Através da literatura, dos personagens dos livros e da filosofia, passamos a viver numa outra dimensão, muito além da nossa própria realidade. A realidade primitiva se perde quando o escritor e o filósofo põem no papel suas ideias e nasce outra realidade de acordo com a imaginação de quem a escreveu. Na verdade, o escritor, o poeta, o artista plástico dedicam suas vidas ao que não é real, mas que reside dentro deles, dentro de suas diversidades humanas. Assim, a busca pelo conhecimento é insana. Porque conhecimento é poder.
Quando se busca o conhecimento os homens são capazes de fazer magia. Tal como escrever um livro e liberar personagens. O livro é um ser libertário e seu conteúdo nos remete a diversos rumos dentro de nossas mentes e cria também muitas fantasias. Por tais motivos, ele foi perseguido duramente por todos que pretendiam incutir no homem o pensamento único. Ditaduras do pensamento colocaram no fogo muitos livros, querendo incutir na mente humana uma só ideia, mas felizmente não conseguiram ter sucesso nessa empreitada, pois, o homem, o leitor na busca da magia do conhecimento, busca sempre a diversidade.
Que tal diversificarmos nossa viagem e mergulharmos na leitura de Fahrenheit 451, livro escrito por Ray Bradbury? Em Fahrenheit 451, as pessoas viviam num tempo em que as casas eram todas iguais e ligadas a um sistema de televisão. Os cidadãos não tinham o direito de ler. Todos os livros eram queimados e os seus donos sentenciados à morte. O livro apresenta o mundo como um lugar distópico, seguindo a linha de outras obras também nossas conhecidas - 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.
Na realidade, tratando-se de literatura sabemos quanto o livro luta contra a ditadura do pensamento. Ele não pode ser único e contar uma só história para simplesmente “lavar” as mentes humanas, visando um determinado fim catequético. Sim, porque a ditadura deseja não somente controlar o corpo das pessoas, mas se apossar da mente e da consciência delas. Em Fahrenheit 451, com a proibição da leitura, as pessoas ficavam à mercê da propaganda do Estado. Mas um grupo de pessoas começa a resistir, decorando livros inteiros, para passá-los às outras. Tornam-se assim bibliotecas vivas. E é isso que os manipuladores da mente humana detestam, entre eles, o Estado Autoritário e as religiões. Esses desejam apenas acabar com o direito humano de pensar.
Abonados somos todos nós que temos o prazer de possuir livros e mais livros em suas todas diversidades dentro dos espaços de nossas casas. Abonados somos nós que podemos sair de uma Ilha do Tesouro, de Stevenson, e mergulhar em Anos de Tormenta, de A. J. Cronin, depois de uma passagem pela Utopia, de Tomás Morus, ou de um mergulho nas Vinte Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne. Abonados ainda mais são aqueles que adormecem tendo ao lado o libertador de suas fantasias mais excitantes: o livro.