sexta-feira, 9 de março de 2012

RECIFE E OLINDA – TERRAS LIBERTÁRIAS

Existem dias em que precisamos falar de nossa casa, de nossa terra e de nossa gente. Neste espaço virtual muitas pessoas são brasileiras, estrangeiras e outras são nordestinas deste nosso grande país. Por que não lembrar a todos que vivemos em um espaço mais amplo de mundo? A data é preciosa para recordar e falar do Recife, a capital de Pernambuco, a metrópole do Nordeste, e da bela cidade de Olinda. Em 12 de março, ambas as cidades fazem anos. Olinda 477 e o Recife 475.

A cidade do Recife, capital de Pernambuco, representou e ainda representa o poder da criatividade e da aventura. Isso tanto no plano do desbravamento do espaço como no de produção intelectual. Essa produção intelectual chegou tardiamente, mas quando chegou foi potente e dinâmica, desde o surgimento do primeiro movimento intelectual com a Escola de Direito, que foi criada no ano de 1827, em Olinda, transportando-se depois para o Recife.

A maravilhosa Olinda, cantada em prosa e verso por tantos bardos, foi a primeira cidade pernambucana de grande relevo. Foi nela que Bento Teixeira lançou a sua Prosopopéia, no Século XVI, poema épico em homenagem ao capitão governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Também nesse poema, a cidade do Recife recebe sua primeira apresentação:
Um porto tão quieto e tão seguro / Que para as curvas naus serve de muro”.

Em Olinda se faz presente a arquitetura colonial portuguesa, muitas igrejas e tesouros sacros, conventos, mosteiros, e mais os imponentes sobrados e casarões senhoriais. Nesses casarões podem ser observados beirais de três águas, asas de andorinhas, janelas de guilhotinas e preciosas fachadas recobertas de azulejos de grande beleza. Olinda teve grande influência das três culturas que nela disseram presente: a européia, a africana e a indígena e hoje é considerada pela Unesco Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade.

Olinda e Recife são cidades gêmeas e irmãs, ainda que tenham entrado em guerra no passado. A conhecida Guerra dos Mascates, entre 1710 e 1711. As lideranças de Olinda não aceitaram que o Recife ganhasse oficialmente a condição de vila e tentaram matar o governador Sebastião Caldas que conseguiu fugir para a Bahia, deixando Pernambuco sem governo e provocando graves confrontos de rua como a destruição do Pelourinho do Recife. Muitos choques ocorreram entre os habitantes das duas cidades, até a chegada do novo governador, Félix Machado, que apaziguou os ânimos, mas manteve o título de vila para o Recife, mesmo a contragosto dos olindenses.

No cenário da pátria brasileira o Recife se destacou como sede das três mais importantes revoluções libertárias da nossa História, todas ocorridas no século 19: a Revolução Republicana,em 1817; a Confederação do Equador, em 1824; e a Revolução Praieira, em 1848. A primeira é considerada como o único dos movimentos coloniais do Brasil que conseguiu passar da fase meramente conspiratória - ao contrário do que aconteceu com a Inconfidência Mineira (MG) e com a Revolta dos Alfaiates (BA). Já a segunda foi um movimento de caráter separatista, que incluiu ainda o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Nessa revolução surgiu o maior mártir de Pernambuco, o Frei Caneca. Já a terceira foi o último movimento liberal e interno ocorrido no 2º Reinado do Brasil, revelando heróis urbanos e marcos históricos da luta dos liberais contra os conservadores, como a Rua da Praia.

As duas cidades estão em festa! Hoje, elas não mais guerreiam entre si para uma ter preponderância sobre a outra. Pelo contrário, crescem tanto em termos de população, nas condições socioeconômicas, como socioculturais. E eu, pernambucano, como muitos outros pernambucanos tenho orgulho de ter nascido no âmbito das duas cidades, de trazer para este espaço algo da história delas e de parabenizar pela passagem da data tanto os olindenses como os recifenses.

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