domingo, 30 de janeiro de 2011

O AMOR VAZIO

O amor de hoje dança em outros palcos.
Todas as platéias ficam desapontadas.
Ele desenha sólidos geométricos
trazendo inúmeros resíduos subjetivos
dentro de mil corpos andróginos.

E o ser da memória
simiesca ao que nos resta de humanos
fica a vagar nas periferias da vida
observando os abraços dos outros corpos
observando beijos que se consomem
na longa viagem ao país de Eros.

Vai daí que o amor em um só ato
não ousa compreender que é amor...

Nas danças ele faz da carne o precipício
e uma estrutura não muito bem fundada
para fuzilar as intenções do sonho.
Os corpos dançam como libélulas
e o sangue penetra em crescimento
nos desvarios dos milhões de células.

Em todos os atos desse amor
terminam os iludidos
dançando uma partitura
sem regente e sem autor.


...............................................................

@ Copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 30 de janeiro de 2011

CÁRCERE

No cárcere da minha solidão
Conto os minutos e as horas
Coisas que me separam
De todas as leis físicas.

A noite também padece de grandes males
E não possui heróis para salvá-la
Apenas uma estrela besta e quente
Para possuí-la todas as manhãs.

Se penso muito no tempo eu esmoreço
Quando tenho de ser forte
E viver na minha prisão solitária
Como um assassino das alvoradas.


...............................................................

@ Copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 30 de janeiro de 2011

DA ÚLTIMA ESTRELA

Colhi a última estrela da noite.
Adormeci feito um novo semi-deus.
O sol apontou à colheita do novo amor.
Esqueci de guardá-la no meu celeiro.

Resta esperar o epílogo do dia
E orar por um engano astronômico.
Desejar a luz da última estrela
Brilhando no meio da próxima noite.

E sem saber onde vão os pensamentos
Ou se estou mais leviano com meus fatos
Após tantas escuridões sem sono

Adormeço sem esperar o fim da noite
E a estrela vendo-me a dormir pela janela
Aprisiona-se nua no meu sonho.


...............................................................

@ Copyright by Rafael Rocha Neto – Recife, 30 de janeiro de 2011