei consumido e morto.
E ninguém imaginará como eu gritei versos à eternidade.
Nada imaginará como eu pude ser este teorema absurdo
Posto num espaço chamado Pernambuco capital Recife.
Mas seria interessante doar um fruto de outubro novo
A quem soube saber quem eu era e quem eu não era.
Ainda que saiba o quanto o poeta enganou ao homem
E o quanto o homem enganou a realidade do poeta.

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@Copyright by Rafael Rocha - 15 de outubro de 2011

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