O politicamente correto é uma tremenda burrice porque condiciona todo mundo a pensar e a agir de uma forma só. A forma é e será aquela que os defensores dessa burrice consideram correta, como se eles (os defensores) fossem os donos da verdade. Pelo pensamento politicamente correto mata-se a crítica e torna a oposição a algo ou a alguém como algo abominável. Burrice que enche saco e planta raízes. Seus defensores querem que todo mundo faça parte de um consenso (o deles) e que imponha a si mesmo votos de silêncio. Este é um novo tipo de condicionamento ditatorial.
Assim, o futuro da liberdade de pensamento do homem está em jogo. A imposição de um ponto de vista particular para tornar-se única verdade universal é uma estupidez das grandes. E obrigar todo mundo a compartilhar essa estupidez fere a liberdade de pensamento. Resumindo, viver seguindo o politicamente correto é viver de rabo preso a uma ideia única e não possuir ideias próprias e voz própria. Tem algo chamado de patrulhamento. Antes era patrulhamento ideológico. Hoje mudou muito pouco sua pompa. É a patrulha do politicamente correto. É o AI-5 dos dias atuais. Por essa cartilha todo mundo tem de falar como manda o manual.
Uma grande merda! E não venham reclamar de mim por escrever assim! Repito: é uma grande MERDA! Pois ninguém tem o direito de policiar as ideias de ninguém. Abaixo a ditadura do pensamento! E abaixo o "politicamente correto" também! Vejam no diálogo abaixo, como um patrulhador do politicamente correto se comporta:
- Boa tarde, senhor! Por favor, preencha esta ficha!
- Não vai dar! Você me chamou de senhor! Você me prejulgou. Você me chamou de idoso. E mostrou nas entrelinhas que eu sou uma pessoa com status social superior ao seu! Assim não dá!
- Peço desculpas! Quis apenas ser respeitoso!
- Rapaz, eu estou aqui para fazer uma compra. Não estou aqui procurando respeito. Quem gosta desse tipo de tratamento é burguês metido a nobre.
- Então como devo chamá-lo?
- De cidadão, de camarada, de companheiro, qualquer coisa assim! E, olhe, aqui nesta sua ficha esta incorreção que eu tenho de preencher. No item “qual o seu sexo” constam apenas duas alternativas.
- E existe outra alternativa, cidadão?
- Muitas! Aqui devia ter apenas "qual a sua orientação sexual" com um espaço em branco para ser preenchido.
- Ai, ai ai, a coisa está ficando preta!
- Cuidado, rapaz, você não deve usar essa expressão. Essa expressão define um quadro confuso, pois alude aos negros. Perdão, agora eles são afrodescendentes. Essa expressão "a coisa está ficando preta” é uma expressão racista.
- Ai, ai, ai, meu Deus!
- Fique calmo! O que você acabou de exclamar agora também é politicamente incorreto. Tem muita gente no mundo que acredita em outro deus. Como outros que cultuam vários deuses e também os que não acreditam em deus nenhum. Por outro lado, por que o seu deus atenderia particularmente ao seu chamado?
- Com licença, cidadão. Mas não posso ficar aqui conversando. Tenho de trabalhar.
- O que você quis dizer com isso? Que eu não tenho trabalho? Só porque estou vestido como uma pessoa mais jovem, como um estudante?
O mundo está hipócrita mesmo. E hipócrita demais. E intolerante! O politicamente correto é simplesmente uma merda foda inventada por homens e mulheres almofadinhas hipócritas. E quem segue o politicamente correto são homens e mulheres almofadinhas hipócritas também. Podem me chamar de politicamente incorreto. Será até um elogio que me fazem. Antes de tudo eu sou livre! E não tolero os intolerantes e consensos hipócritas. Dentro desses consensos criaram uma cartilhinha com aproximadamente 96 palavras consideradas pejorativas, entre elas: beata, comunista, funcionário público, preto, anão, bicha, viado. Delírio totalitário! Estão querendo reinventar o idioma português expurgando termos consagrados e dificultando o trabalho dos escritores no uso de metáforas. Será que vão processar Chico Buarque porque na música “Meu Caro Amigo” ele diz a um exilado que aqui “a coisa está preta”?
Pelo visto, chamar um político de ladrão é politicamente incorreto, pois ladrão é o indivíduo pobre que rouba. Político deve ser chamado de corrupto; Maconheiro é um termo ofensivo a quem é usuário de maconha, ou para quem defende a legalização da mesma; Palhaço é um termo que ofende a dignidade do profissional que trabalha no circo, até que faz sentido, se comparado com os outros casos citados; Barbeiro é ofensivo ao profissional da barbearia. Aliás, por que será que o motorista ruim é chamado de barbeiro? Sapatão é um termo depreciativo às mulheres homossexuais, o termo correto a se usar deve ser lésbica; Viado é um termo que ofende os animais chamados veados. O termo correto deve ser gay.
Pelo que vejo e conheço neste mundo atual regido pelo patrulhamento do politicamente correto é uma troca de palavras simples e curtas por expressões longas e até mesmo complicadas para pronunciar. Portanto, a palavra negro, tão simples e de apenas duas sílabas, é substituída por afro-descendente com seis sílabas e a palavra deficiente é trocada por portador de necessidades especiais. Claro que defendo a existência de razões corretas para não usar palavras carregadas de preconceito, mas... Considero que a solução definitiva é deixar de enxergar preconceito nas palavras. Por que não chamar de negro alguém que tem a pele negra? Por que não chamar de deficiente alguém com deficiência visual, auditiva etc? O preconceito não está na palavra, mas na cabeça de quem escuta a palavra.
Sinceramente, esse negócio de politicamente correto é algo utilizado pelas oligarquias que dominam o planeta com a intenção de desorganizar os países. Obrigando por lei e por cartilhas a que a população siga um pensamento único essas oligarquias corroem as bases conceituais tradicionais dos países menos poderosos, os periféricos (e são esses que possuem grandes riquezas naturais) para, esfacelá-los cultural, ideológica, política, social e moralmente. Dessa forma, as oligarquias conseguem desenvolver o chamado “novo colonialismo”, mantendo consigo o poder econômico e cultural do mundo.
Portanto, como bem salientou o jornalista português Henrique Raposo, no jornal Expresso de Lisboa (23/04/2010), “O politicamente correto não é uma ideologia coletiva. É, isso sim, uma crença privada. Mas, atenção, é uma crença privada partilhada, em silêncio, por milhões. É um manual de comportamento e de policiamento do pensamento e do vocabulário”.
Na fase imatura
A alma perde o tempo
Da espera
Quer ser correnteza
À esteira do mar.
Na maturidade
A alma busca o freio
Do tempo
E conta as estrelas
Perdidas sobre o mar.
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