segunda-feira, 18 de maio de 2009

A GUERRA CONTINUA PARA TODOS OS LEONINOS


Nosso muito admirado escritor e poeta Ariano Suassuna dá seu recado para todos os pernambucanos, em particular para aqueles que reverenciam o LEÃO DA ILHA DO RETIRO

A TODOS:
Chora e chora bastante.
Não o choro dos derrotados, não por isso!
Chora pelo urro dos vencidos, que até o último instante acreditava!
Chora aquela lágrima de ‘quero mais’ e a de vingança que não tarda,
com a certeza de que não mais vinte anos separará a glória!
Chora pela certeza de que a vitória irá se repetir e não parecerá tão
anacrônico, tão inesperado, tão louco.
Chora de pena pelos companheiros de supostos grandes times
pernambucanos, que mais se animam em nossa derrota que na vitória
deles, mas que riem para esconder a inveja de sentir o sabor do sonho
que vivemos.
Chora de alegria por uma bela campanha.
Chora pela certeza de volta.
Chora por ter colocado o nome do time nos noticiários internacionais,
no olho do furacão.
Por ter ido mais longe, contra árbitros, contra emissoras e contra
babacas que preferem torcer para times do sul.
Enfim, sorri, ao saber que em breve a bandeira rubro-negra voltará a
erguer taças, flamulando no alto de sua imponência, certa e
constante, como o orgulho dos que torcem…


(Ariano Suassuna, 13 de maio de 2009)

sábado, 16 de maio de 2009

Elas são belas. E nas telas dos cinemas quantos sonhos trouxeram à cabeça dos homens! Tanto os da geração passada, como os da geração atual, as belas da tela continuam a trazer fantasias aos sentidos masculinos. Os tipos de beleza são variados, mas todos abusam de colocar ansiedades e desejos nas mentes dos que vão ao cinema por amor à sétima arte e por paixão por elas. De qualquer forma elas merecem esse tipo de admiração.
Scarlet Johansonn
Nicolle Kidman
Michelle Pfeifer
Julia Roberts
Elizabeth Taylor
Charlize Theron
Catherine Zeta-Jones
Cameron Diaz
Angelina Jolie
Brigitte Bardot
Marylin Monroe

domingo, 10 de maio de 2009

TEMPO, LIVROS, CINEMA E SILÊNCIO (republicando)

A moça do tempo disse ontem na TV: chuva forte em todo o Recife neste final de semana. Porém, bastou ela dizer isso para que o sol resolvesse dar o ar de sua graça. E o fim de semana terminou sendo radioso e quente. Como eu digo aos meus cinco leitores: o tempo é instável como a sorte. Ninguém adivinha como ele vai ser no outro dia. Chuva mesmo só lá para as nove da noite quando o corpo já começava a pedir descanso, mesmo que a rua ainda chamasse convidativa para uma curtição diferente.

Na realidade começo a ficar cansado de me sentar numa das poltronas cá de casa para ver e assistir as imbecilidades que a TV brasileira coloca no ar. Parece que os donos das emissoras televisivas acham que todo brasileiro é um asno em potencial, principalmente aos sábados e domingos. Mas isso vem do tempo de quando cachorro falava. A única coisa que me prende à TV é um jogo de futebol que não tenha vitória planejada pelo juiz para um time carioca, paulista ou gaúcho como sempre é comum acontecer.

Muitas vezes sinto saudade do tempo em que a televisão não existia. Havia mais humanidade nas pessoas e nos jovens. Pegava um livro para ler e deixava a imaginação criar as imagens dos personagens. Navegava nas letras como quem navega em um barco em busca de aventuras. Hoje, além da TV, existe a internet e ninguém sabe mais o que é a aventura de sair viajando por lugares ignorados lendo um livro.

Mas também existiam os cinemas. O Recife possuía muitos cinemas. Na falta de outra diversão melhor no fim de semana, íamos ao cinema. E eu lembro que, nas noites dos domingos, todo mundo saía correndo para alcançar uma das duas sessões de cinema no meu bairro. Pai, mãe, filhos desde que o filme fosse com a censura livre. E muitas vezes as filas eram quilométricas nas bilheterias.

Ocorria então uma espécie de congraçamento entre as pessoas. A violência nas ruas nem de longe era igual à de hoje. Na realidade, sem contar os poucos ladrões de galinhas e os batedores de carteira daquela época, nunca vi violência alguma na minha frente. E o silêncio... Sim, agora quero falar da existência do silêncio. Hoje quando paro para recordar... Olhem bem caros cinco leitores, existia um silêncio silencioso antigamente. Não fiquem pasmos. Era realmente um silêncio silencioso. Nos dias atuais já aprendi a conviver com os milhares de ruídos do silêncio. Como meus ouvidos não são lá essas coisas eu até que estou salvo da barafunda. Mas antigamente... Antigamente a gente escutava o silêncio. Não só eu, mas a grande maioria das pessoas também escutava.

Não vim aqui para dizer como é esse tipo de silêncio. Que os mais jovens perguntem aos seus pais, tios, avós etc, pois eles lembram muito bem dele. E não acreditem muito nas lindas moças do tempo que aparecem na TV. Elas buscam programar nossa vida para um pensamento único: amanhã vai fazer sol e vai fazer sol mesmo, dirão. Quem achar o contrário será preso.

Fiquemos livre dessa comédia!

sábado, 9 de maio de 2009

MULHERES DE NOSSOS SONHOS

“As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental...”
Colírio para os olhos cansados. Miragens de sonhos para os andarilhos sedentos. Impossibilidade de tê-las nos braços e acarinhá-las como anjos e como demônios.
És tu bela mulher, anseios a brotar nas planícies das vidas dos homens.

QUERO-TE NO MEU DIVÃ DE SONHOS. QUERO-TE MUSA DE MEU PENSAR.O OLHAR SONHADOR DA BELA QUE NOS FAZ SONHAR SER PAISAGEM E CRIADOR
SE EXISTIR ALGUM DEUS NESTE LOUCO UNIVERSO ELE É DONO DESSA MARAVILHA
MAR, VENTO, CÉU, AREIA, E A BELEZA DA MUSA DE UMA GERAÇÃO
MEIGUICE NUM OLHAR TIMIDO E FATAL DE NINFETA
LINDOS ATRIBUTOS. AH, COMO DÁ VONTADE DE SER ÁGUA!
UMA OBRA DE ARTE PARA SER AMADA DEVAGAR E CARINHOSAMENTE
NA DIVISA DA RODOVIA UMA DIVISA DE CARNE NOS ESPERA UMA BELA ENFURECIDA, CARRANCUDA, É UM PERIGO, MAS É TAMBÉM LINDO DE VER!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

UMA PRAÇA CHAMADA INDEPENDÊNCIA


PRAÇA DA INDEPENDÊNCIA EM 1910

PRAÇA DA INDEPENDÊNCIA NO INÍCIO DA DÉCADA DE 50

Situada no bairro de Santo Antônio, em pleno centro do Recife, a Praça da Independência já figurava na planta da Cidade Maurícia denominada como o Terreiro dos Coqueiros, local onde funcionava um grande mercado durante o domínio holandês. Neste período, o logradouro foi chamado ainda de Praça Grande, Praça do Comércio e Praça da Ribeira. Em 1788, continha 62 casinhas que vendiam gêneros de primeira necessidade, tendo o nome mudado para Praça da Polé.

A denominação de Polé advém do fato de naquela praça ter funcionado um bárbaro instrumento de tortura (com o mesmo nome) e que constava de um mastro levantado, uma roldana e uma corda, com a finalidade de supliciar indivíduos que tivessem cometido determinados crimes.

Em 1816, o logradouro passa por uma grande reforma: as pequenas casas são substituídas por lojas de maiores dimensões, e o local fica sendo chamado de praça da União. Finalmente, em 1833, a praça adquire o nome da Independência.

No começo do século XX, mais precisamente em 1905, com a finalidade de ampliá-la, quarteirões inteiros são demolidos, bem como uma série de lojinhas que funcionavam em pleno largo. Certas vias públicas, tais como a rua Sigismundo Gonçalves e a rua do Cabugá, deixam de existir. Quarenta anos depois, a praça duplica de tamanho, adquirindo mais ou menos as dimensões que possuem na atualidade e fica popularmente conhecida como praça do Diario ou Pracinha. Ao seu redor, destacam-se: a Matriz de Santo Antônio, o edifício do Diario de Pernambuco - o jornal mais antigo da América Latina -, e vários outros prédios modernos.

A praça da Independência é considerada, hoje, como aquela de maior movimento na cidade do Recife. Por ela, cruzam e iniciam avenidas e ruas de grande relevância, tais como a rua Duque de Caxias, a rua 1º de Março, a avenida Dantas Barreto, a rua Nova, a avenida Guararapes, o Largo do Rosário, a rua Matias de Albuquerque e a rua Engenheiro Ubaldo Gomes de Matos.

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Fontes consultadas:
ROCHA, Tadeu. Praças do Recife. Boletim da Cidade e do Porto do Recife, Recife, n. 63-70, jan./dez., 1957-1958.

A DITADURA DA PALAVRA

O domínio da consciência humana pelos poderosos de plantão nunca saiu da ordem do dia e muito menos da cabeça deles. Assim, pensando e agindo, os proprietários das empresas de comunicação (jornais, rádios, revistas, emissoras de TV etc) lutam nos bastidores e fora dele para serem favorecidos com mais poder de manipulação das mentes. Já não basta o poder de manipulação das consciências pelos governos, pelas religiões organizadas, pelos parlamentos e pelas ações arbitrárias dos judiciários? Agora, eles pretendem ser donos absolutos e algozes das consciências dos jornalistas. Conseguindo isso, conseguirão também mandar, impor e lavar cerebralmente as consciências dos cidadãos.

O argumento maior é ingênuo e despropositado. Os poderosos dizem que para ser jornalista não se precisa ter diploma, que a exigência do diploma é antidemocrática e provoca falta de liberdade de expressão na mídia. Eles querem retroceder no tempo e em pleno Século 21 retornar aos apadrinhamentos, favores, compadrios, sem nenhum compromisso social no que eles chamam de democracia.

Já se encontra no Supremo Tribunal Federal (STF) o Recurso Extraordinário RE 511961. Tal recurso está para ser julgado neste semestre. Foi ajuizado pela Procuradoria-Geral da República com o objetivo de acabar com o registro profissional para o exercício do jornalismo. De acordo com a Procuradoria, “a atividade jornalística, em sua essência, não exige do profissional uma capacidade técnica específica, mas, sim, uma formação intelectual que o torne apto a veicular a informação de forma segura e crítica”.

Isso é conversa para boi dormir. Os interesses são outros. Todos nós sabemos que qualquer pessoa pode se expressar em jornais, rádios, TVs, revistas. Não é o registro do diploma de jornalista e a regulamentação que impedem isso. Ora, a essência mesma do Jornalismo é ouvir infinitos setores sociais, de qualquer campo de conhecimento, pensamento e ação, mediante critérios como relevância social, interesse público e outros. Na realidade, os limites são criados e impostos muitas vezes devido ao volume das informações, ao horário, tamanho, edição, ou por interesses ideológicos, de mercado e outros parentes disso.

Qualquer pessoa pode apresentar seus conhecimentos em jornais e revistas sobre sua área de atuação. Para tal, jornais e revistas, emissoras de rádio e TV disponibilizam espaços. Em qualquer grande publicação que se preza nós vemos artigos assinados por médicos, advogados, juízes, engenheiros, sociólogos, historiadores e até mesmo poderíamos ter artigos escritos por sapateiros, jogadores de futebol, prostitutas, camelôs etc se eles tivessem um poder maior de acesso à linguagem escrita. Quem sabe, um artigo escrito pelo peru que vai ser morto na véspera de Natal, criticando ritual de sacrifício de sua espécie?

Por que será que se pretende favorecer o poder dos donos de jornais, revistas, rádios e emissoras de TV? Ora, o Jornalismo não se limita à prática profissional. O Jornalismo é um vasto campo científico, uma enorme área de ensino e aprendizado e um espaço amplo para práticas profissionais. As notícias para serem elaboradas necessitam de um especialista com formação prática e teórica, para garantir a verdade objetiva dentro de uma postura ética. O jornalista que foge a isso desrespeita o leitor, e todos os demais integrantes de sua notícia.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal não podem permitir que o exercício da profissão volte ao caos de antigamente para beneficiar os patrões e todo-poderosos da mídia. E todos os jornalistas devem ficar atentos para que tal não ocorra. Sabemos muito bem que a informação jornalística é um elemento estratégico das sociedades contemporâneas. Ter diploma de uma profissão significa que o detentor dele possui formação profissional e que recebeu tal formação em lugares chamados de escola, ou universidade, ou faculdade. Não nos deixemos cair no cinismo comprometedor de uma determinada parcela do poder constituído, o qual continua em sua luta insana de derrubar as conquistas sociais do homem e retornar à ditadura da palavra.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

UMA AVENIDA CHAMADA DE CAXANGÁ


AVENIDA CAXANGÁ EM 1940


AVENIDA CAXANGÁ HOJE

O nome Caxangá não tem uma origem muito clara. Alguns autores afirmam que se trata de uma corruptela da palavra tupi caa-çan-áb, que significa mata estendida ou caa-çang-guá, mato do vale dilatado ou ainda caa-ciangá, mato da madrasta ou da madrinha. A atual Avenida Caxangá, no século XIX, era denominada de Estrada de Paudalho. Segundo Pereira da Costa, o engenheiro Louis Léger Vauthier, em relatório de 1843, onde enumera as vantagens da construção de estradas no Recife, afirma que foi só em agosto de 1833 [...] que se principiou a primeira parte da estrada de Paudalho, que do largo da Madalena se dirige para Caxangá, e foi então somente que pela primeira vez apareceu nesta Província uma estrada regularmente construída [...]. Em 1842, foi concluído o primeiro trecho da então chamada Estrada do Paudalho, que antes era um caminho de onde saiam diversas ramificações para os engenhos de açúcar e as povoações. Anteriormente, no local, nunca tinham chegado carros, só cavalos. A via passou por várias mudanças na sua estrutura e na sua denominação. Foi também chamada de Estrada do Ambolê, mas sempre se constituiu numa artéria importante da cidade. Em 1845, foi construída a ponte pênsil de Caxangá, sobre o rio Capibaribe, a primeira desse tipo no Brasil, abrindo caminho para o interior de Pernambuco e muito contribuindo para o seu desenvolvimento sócioeconOmico. Considerada como uma das avenidas mais longas do mundo em linha reta, tem cerca de 6km de extensão e liga os bairros da Madalena ao de Caxangá, na divisa com o município de Camaragibe. Na época do Estado Novo, durante a gestão do prefeito Novaes Filho, a avenida foi pavimentada com paralelepípedos rejuntados com cimento sobre concreto, alargada por meio de aterros e protegida por obras-de-arte (estruturas como bueiros, pontes, viadutos, muros de arrimo, necessárias à construção de estradas). Na terceira gestão do prefeito Pelópidas Silveira, a Avenida Caxangá foi novamente ampliada. Em dezembro de 1966, houve a inauguração de uma segunda faixa de rolamento em cimento armado, evento que contou com a presença do então presidente da República Marechal Humberto Castelo Branco. Hoje, um dos corredores de tráfego de veículos e de transporte coletivo mais importantes da zona oeste da cidade, é o principal acesso para diversos bairros, entre os quais Bongi, San Martin, Cordeiro, Iputinga, Engenho do Meio, Cidade Universitária, Várzea, além de municípios da região metropolitana como São Lourenço e Camaragibe. Com uma pista exclusiva para ônibus na sua parte central, que permite a passagem de dois coletivos de cada vez, dispõe atualmente de retornos à direita e diversas paradas de ônibus no seu corredor central. Foi também modernizada a parte de semáforos, eliminando-se os sinais de três tempos, o que permite maior fluidez no trânsito, de cerca de 50 mil veículos diários. O comércio ao longo da via é bastante diversificado: farmácias, bancos, padarias, casas de peças de automóveis, armazéns de material de construção, postos de gasolina, havendo, no entanto, uma predominância de lojas para revenda de veículos e casas funerárias. Alguns acreditam que a quantidade de mortuárias se deve ao fato de haver vários hospitais nas proximidades, como o Barão de Lucena (na própria Avenida); o Getúlio Vargas, no Cordeiro e o Hospital das Clínicas, que pertence à Universidade Federal de Pernambuco e fica na Cidade Universitária. Além de igrejas e colégios, ficam localizados na Avenida Caxangá o Parque Antônio Coêlho Parque de Exposição do Cordeiro), da Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária, do Governo do Estado de Pernambuco, e o Caxangá Golf Country Club, fundado em 7 de outubro de 1928 e denominado originalmente de The Pernambuco Golf Club. Localizado onde existia antigamente a casa-grande do Engenho Poeta, o Clube fundado pelo inglês George A. D. Litle possui o único campo de golf da cidade e uma grande pista de hipismo denominada Maurício de Nassau.
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FONTES CONSULTADAS:

CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: Câmara Municipal, 1998.

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais pernambucanos. Recife: Arquivo Público Estadual, 1962.

FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - http://www.fundaj.gov.br

O SOL NASCE NA AURORA DO RECIFE

RUA VISCONDE DO RIO BRANCO - HOJE RUA DA AURORA
RUA DA AURORA NO INCIO DO SÉCULO 20
VISTA AÉREA DA RUA DA AURORA NOS DIAS DE HOJE

RUA DA AURORA, Recife,PE - Situada na margem esquerda do rio Capibaribe, no bairro da Boa Vista, era antigamente um pântano de propriedade do comerciante Casimiro Antônio Medeiros, o primeiro a construir naquelas terras, vencendo os alagados à margem esquerda do Capibaribe. O local foi aterrado e, em 1806, nascia a rua da Aurora. Deram-lhe o nome de rua Visconde do Rio Branco, mas o nome que ficou mesmo foi o de cais da Aurora ou rua da Aurora. É assim chamada porque voltada para o leste é a primeira a receber os raios do sol. Começa na rua da Imperatriz e vai até a avenida Norte, já no bairro de Santo Amaro. No número 31, funcionou durante muitos anos a famosa sorveteria Gemba. Na esquina com a Av. Conde da Boa Vista, fica o Edifício Duarte Coelho, onde está localizado o cinema São Luiz, um dos mais tradicionais da cidade. Até 1936, o Clube Internacional do Recife funcionava no prédio número 265 da rua da Aurora, assim como lá funcionaram, também, a garagem de remo do Clube Náutico Capibaribe (n. 1.193) e o Clube Esportivo Almirante Barroso (n.1.225). A Fábrica Progresso, antigamente denominada Fábrica Aurora, que fabricava entre outras coisas pregos e lança-perfumes, fundada em 1879, também ficava localizada no final da rua, ao pé da ponte do Limoeiro. Nos seus sobrados moravam conhecidas famílias pernambucanas Há vários prédios de estilo neoclássico, com destaque para os da Secretaria de Segurança Pública, antiga residência do presidente da Província de Pernambuco, Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa Vista, o da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, que desde 1948, por sugestão do deputado Tabosa de Almeida, tem o nome de Palácio Joaquim Nabuco e ainda, o Ginásio Pernambucano.
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FONTES CONSULTADAS:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Governo de Pernambuco. SEC, 1977. p.137-147.

MONTENEGRO, Olívio. Memórias do Ginásio Pernambucano. Recife: Assembléia Legislativa de Pernambuco, 1979.

FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - http://www.fundaj.gov.br

CIDADE LIBERTÁRIA



Não é por nada não, mas tem dias que a gente precisa falar de nossa casa, de nossa terra e de nossa gente. Por que não lembrar ao mundo que vivemos em um espaço mais amplo de terra sólida e molhada? Mas antes, achei de bom alvitre falar do Recife, a capital de Pernambuco, a metrópole do Nordeste.

Claro, que não vou tirar méritos de outros lugares de outras casas e de outras gentes. Antes de mais nada, considero Salvador, a capital da Bahia, o berço genético do Brasil, e antes, de o Recife dar início às suas contribuições culturais, já os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e São Paulo estavam contribuindo com seus intelectos para a cultura nacional. O Recife, no entanto, representa o poder da criatividade e da aventura. Isso tanto no plano do desbravamento do espaço como no de produção intelectual. Essa produção intelectual chegou tardiamente, mas quando chegou foi potente, dinâmica, desde o surgimento do primeiro movimento criativo com a Escola de Direito.

A cidade de Olinda, cantada em prosa e verso por tanta gente, foi a primeira cidade pernambucana de grande relevo. Foi nesta cidade que Bento Teixeira lançou a sua Prosopopéia, no Século XVI, poema épico em homenagem ao capitão governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Nesse poema, a cidade do Recife recebe sua primeira apresentação: “Um porto tão quieto e tão seguro / Que para as curvas naus serve de muro”.

Foi na capital pernambucana que nasceu o primeiro movimento republicano do Brasil, em 1817. E, após o regresso de D. João VI para Portugal, os pernambucanos não aceitaram Dom Pedro como soberano e deram início a outro movimento separatista com o nome de Confederação do Equador, isso em 1824. O mais antigo jornal em circulação na América Latina também nasceu no Recife, o Diário de Pernambuco, em 1825, fundado pelo tipógrafo Antonino José de Miranda Falcão. No ano de 1827 foi criada a Escola de Direito, em Olinda, que logo depois se transporta para o Recife.

O que se nos apresenta, a partir de então, é que o Recife tornou-se o berço de uma atividade intelectual de primeiro relevo para a história moderna brasileira. Desta cidade nasceu o primeiro grande movimento abolicionista. Nela aconteceu a volta das idéias germanistas de Tobias Barreto, Clóvis Bevilaqua e Sílvio Romero, inclusive da poesia do baiano Castro Alves, líder intelectual do movimento “condoreiro”.

Fora isso (poderia enumerar muitos outros aspectos ligados a esta dissertação), o modernismo brasileiro na cultura deve muito ao Recife e a Pernambuco. Um dos modernistas mais emblemáticos foi o poeta recifense Manuel Bandeira (1896-1968). E como deixar de incluir, para conhecimento de todos os nossos membros não-recifenses, o nome de Gilberto Freyre, os avanços historiográficos de Câmara Cascudo, a poesia de Carlos Pena Filho, Mauro Motta, Ariano Suassuna, o poeta João Cabral de Melo Neto, o pedagogo Paulo Freire?

O que vemos é que a cidade do Recife é uma cidade libertária. Impregnada de idéias revolucionárias. Representa a alma altiva do pernambucano de todos os quadrantes do mundo, e está aberta em toda sua imensidão cultural e de beleza àqueles que desejarem senti-la, vivê-la, amá-la.

terça-feira, 5 de maio de 2009

EDUCAÇÃO RUIM

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura divulgou que o Brasil, no que tange à educação, está a ocupar o 80º lugar em uma lista de 129 países. Fica atrás de países latino-americanos como o Paraguai, a Venezuela e Argentina, além do Kwait, Azerbaijão, Panamá e outros. O Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos foi lançado no dia 25 de novembro, em Genebra, pela instituição.

Nenhuma novidade. O dito principal e que vem se repetindo anualmente é que nosso país está no grupo dos países intermediários que caminham para atingir as metas. O que preocupa mais os estudiosos do problema no Brasil é que as altas taxas de reprovação, a evasão escolar, o analfabetismo e o baixo desempenho dos alunos brasileiros em avaliações nacionais e internacionais ganharam destaque nos últimos anos.

Nenhuma novidade, repetimos. Em nosso país a educação nunca foi colocada como prioridade, ao contrário de muitas outras nações. Na realidade, por mais que existam pessoas interessadas em mudar esse fato, mais de 500 anos de história provaram nosso relaxamento educacional.

Existe quem possa ser considerado culpado por isso. Em termos populares, o cão segue o dono para onde ele vai. O povo brasileiro segue seus políticos e legisladores para onde eles vão. E até mesmo aceita de mão beijada os paternalismos e as politicagens e as benesses. Educação não é coisa para político algum gostar. Eles sabem que povo educado vai aprender a dizer não. Vai aprender a contestar.

Existem provas maciças de que nosso horizonte cultural vai permanecer escuro por muito tempo. Se os governantes do Brasil nunca colocaram a educação como prioridade pública, claro que o nosso resultado, hoje, não será igual ao dos países que priorizam a educação há mais de 300 anos. Lastimável. E até que os estudantes de hoje, motivados por canais televisivos e por falsificações de culturas, tentam mostrar serviço.

Serviço péssimo para uma grande maioria, e também ridículo para a imagem do país no horizonte internacional. Senão, vejamos algumas pérolas colocadas na prova de redação do Enem deste ano, cujo título foi Aquecimento Global. “Tem que destruir os destruidores porque o destruimento salva a floresta”. “A floresta amazônica está cheia de animais extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo”. “A principal vítima do desmatamento é a vida ecológica”. "A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes".

Muitas outras pérolas foram apresentadas. Não dá para citá-las todas neste exíguo espaço. De quem é a culpa disso? A culpa vem de nossa história colonial, quando as correntes lusitanas impediam o homem comum de possuir educação e cultura. E tudo isso continuou após o golpe que proclamou a República. Povo educado e culto é perigoso. Deve ser mantido na linha com pão e circo. Carnaval, seitas religiosas e jogos de futebol servem muito bem para manipular o povo e educá-lo visando à perpetuação do poder constituído. Essa história é velha e nunca será mudada.

SENADO INSULTA MEMÓRIA DE DOM HELDER CAMARA



A sessão do Senado Federal, de 29 de abril, foi dedicada à memória de dom Helder Camara, o gigante franzino que enfrentou a ditadura de 1964. Mas, nem morto ele escapou da censura. Estava previsto que, ao final dos discursos dos senadores, o ator Murilo Grossi leria um poema de dom Helder. A peça "Sonhei que o papa estava louco", era um generoso delírio do arcebispo de Olinda e Recife imaginando um papa que, ensandecido, distribuiria um dia as riquezas da Igreja aos pobres. Pois a secretária-geral da Mesa do Senado, Cláudia Lyra, não gostou desta licença poética do homenageado. Achando que isso podia ser uma "afronta" à Igreja, representada na mesa pelo ex-arcebispo de Brasília dom José Freire Falcão, Cláudia excomungou a apresentação do ator, que seria vista em todo o país pela TV Senado. Dom Helder não merecia esta afronta. Nem o Senado.
claudiohumberto.com.br