Ao olhá-la (desvairado) assim deitada
Pelas águas do oceano a ser banhada
Meu sangue grita lubricidade estranha.
E o cérebro medita o gozo do abraço
O prazer do corpo molhado nos braços
E a boca a prometer paixão tamanha.
Que sereia essa a inocular dentro em mim
O anseio lúbrico de tê-la?
E possuir seu corpo todo como estrela
Como eu sendo a noite escura toda dela?
Vê-la assim, em amplidão mulher entregue
Sedenta de paixão minha alma segue
Em luxúria insana e febre intensa
Vem um tropel de delírios estranhos
A me envolver em fogueiras tão mais densas
Não sei nem onde ponho os arreganhos
Da paixão que tal sereia me incensa.
Neste horizonte vem um pensamento louco
Ao ver e sentir-lhe a graça imensa...
Que sereia essa a inocular dentro em mim
O anseio lúbrico de tê-la?..
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 27 de julho de 2010
Como se vindos do nada meus pensamentos voaram sobre o Recife nas noites de solidão e de farra. Trouxeram lembranças de velhos amigos, cheiros de mangues, luzes amarrotadas das avenidas, olhares de mulheres e crianças tristes, e o grito de guerra do meu Sport. O Recife se fez gente. Trouxe até mim as mulheres, amigos de bebedeira, poesia e tudo que pudesse apaziguar a mente que não se cansa de pensar. Assim nasceu a palavra vinda de minha rocha.
terça-feira, 27 de julho de 2010
VERSOS PATÉTICOS
Nos desleixos das noites escrevo os versos patéticos
E seus dramas e suas danças e suas maledicências
Ponho acidez na boca e voo a mundos tétricos
Para amar as escuridões e os medos e as essências
Das mulheres belas e das feias e dos cios estéticos
Gozá-los todos para o tempo e para as consciências
Dos loucos e das loucas a habitar meu eu eclético
Buscando dramatizar minhas novas consequências.
Danço bolero nas mesas dos bares bêbado e feliz
Com as garrafas e seus inebriantes conteúdos
Fumo cigarros e lanço meu desvario ao espaço.
Uma pena que o verso novo esteja surdo e mudo
Trazendo a esta vida o gozo fugaz do teu abraço
Para tentar fazer de mim um diabo triste e infeliz.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 27 de julho de 2010
E seus dramas e suas danças e suas maledicências
Ponho acidez na boca e voo a mundos tétricos
Para amar as escuridões e os medos e as essências
Das mulheres belas e das feias e dos cios estéticos
Gozá-los todos para o tempo e para as consciências
Dos loucos e das loucas a habitar meu eu eclético
Buscando dramatizar minhas novas consequências.
Danço bolero nas mesas dos bares bêbado e feliz
Com as garrafas e seus inebriantes conteúdos
Fumo cigarros e lanço meu desvario ao espaço.
Uma pena que o verso novo esteja surdo e mudo
Trazendo a esta vida o gozo fugaz do teu abraço
Para tentar fazer de mim um diabo triste e infeliz.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 27 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
PROFUNDEZA
Na realidade
Continuo sendo mais profundo eu mesmo
Não gosto de perder tempo
Saber o porquê de Estar?
Saber o porquê de Ir?
Sei lá...
No fundo de mim
Tudo brotou do acaso
Se a chuva molha a terra
Nasce a planta
Se o corpo vai à terra
Dá-se vida
Nada de pensar em Mestre
Isso é algo bizarro
O profundo do Eu é mais eterno
Como um escarro
Vindo da carne.
Na realidade
Não acalento crenças em deuses
Para que perder tempo?
Tenho a mim e ao meu Ser
Maior resposta aos porquês
Sendo, eu sou
Não sendo, eu não sou
Se o sol enxuga a terra molhada
Cresce a planta
Se os olhos ameigam lágrimas amargas
O sonhar da vida
Traz o acaso de todas as amplidões
E sempre o Eu é mais eterno
E a paixão pela vida
Mantém a vida.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 23 de julho de 2010
Continuo sendo mais profundo eu mesmo
Não gosto de perder tempo
Saber o porquê de Estar?
Saber o porquê de Ir?
Sei lá...
No fundo de mim
Tudo brotou do acaso
Se a chuva molha a terra
Nasce a planta
Se o corpo vai à terra
Dá-se vida
Nada de pensar em Mestre
Isso é algo bizarro
O profundo do Eu é mais eterno
Como um escarro
Vindo da carne.
Na realidade
Não acalento crenças em deuses
Para que perder tempo?
Tenho a mim e ao meu Ser
Maior resposta aos porquês
Sendo, eu sou
Não sendo, eu não sou
Se o sol enxuga a terra molhada
Cresce a planta
Se os olhos ameigam lágrimas amargas
O sonhar da vida
Traz o acaso de todas as amplidões
E sempre o Eu é mais eterno
E a paixão pela vida
Mantém a vida.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 23 de julho de 2010
PEQUENA EPOPEIA
Ao despertar da manhã o prisioneiro
Da mais velha saudade e da ideia
Eternamente imortal de caminheiro
Quixote em louvor de Dulcineia
Vai a Caronte o último barqueiro
Viver a Tróia em sua epopeia
E seu passado... Ó, vida de guerreiro!
Não tem vitória para essa odisseia.
(Penso em tudo que possuis em teu amor
Guardado dentro do meu velho inferno
Onde a paixão lado a lado vai com a dor.)
Silêncio, musa! Meu coração não é eterno!
E mesmo assim se preciso muito for
Serei um herói menor e subalterno.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 23 de julho de 2010
IMENSO NADA
Não sabes quem és...
Não sei quem sou...
Como fazer desta vida louca
A ideia se seguir algum caminho?
Quando não sei quem sou?
Quando não sabes quem és?
Como achar os caminhos a seguir
Quando nem nos sabemos Ser?
Onde o meu futuro?
Qual o meu passado?
Temos correntes presas em nossos ares
Onde falsos profetas erguem altares
À onisciência de deuses invisíveis.
Estamos presos às ilusões e aos momentos
E caminhamos a buscar sentimentos
Sem saber quem somos.
Qual nosso passado e donde viemos?
Todos...
Somos cavalgaduras presas nas estrebarias
Cavalgaduras esquálidas e famintas
Por não saber de seus caminhos a seguir.
Todos...
Somos amplidões de um imenso Nada
No mergulho da intenção do acaso
Na bolha atômica
De um buraco negro.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 23 de julho de 2010
Não sei quem sou...
Como fazer desta vida louca
A ideia se seguir algum caminho?
Quando não sei quem sou?
Quando não sabes quem és?
Como achar os caminhos a seguir
Quando nem nos sabemos Ser?
Onde o meu futuro?
Qual o meu passado?
Temos correntes presas em nossos ares
Onde falsos profetas erguem altares
À onisciência de deuses invisíveis.
Estamos presos às ilusões e aos momentos
E caminhamos a buscar sentimentos
Sem saber quem somos.
Qual nosso passado e donde viemos?
Todos...
Somos cavalgaduras presas nas estrebarias
Cavalgaduras esquálidas e famintas
Por não saber de seus caminhos a seguir.
Todos...
Somos amplidões de um imenso Nada
No mergulho da intenção do acaso
Na bolha atômica
De um buraco negro.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 23 de julho de 2010
sábado, 17 de julho de 2010
OLHOS DOS VERSOS
Estranhos versos olhando meu tempo
Parecem possuidores de pupilas
Programados em vozes de paixão
De amor intenso
Estes são teus olhos.
Versos vindos para beijar o corpo
Despido na varanda de teu olhar
Ao debruçar do próximo agosto
O amor de julho
Fará o setembro da nossa noite.
Versos olhando nosso espaço novo
Trazem olhos feminis ao calendário
Todos os meses ser-nos-ão perenes
O amor no ano inteiro
Ver-me-á nos teus olhares.
Escrevo palavras distraidamente
Guardando teu nome no silêncio
Hoje é sábado, dia de paixão
O amor de ontem
Fará o nosso novo domingo.
Estranhos versos olhando meu corpo
Parecem donos de alguns raios-x
Fotografando o vírus da alma
Eis o amor em dissecação
Ao olhar o microscópio
Esses são versos que se beijam
Em nossas bocas mais sedentas
São versos invencíveis
Do amor eternizado
Nos olhos do poeta.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 17 de julho de 2010
Parecem possuidores de pupilas
Programados em vozes de paixão
De amor intenso
Estes são teus olhos.
Versos vindos para beijar o corpo
Despido na varanda de teu olhar
Ao debruçar do próximo agosto
O amor de julho
Fará o setembro da nossa noite.
Versos olhando nosso espaço novo
Trazem olhos feminis ao calendário
Todos os meses ser-nos-ão perenes
O amor no ano inteiro
Ver-me-á nos teus olhares.
Escrevo palavras distraidamente
Guardando teu nome no silêncio
Hoje é sábado, dia de paixão
O amor de ontem
Fará o nosso novo domingo.
Estranhos versos olhando meu corpo
Parecem donos de alguns raios-x
Fotografando o vírus da alma
Eis o amor em dissecação
Ao olhar o microscópio
Esses são versos que se beijam
Em nossas bocas mais sedentas
São versos invencíveis
Do amor eternizado
Nos olhos do poeta.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 17 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010
AMADA CARNE
Sei tua carne morena.
Macia.
Sei de cor tua pele, amada.
Seios redondos
Colinas da vida
Ah, e os lábios
Onde beijos audazes
Beijos de adeus
Beijos molhados
Trunfos só teus.
Sei como és:
Atrevida
Em meio à penumbra
Do quarto
Na cama
Fazendo-se mar
Fazendo-se marco
Feito um poema
Para o meu barco
Em ti, navegar.
Amada
Eu sei como és toda
Alegria
Tristeza
Vida liberta
Felina noturna
Amada
Das noites cruéis
Das noites felizes
Sei quem tu és!
Teu corpo é um porto
Ao eu navegante
Poeta sem rumo
Ao teu belo flanar
Na noite vazia
Estás sentimento
Amada
Meu tempo
É pequeno
Para te poetar.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 16 de julho de 2010
Macia.
Sei de cor tua pele, amada.
Seios redondos
Colinas da vida
Ah, e os lábios
Onde beijos audazes
Beijos de adeus
Beijos molhados
Trunfos só teus.
Sei como és:
Atrevida
Em meio à penumbra
Do quarto
Na cama
Fazendo-se mar
Fazendo-se marco
Feito um poema
Para o meu barco
Em ti, navegar.
Amada
Eu sei como és toda
Alegria
Tristeza
Vida liberta
Felina noturna
Amada
Das noites cruéis
Das noites felizes
Sei quem tu és!
Teu corpo é um porto
Ao eu navegante
Poeta sem rumo
Ao teu belo flanar
Na noite vazia
Estás sentimento
Amada
Meu tempo
É pequeno
Para te poetar.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 16 de julho de 2010
ESTAÇÕES DO AMOR
Hoje ao ver-te nua pousada em minha cama
Toco de leve em tua pele e faço andanças vãs
Rolas para o lado, mas tua carne quente chama
A volúpia do meu sangue soltar os velhos cães.
Não resistes e ao abrir teus anseios e precipícios
Fazes meu corpo mergulhar em total loucura
E nas umidades de todos os teus suaves orifícios
Nosso prazer seminal cria um marco de ternura
Do dia-a-dia cansativo assassino da quimera
Dardejada desde os tempos do primeiro beijo
Quando o amor ainda era sonho de primavera
Ainda mantém-se em riste no friorento inverno
Com a nostalgia dos verões repletos de desejos
E ao outono da vida é o mais novo subalterno
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 16 de julho de 2010
CAMINHADA
Posso ao teu lado caminhar nas ruas da cidade
Pelos estreitos becos sujos e nas largas avenidas
Posso ao teu lado espairecer em todos os bares
Posso ao teu lado lembrar coisas de nossas vidas
Coisas nascidas e vividas em lugares mais remotos
Como nos jardins, nas praças escuras e nas camas
Posso ao teu lado lembrar versos ainda ignotos
Quando eu dizia: Te amo! E inquirias: Tu me amas?
Tanto mesmo eu deseje não mais posso retornar
Aos becos sujos da cidade e aos bares vazios
Tanto eu deseje não posso ver o gosto de amar
Coisas tidas juntos. Sonhos mais que fugidios
E marcados nos lugares mais estranhos da terra
E vividos nos caminhos mais dilacerantes
Tanto eu deseje não posso mais partir à guerra
Daquele amor ao qual nos fizemos tão constantes.
Porém, meus versos vêm e vão e trazem a nostalgia
Como a louca dor imensa a crescer dentro do peito
Nada mais posso ao teu lado. Nem mesmo alegria
Vem de longe ou de perto refazer o imperfeito
Destino de amor tido em conjunto neste mundo
Onde só agora a morte pode colocar ponto final
Espargindo minha dor cantante de poeta vagabundo
Em teus braços, amada, em um derradeiro ritual.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 16 de julho de 2010
Pelos estreitos becos sujos e nas largas avenidas
Posso ao teu lado espairecer em todos os bares
Posso ao teu lado lembrar coisas de nossas vidas
Coisas nascidas e vividas em lugares mais remotos
Como nos jardins, nas praças escuras e nas camas
Posso ao teu lado lembrar versos ainda ignotos
Quando eu dizia: Te amo! E inquirias: Tu me amas?
Tanto mesmo eu deseje não mais posso retornar
Aos becos sujos da cidade e aos bares vazios
Tanto eu deseje não posso ver o gosto de amar
Coisas tidas juntos. Sonhos mais que fugidios
E marcados nos lugares mais estranhos da terra
E vividos nos caminhos mais dilacerantes
Tanto eu deseje não posso mais partir à guerra
Daquele amor ao qual nos fizemos tão constantes.
Porém, meus versos vêm e vão e trazem a nostalgia
Como a louca dor imensa a crescer dentro do peito
Nada mais posso ao teu lado. Nem mesmo alegria
Vem de longe ou de perto refazer o imperfeito
Destino de amor tido em conjunto neste mundo
Onde só agora a morte pode colocar ponto final
Espargindo minha dor cantante de poeta vagabundo
Em teus braços, amada, em um derradeiro ritual.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 16 de julho de 2010
quinta-feira, 15 de julho de 2010
BOÊMIO
No meio da noite o desejo me alimenta:
Mesa de bar, rum, cigarros e cerveja.
A intensidade do anseio só aumenta
E faz o corpo poetar isso que almeja.
Tomar uns goles a olhar ninfas noturnas!
E na fumaça do cigarro ver segredos
Esfumando-se nas solidões soturnas
Dos hipócritas e dos homens tredos.
Copo vazio! Chamo o garçom: - Amigo!
Mais uma dose a minha noite necessita
Antes que o sol possa encerrar esta ilusão.
Bêbado e etéreo renasce meu castigo
Ser puro e casto como esta noite grita:
Amante louco da vida e da paixão!
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 15 de julho de 2010
Mesa de bar, rum, cigarros e cerveja.
A intensidade do anseio só aumenta
E faz o corpo poetar isso que almeja.
Tomar uns goles a olhar ninfas noturnas!
E na fumaça do cigarro ver segredos
Esfumando-se nas solidões soturnas
Dos hipócritas e dos homens tredos.
Copo vazio! Chamo o garçom: - Amigo!
Mais uma dose a minha noite necessita
Antes que o sol possa encerrar esta ilusão.
Bêbado e etéreo renasce meu castigo
Ser puro e casto como esta noite grita:
Amante louco da vida e da paixão!
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 15 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
CANÇÃO EXTREMA
Clara e precisa na minha dor suprema
Angústia d’alma da qual o mundo ri:
Voa no espaço minha canção extrema
Da morte lenta andando a me seguir
Como se fosse meu corpo eterno guia
Culpas carnais a descontrolar aqui:
Ó sonho, ó mulher, ó bela fantasia!
Ainda há paixão para se me embutir.
Fazer na vida a cor em poema seco
Vai a ingrata revolver todo o esterco
Das ações loucas de minha mocidade
Sentindo o peso do adeus angustiante
Vejo o apagar da minha luz constante
Na carne quente de minha humanidade.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 14 de julho de 2010
Angústia d’alma da qual o mundo ri:
Voa no espaço minha canção extrema
Da morte lenta andando a me seguir
Como se fosse meu corpo eterno guia
Culpas carnais a descontrolar aqui:
Ó sonho, ó mulher, ó bela fantasia!
Ainda há paixão para se me embutir.
Fazer na vida a cor em poema seco
Vai a ingrata revolver todo o esterco
Das ações loucas de minha mocidade
Sentindo o peso do adeus angustiante
Vejo o apagar da minha luz constante
Na carne quente de minha humanidade.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 14 de julho de 2010
domingo, 11 de julho de 2010
POEMA DE OUTUBRO
Estou no meu ano sexagenário rumando ao escuro...
Eis as alegorias dos dias claros aqui.
Nas mãos dos meus amados e amadas.
Nos olhos de quem me vê
Sacralizado na loucura do mundo.
Bêbado e louco como devo ser.
Ouço as vozes dos amigos nos bares da vida
Rindo e cantando e espantando a dor invicta.
Nos meus pés de caminheiro
A cidade do Recife acorda
Dentro da noite onde tento pôr-me em pé.
Ergo-me para cantar a imensidade invernal
Onde a vida me trouxe e onde agora estaciono.
É meu aniversário!
Que bom que ainda sou!
Que bom que ainda vivo!
Meu nascer veio no mês decenal do calendário
E o pintor das madonas deu-me seu nome.
Nasci olhando o sol vermelho.
Nasci de alma e corpo estradeiros
Prontos a enfrentar os tormentos dos dias.
Levem-me agora amados e amadas de mim!
Levem-me para qualquer rincão de sonho!
Meu ano sexagenário está como o sol a se pôr.
As portas da cidade abrem-se para mim
E eu escrevo o sonho ou sonhos...
Na luz do cais do porto onde o marco é zero
Do inverno ao verão florescem vôos de gaivotas
E garças brancas olham-me benevolentes no rio.
Para além da divisa de meus amados e amadas
Os relógios marcam o tempo do fim.
Se eu me transfiguro em paisagem torno-me criança
De mãos dadas com quem me trouxe ao mundo.
No futuro outubro meu ser irmanar-se-á à poesia.
Sou um prodígio de tantos genes!
Sou um matiz de eternidade!
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 11 de julho de 2010.
Eis as alegorias dos dias claros aqui.
Nas mãos dos meus amados e amadas.
Nos olhos de quem me vê
Sacralizado na loucura do mundo.
Bêbado e louco como devo ser.
Ouço as vozes dos amigos nos bares da vida
Rindo e cantando e espantando a dor invicta.
Nos meus pés de caminheiro
A cidade do Recife acorda
Dentro da noite onde tento pôr-me em pé.
Ergo-me para cantar a imensidade invernal
Onde a vida me trouxe e onde agora estaciono.
É meu aniversário!
Que bom que ainda sou!
Que bom que ainda vivo!
Meu nascer veio no mês decenal do calendário
E o pintor das madonas deu-me seu nome.
Nasci olhando o sol vermelho.
Nasci de alma e corpo estradeiros
Prontos a enfrentar os tormentos dos dias.
Levem-me agora amados e amadas de mim!
Levem-me para qualquer rincão de sonho!
Meu ano sexagenário está como o sol a se pôr.
As portas da cidade abrem-se para mim
E eu escrevo o sonho ou sonhos...
Na luz do cais do porto onde o marco é zero
Do inverno ao verão florescem vôos de gaivotas
E garças brancas olham-me benevolentes no rio.
Para além da divisa de meus amados e amadas
Os relógios marcam o tempo do fim.
Se eu me transfiguro em paisagem torno-me criança
De mãos dadas com quem me trouxe ao mundo.
No futuro outubro meu ser irmanar-se-á à poesia.
Sou um prodígio de tantos genes!
Sou um matiz de eternidade!
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 11 de julho de 2010.
FÊMEA MUNDANA
A amada do meu tempo mundano está desnuda
Exercendo seu pendor feminil sobre meu corpo.
Perfume de pele envolve meu olfato.
Ela é soberana.
Diz: Eu te amo!
Como sendo abelha e eu sendo flor.
Ela ataca meus nervos puxando o fio de minha vida
Tal e qual a Vênus a prometer mil dádivas.
Serpente ela desliza por sobre meu corpo.
Ela é imperatriz.
Diz: Eu te quero!
Como sendo sede e eu sendo a água.
A amada de mim não busca ver meu coração.
Ela caminha nua sobre todos os meus poros.
Pela umidade dos beijos ela faz território.
Ela é rainha.
Diz: Eu amo assim!
Como sendo chuva e eu sendo terra.
Ela acelera meus nervos para a força da paixão.
E traz rezas de gênese e fim aos meus ouvidos.
Rouba do meu corpo sêmen e sangue.
Ela é mulher.
Diz: Eu sou tua!
Como sendo luz e eu a escuridão.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 11 de julho de 2010.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
VIDA MORTA
Nenhuma ternura para entrar na minha noite vagabunda.
Acendo meu cigarro e encho meu copo com cerveja ou rum.
Aprendo, ainda que tarde, como a vida está falida
E os homens íntegros contados nos dedos das duas mãos.
Nenhuma ternura a penetrar na noite vagabunda.
Os loucos, poetas sim, e eu, tentamos acreditar nas utopias
Tal antigos Quijotes a fantasiar grandes moinhos de vento.
Eu começo a odiar as noites transportadoras das doçuras.
Os homens maus bailam nas bandeiras das pátrias
E assassinam friamente as alegrias da vida esplêndida.
Nenhuma ternura para habitar na minha noite vagabunda.
Fumo os cigarros e sorvo com afinco meu rum e as cervejas.
Imagino, tal John Lennon, um mundo liberto das idéias
Preconcebidas dos homens paramentados e das igrejas
Nenhuma ternura para habitar a minha vagabunda noite.
Aos meus amigos falo de dentro de minha obscuridade:
Não maldigam minhas palavras antes do raiar do sol.
Não podem entrar nessa noite. O medo domina a vida.
Todas as retinas estão cegas para a travessia da luz.
Os homens maus tingem de vermelho as bandeiras das pátrias.
Os sábios, onde esconderam a verossimilhança do tempo?
Suas palavras não mais possuem centelhas do Nietzsche.
Habitam casas de ouro e prata com os homens da mídia
E escrevem filosofias baratas para comprar almas humildes.
Não temem nada com seus cofres enchendo-se de ouro.
Nenhuma ternura habita dentro de minha noite vagabunda.
Preciso de mais cervejas e de mais fumaças de cigarros.
Os cérebros dos humanos foram acorrentados com a dádiva
De paraísos fantásticos e de salvações através da morte.
As alegrias da vida mais esplêndida foram assassinadas.
Vida inverossímil.
Vida sem ternura.
Vida enrodilhada no medo.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 9 de julho de 2010.
Acendo meu cigarro e encho meu copo com cerveja ou rum.
Aprendo, ainda que tarde, como a vida está falida
E os homens íntegros contados nos dedos das duas mãos.
Nenhuma ternura a penetrar na noite vagabunda.
Os loucos, poetas sim, e eu, tentamos acreditar nas utopias
Tal antigos Quijotes a fantasiar grandes moinhos de vento.
Eu começo a odiar as noites transportadoras das doçuras.
Os homens maus bailam nas bandeiras das pátrias
E assassinam friamente as alegrias da vida esplêndida.
Nenhuma ternura para habitar na minha noite vagabunda.
Fumo os cigarros e sorvo com afinco meu rum e as cervejas.
Imagino, tal John Lennon, um mundo liberto das idéias
Preconcebidas dos homens paramentados e das igrejas
Nenhuma ternura para habitar a minha vagabunda noite.
Aos meus amigos falo de dentro de minha obscuridade:
Não maldigam minhas palavras antes do raiar do sol.
Não podem entrar nessa noite. O medo domina a vida.
Todas as retinas estão cegas para a travessia da luz.
Os homens maus tingem de vermelho as bandeiras das pátrias.
Os sábios, onde esconderam a verossimilhança do tempo?
Suas palavras não mais possuem centelhas do Nietzsche.
Habitam casas de ouro e prata com os homens da mídia
E escrevem filosofias baratas para comprar almas humildes.
Não temem nada com seus cofres enchendo-se de ouro.
Nenhuma ternura habita dentro de minha noite vagabunda.
Preciso de mais cervejas e de mais fumaças de cigarros.
Os cérebros dos humanos foram acorrentados com a dádiva
De paraísos fantásticos e de salvações através da morte.
As alegrias da vida mais esplêndida foram assassinadas.
Vida inverossímil.
Vida sem ternura.
Vida enrodilhada no medo.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 9 de julho de 2010.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
COLÓQUIOS
Sou aquele a iludir o reino das palavras no meu tédio.
De olhar os ponteiros do relógio no deslize vagaroso.
Trago em mim o pretexto de dizer versos amargos
E semear poentes e albores como sendo poderoso.
Estou preso aos selvagens espinhos de minha carne
Prenhe de anseios tal um pedinte de porta em porta.
E vôo como um pássaro: asas abertas em incógnitas
E canto quase sem querer minha natureza morta.
Minhas rugas mostram o tempo meio assim mutável
Onde passei anos e anos a semear palavras vãs.
Meu corpo adentra na corrosão do novo tempo
Na tentativa louca de alcançar carnes irmãs.
Sou o poeta a iludir o oceano e o navio da vida
Erodido pelo tempo e a olhar para todos os relógios.
Esfarela-se minha pedra em poeira nos caminhos
E não paro de fazer comigo estes estranhos colóquios.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 8 de julho de 2010.
De olhar os ponteiros do relógio no deslize vagaroso.
Trago em mim o pretexto de dizer versos amargos
E semear poentes e albores como sendo poderoso.
Estou preso aos selvagens espinhos de minha carne
Prenhe de anseios tal um pedinte de porta em porta.
E vôo como um pássaro: asas abertas em incógnitas
E canto quase sem querer minha natureza morta.
Minhas rugas mostram o tempo meio assim mutável
Onde passei anos e anos a semear palavras vãs.
Meu corpo adentra na corrosão do novo tempo
Na tentativa louca de alcançar carnes irmãs.
Sou o poeta a iludir o oceano e o navio da vida
Erodido pelo tempo e a olhar para todos os relógios.
Esfarela-se minha pedra em poeira nos caminhos
E não paro de fazer comigo estes estranhos colóquios.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 8 de julho de 2010.
domingo, 4 de julho de 2010
DESAMPARO
Lembro o dia em que galguei a montanha da vida
Tentando esculturar a paixão adormecida em mim.
Rostos e corpos desfaziam-se em plena poesia
E meu grito de raiva ecoava de tal modo maciço
Trazendo a dor de ser humano sem alegria
Eu estava sem guarida...
Meus ouvidos surdos escutaram vozes invisíveis
E adormeci nas ruas de meu exílio particular.
Mulheres e homens zombaram daquilo que eu era
E resolvi tornar mais surda minha vida.
Mas não derramei lágrimas em vão no mundo
Busquei renascer nas profundezas de mim.
Escrevi versos como quem parte para sempre
E ressuscitei meus anseios de criança travessa.
Nos braços da mulher amada fugi do exílio
E achei amigos nos quais nunca pensava muito.
Esculturei a paixão mais que embevecida
E consegui da alegria um sorriso fortuito.
Hoje ainda continuo exilado no país dos versos.
Mas ao menos tenho quem apare os meus gritos
Ainda que exilado mantenha o corpo vivo
E dores de amor permaneçam a voejar em mim.
Escrevo e crio palavras sempre definitivas
Eu ainda estou meio sem guarida....
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 4 de julho de 2010.
Tentando esculturar a paixão adormecida em mim.
Rostos e corpos desfaziam-se em plena poesia
E meu grito de raiva ecoava de tal modo maciço
Trazendo a dor de ser humano sem alegria
Eu estava sem guarida...
Meus ouvidos surdos escutaram vozes invisíveis
E adormeci nas ruas de meu exílio particular.
Mulheres e homens zombaram daquilo que eu era
E resolvi tornar mais surda minha vida.
Mas não derramei lágrimas em vão no mundo
Busquei renascer nas profundezas de mim.
Escrevi versos como quem parte para sempre
E ressuscitei meus anseios de criança travessa.
Nos braços da mulher amada fugi do exílio
E achei amigos nos quais nunca pensava muito.
Esculturei a paixão mais que embevecida
E consegui da alegria um sorriso fortuito.
Hoje ainda continuo exilado no país dos versos.
Mas ao menos tenho quem apare os meus gritos
Ainda que exilado mantenha o corpo vivo
E dores de amor permaneçam a voejar em mim.
Escrevo e crio palavras sempre definitivas
Eu ainda estou meio sem guarida....
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 4 de julho de 2010.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
SINAIS
Se algum deus por acaso aqui exista
Envie sinais para o nosso desalento.
Traga ações. Interaja à nossa vista.
Mostre-se real. Mostre-se atento.
Fé é ignorância por mais que persista
Insistir manter o invisível em confiança.
Como será acreditar numa etérea pista
Nunca mostrando onde seu fim alcança?
Se algum deus por vontade própria sua
Sair do armário e mostrar a força nua
Interagindo com toda humanidade
Péssima idéia é seguir um fixo rumo.
O homem crendo em deus eu cá presumo
É um ser perdido na imbecilidade.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 2 de julho de 2010.
Envie sinais para o nosso desalento.
Traga ações. Interaja à nossa vista.
Mostre-se real. Mostre-se atento.
Fé é ignorância por mais que persista
Insistir manter o invisível em confiança.
Como será acreditar numa etérea pista
Nunca mostrando onde seu fim alcança?
Se algum deus por vontade própria sua
Sair do armário e mostrar a força nua
Interagindo com toda humanidade
Péssima idéia é seguir um fixo rumo.
O homem crendo em deus eu cá presumo
É um ser perdido na imbecilidade.
© Copyright by Rafael Rocha Neto, Recife, 2 de julho de 2010.
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