quinta-feira, 13 de março de 2008

MARCOS

Em um marco da praça
– sempre um sol –
Verde é a cor da luz
Lindos são os risos das putas
Oferecendo corpos
À voracidade financiada do sexo

Em um marco zero

– sempre uma estrela –
Branca é a cor do oceano
Beleza é o vigor dos estivadores
Carregando tralhas
À ferocidade poliglota do consumo

Em um marco de torre

– sempre uma cruz –
Cinzento é o estupor dos séculos
Tristes são os olhares das beatas
Rezando nas igrejas
À memória dos deuses inexistentes

Em um marco de campo

– sempre lápides sós –
Amarela é a lágrima da dor
Mágoa é a perdição do corpo
Que enterramos no chão
Por uma lei inerente ao universo

Em marcos de cimento e pedra

– sempre muitos lares –
Vermelha é a cor das almas dos homens
Martelo e foice centenários
Na espera dos ressuscitados
Pela sangrenta bandeira da ilusão

Em um marco de carne

– sempre homem e mulher –
Azul é a cor da liberdade
Força para todos os marcos
Marcados no tempo
No caderno infinito da vida.

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